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VIDA PREGRESSA

Acusado de negociar sentenças no STJ intermediou envio de cocaína com assessor de deputado, diz PF

Apesar da acusação da PF, Andreson foi asbolvido pela Justiça Federal em 2018

Lázaro Thor & Rojane Marta/VGN

O lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como um dos responsáveis pela "venda de sentenças" nos tribunais superiores, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF), possui um histórico de suspeitas de crimes que incluem o tráfico de drogas na fronteira do Brasil com a Bolívia. Andreson foi alvo de uma operação da Polícia Federal em 2011.

Treze anos depois, na manhã desta terça-feira (26.11), Andreson foi preso pela PF na Operação Sisamnes. Ele é acusado de atuar como articulador na venda de sentenças em um esquema que supostamente alcança o Supremo Tribunal Federal (STF). O esquema foi descoberto após a morte do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, e a apreensão de seu aparelho celular, que continha informações sobre negociações obscuras envolvendo o Judiciário brasileiro. Andreson já havia sido alvo da Operação Fim, deflagrada pela PF em 2011.

Leia mais sobre o assunto: Quem é Andreson de Oliveira Gonçalves? De falso policial a suspeito de envolvimento na venda de sentenças

De acordo com documentos das investigações obtidos pela reportagem do , Andreson teria viajado a Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, retornando ao Brasil em 11 de abril de 2011, para intermediar o envio de drogas. Na ocasião, a polícia apreendeu 296 kg de cocaína na caçamba de um Fiat Strada no município de São Simão, no Estado de São Paulo. O veículo estava em posse do assessor parlamentar Adriano Rodrigues Fim.

A apreensão ocorreu em 13 de abril daquele ano. No momento da prisão, Adriano Fim apresentou uma carteira funcional como assessor parlamentar do deputado federal Dennys Haddad Serrano. Segundo as investigações da PF, além da viagem à Bolívia antes da apreensão, Andreson e Adriano mantinham contato telefônico constante.  

VG Notícias

Andreson telefone

 

"No 16/04/11 o advogado CAIO contata ANDRESON e menciona que ADRIANO RODRIGUES FIM solicitou que fosse apagada a mensagem enviada via telefone blackberry para o aparelho de ANDRESON (código 1018860), o que é um forte indícios de que estes estavam associados na carga de cocaína que foi apreendido com o primeiro", diz trecho de um relatório da PF.

Leia mais sobre o assunto: Caso Zampieri: Coaf aponta suspeitas de corrupção em decisões envolvendo ministro do STJ

"Posteriormente, foram captadas diversas conversas pelo Núcleo de Inteligência as quais reforçam o íntimo relacionamento entre ADRIANO RODRIGUES FIM com ANDRESON DE OLIVEIRA GONÇALVES", diz outro trecho do relatório de investigação da PF. "O maior indício do envolvimento de ANTONIO e ANDRESON no episódio que resultou na prisão de ADRIANO RODRIGUES é o intenso número de ligações telefônicas realizadas entre os três", diz outro trecho do relatório da PF.

Segundo a PF, o esquema era liderado por Antônio Rodrigues Filho, um fazendeiro com propriedades na região de fronteira com a Bolívia, em Mato Grosso. Após a operação, Andreson teria cortado relações com o fazendeiro.

Ligações com deputados federais e com o judiciário

Ainda de acordo com a Polícia Federal (PF), a carteira de assessor parlamentar apresentada por Adriano Rodrigues Fim teria sido obtida por intermédio de Andreson. As interceptações telefônicas indicaram que o lobista facilitou a obtenção da carteira da Ordem dos Parlamentares do Brasil (OPB), uma instituição da qual era membro e que, segundo Andreson, foi fundada por Ulysses Guimarães

Alvo de busca e apreensão, bem como de bloqueio de bens no valor de R$ 10 milhões, Andreson mantinha bom trânsito em Brasília desde aquela época, evidenciando sua influência tanto no Judiciário quanto no Legislativo.

Em depoimento prestado no processo, o lobista afirmou que era acionado por deputados, por meio da OPB, para "acompanhar" processos nos tribunais superiores. Andreson também declarou que Adriano Rodrigues Fim, suspeito preso com a cocaína, o procurava sempre que surgiam tais processos.

Leia mais sobre o assunto: Dados do celular de advogado assassinado apontam para venda de sentenças no STJ

"Então ele me ligava, às vezes a mando do deputado, porque alguns associados que respondiam' processos ou alguma coisa assim, que ia para o STJ ou pra o TRF I, ele me indicava pra mim acompanhar isso. Eu fazia um acompanhamento...", afirmou Andreson.

Absolvido pela Justiça Federal

No dia 23 de novembro de 2018, a juíza Tainara Marques Leal concluiu que os indícios apresentados pela Polícia Federal (PF) não eram suficientes para condenar Andresson e decidiu absolvê-lo das acusações.

"Em acréscimo, forçoso reconhecer que, diante da proximidade de datas entre a viagem de Andresson à Bolívia e a apreensão das drogas, já em São Paulo, não há possibilidade de conexão entre os dois eventos, porquanto impossível, no prazo de dois dias, ter havido o desembaraço da cocaína junto aos fornecedores bolivianos, a internalização e o transporte até a região Sudeste do Brasil", afirmou a magistrada.

A juíza também destacou que o próprio deputado federal teria ficado "estarrecido" com a prisão de Adriano, considerando que este havia sido indicado por terceiros para integrar a Ordem dos Parlamentares do Brasil (OPB) como pessoa idônea.

"Em face de todo o exposto, com fundamento no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, julgo improcedente a pretensão punitiva estatal e ABSOLVO o acusado ANDRESON DE OLIVEIRA GONÇALVES", afirmou a juíza.

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