Interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal mostram que o desembargador Sebastião de Moraes Filho, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT), teria condicionado uma decisão judicial ao favorecimento de seu filho, Mauro Thadeu Prado de Moraes. A investigação aponta relações próximas com o advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, e detalha diálogos que sugerem favorecimentos em processos judiciais e pagamentos de vantagens indevidas, incluindo possíveis benefícios a familiares do magistrado.
Em um diálogo de 11 de setembro de 2023, Zampieri menciona que o desembargador Sebastião teria pedido "vista" em um processo e que "contrataram o filho dele". No dia seguinte, em conversa com o empresário Valdoir Slapak, Zampieri afirmou que “tive que acomodar o filho dele” para resolver o caso de José Pupin, cliente em um processo judicial relacionado ao pagamento de R$ 12 milhões.
Em outra conversa, de 13 de setembro de 2023, Zampieri disse a um contato que "o do Pupin vamos ter que acertar as honrarias do filho dele". A Polícia Federal afirma que o filho do desembargador, advogado Mauro Thadeu Prado de Moraes, teria recebido um contrato vantajoso como compensação.
Imagem de barras de ouro
As investigações também apontam que, em 24 de novembro de 2023, Zampieri enviou ao desembargador uma imagem de barras de ouro de 400 gramas.
Além disso, em 20 de setembro do mesmo ano, um comprovante bancário de R$ 10 mil foi encontrado nos registros, correspondendo a um pagamento relacionado a uma "sobrinha" mencionada em diálogos. A Polícia Federal sugere que as transferências podem estar ligadas a favorecimentos em decisões judiciais.
Um diálogo registrado em 2 de outubro de 2023 evidencia o tom íntimo entre Zampieri e o desembargador. O advogado solicitou auxílio em um caso e reiterou a necessidade de ajuda, ao que Sebastião respondeu que analisaria a situação.
Envolvimento de assessores e menções a propinas
As conversas também indicam a participação de assessores do desembargador, como Rodrigo Vechiato da Silveira e Rafael Macedo Martins. Rodrigo, identificado como "assessor do desembargador Sebastião", teria intermediado julgamentos, orientado Zampieri a apresentar recursos e mencionado a divisão de valores atribuídos como propina.
Em uma troca de mensagens, Rodrigo disse: “60 chefe – 20 menino – 42 imposto. Sobra 127 pra gente”. Zampieri respondeu: “Essa vou fazer por você pela amizade”.
As evidências levantadas pela Polícia Federal, que incluem trocas de mensagens, comprovantes bancários e menções a vantagens econômicas, reforçam as suspeitas de que Sebastião de Moraes Filho teria utilizado sua posição no TJMT para beneficiar clientes de Roberto Zampieri e assegurar ganhos financeiros para si e seus familiares.
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