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VGNJUR Segunda-feira, 18 de Julho de 2022, 15:05 - A | A

Segunda-feira, 18 de Julho de 2022, 15h:05 - A | A

em audiência

Testemunha revela que Ledur afogou três alunos em treinamento: “Pelo amor de Deus, pare, eu vou morrer”

MP cita Ledur submeteu aluno de curso a sessões de tortura que só pararam após vítima perder a consciência

Lucione Nazareth/VGN

 A tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps teria afogado outros três alunos no treinamento de salvamento aquático do 15º Curso de Formação de Soldado do Corpo de Bombeiros realizado na Lagoa Trevisan em Cuiabá. A informação foi revelada por uma testemunha durante audiência de instrução nesta segunda-feira (18.07) por meio de videoconferência.

Izadora Ledur responde por Ação Militar pelo crime de tortura contra o aluno Maurício Júnior dos Santos nas aulas da disciplina de salvamento do curso de formação. O processo tramita na 11ª Vara Especializada da Justiça Militar.

Leia Mais - Tenente Izadora Ledur vira réu por supostamente torturar aluno durante treinamento

Em depoimento nesta segunda (18), a soldada do Corpo de Bombeiros, Camila de Souza Trevisol, narrou que também sofreu afogamento no mesmo dia de Maurício Júnior, juntamente com outro terceiro aluno. Ela negou desconhecer que Maurício tinha problema médico, e que no dia fato, ele gritou muito. “Pelo amor de Deus eu vou morrer. Ele gritava muito”, contou.

Conforme Trevisol, na sua opinião uma instrução da corporação todos devem participar por igual, sem qualquer extinção, e que a partir do momento em que apenas um determinado grupo participa, como no caso da sessão de afogamento supostamente cometido por Izadora Ledur contra três alunos, se torna excesso.

“Se fosse ato normal tinha feito com os 50 alunos e não apenas eu e outros alunos. (...) A partir do momento que não é feito com todos, então existe excesso. Como eu sou bombeira e passei por isso, acredito que deveria ter feito com demais alunos”, relatou, contando que vomitou após passar pelo treinamento sem sofrer quaisquer outros efeitos clínicos da sessão de afogamento.

A bombeira revelou que se sentiu perseguida por Ledur porque na época a tenente pediu para ela trocar de short e usar um modelo masculino pelo fato dela ter “bunda grande” e estar chamando “muita atenção”.  

O soldado Larsson Silva afirmou que Maurício teve dificuldades com exercícios de instruções na água, e que antes ele sempre ficava apreensivo. Ele contou que após o treinamento avistou o colega saindo da água, mas com bastante dificuldade.

Silva relatou que na época em outra instrução Maurício disse que tinha que se desligar do curso de formação por problemas de saúde, no entanto, não se recordou qual seria o suposto problema. O soldado contou que Maurício chegou a relatar suposta perseguição por parte de Ledur.

“A única coisa que fugiu do padrão foram os caldos durante o treinamento, mas fora isso acredito que foi tudo dentro do padrão”, disse o soldado.

O soldado Luiz Henrique Falaschi falou que estava de canga de Maurício Júnior, e que no dia do treinamento Izadora Ledur teria iniciado sessão de caldo em Júnior, e que na ocasião a vítima pediu ajuda falando que iria morrer. Segundo ele, após isso a tenente “jogou” Júnior em sua direção falando: “Se vira com ele, o Maurício é mais alto que eu, então dizia: pelo amor de Deus, reage, nada. Maurício você está me afogando. Ele só sabia chamar a mãe, não falava nada com nada”.

Falaschi contou que após isso, ele foi levado a beira da lagoa e que o mesmo relatou que estava com muita dor de cabeça e dizendo a todo momento que iria morrer. “Depois eu vi a sessão de afogamento da Trevisol”.

O soldado declarou que ficou sabendo do problema de saúde posteriormente ao treinamento. 

Atulizado às 16h13 - Luiz Henrique Falaschi revelou que Maurício somente foi afogado por Ledur porque pegou a bóia ecológica no meio do trajeto do treinamento. “Ela tinha dito que ninguém deveria pegar bóia ecológica. Como Maurício pegou a boia, ela fez a sessão de afogamento com ele. (...) Eu acho que foi proposital por causa disso”.  

Ainda segundo ele, dos três alunos afogados naquele dia apenas Camila Trevisol que não teve dificuldade na travessia, mas mesmo assim passou pelas sessões de caldos realizados por Izadora Ledur.

O soldado do Corpo de Bombeiros, Ewerton Camargo Benites, narrou que na época Maurício foi levado por ele, em carro particular para unidade de saúde, não sendo disponibilizado nenhum veículo oficial ou ambulância para levar o aluno, assim como não foi permitido utilização de uniforme do treinamento para que eles se identificassem.

“Na época, o Maurício parece que se apoiou no barco, ela não queria que se apoiasse. Aí a Ledur chegou perto, parecesse que ele encostou nela, e a mesma não teria gostado. Ela passou a corda no pescoço dele, apoiou na boia de salvamento e começou a afogá-lo. Ela só parou quando o tenente Teodoro chegou e interviu”, relatou.

Benites disse que não considerou os caldos como treinamento pelo fato de Júnior não ter tido como se defender, assim contou suposta perseguição do tenente com o aluno. O soldado disse que todos os alunos tinham dificuldade no início do curso, mas que no transcorrer Maurício se dedicou tendo uma nota de 8,0 acima da média no salvamento água.

Ainda segundo ele, se não houvesse excesso no treinamento Maurício estaria na corporação do Corpo de Bombeiros. “Esse tipo de treinamento não vi nem mesmo na época quando servi o Exército”.

O soldado do Corpo de Bombeiros, Willian da Silva Candioto, relatou que estava “baixado” (por ter machucado o joelho) esperando a instrução terminar e avistou quando dois militares chegaram com Maurício Júnior desorientado, e em seguida o encaminharam a unidade de saúde. Ele disse que não participou do treinamento, então não presenciou os caldos, e que ficou sabendo tudo por relatos do colega do treinamento.

Candioto contou que Maurício teve muita dificuldade nas atividades na água, e que por isso ele teve uma “cobrança maior”. Ele negou conhecer o problema de saúde da vítima, e que ao chegar na unidade de saúde acabou descobrindo que ele estava com pressão alta, mas negou desconhecer se foi passado algum medicamento ao aluno.

Ele revelou que no dia do treinamento Izadora Ledur perguntou a todos os alunos se tinha alguém impossibilidade de fazer a atividade naquele dia, e que apenas ele (Candioto) e outros dois alunos teriam se manifestado. “Se fosse um caldo de instrução para desvencilhar da vítima e fazer o salvamento concordo que ajudarei. Mas, caldo de maldade acredito que não acrescenta”, relatou. 

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