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VGNJUR Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2022, 16:00 - A | A

Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2022, 16h:00 - A | A

Ação Penal

Tenente Izadora Ledur é denunciada por crime de tortura; vítima teria implorado por sua vida

MP cita Ledur submeteu aluno de curso a sessões de tortura que só pararam após vítima perder a consciência

Lucione Nazareth/VGN

O Ministério Público Estadual (MPE) denunciou a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur de Souza Dechamps, pelo crime de tortura contra outro aluno que participou do mesmo treinamento de Rodrigo Claro, em novembro de 2016, em Cuiabá. Rodrigo Claro na oportunidade acabou falecendo.

De acordo com a denúncia, protocolada pelo promotor de justiça, Paulo Henrique Amaral Motta, a suposta tortura teria sido cometida contra o aluno Maurício Júnior dos Santos nas aulas da disciplina de salvamento aquático do 15º Curso de Formação de Soldado do Corpo de Bombeiros realizado na Lagoa Trevisan.

Consta dos autos, que apesar de apresentar bom condicionamento físico, bem como ter sido aprovado em todas as fases do concurso para compor o quadro de servidores do Corpo de Bombeiros, incluindo a etapa TAF (teste de aptidão física), Maurício demonstrou dificuldades na execução das atividades aquáticas, o que era visível a todos os alunos e instrutores.

“Por conta disso, depreende-se do feito, que a vítima já se encontrava pressionada e temerosa, vez que a imputada 1º Tem BM Izadora Ledur de Souza Dechamps era conhecida por utilizar métodos reprováveis para castigar alguns alunos que estavam sob sua guarda”, diz trecho da denúncia.

O promotor afirma que no dia do treinamento após percorrer cerca de 40 metros, a vítima começou a sentir câimbras, sendo auxiliada por outros alunos, tendo inclusive recebido uma boia ecológica. Porém, ao chegar o meio do percurso, Izadora Ledur determinou que os demais alunos seguissem com a travessia, deixando o Maurício para trás.

“A partir daí, como forma de aplicar castigo pessoal, a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da boia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes. Ato contínuo, após alguns caldos, o ofendido já sem forças para emergir e respirar, depois de ter engolido muita água e gritado por socorro, veio a segurar os braços da imputada 1º Tem BM Izadora Ledur de Souza Dechamps, implorando para que ela cessasse a atividade”, diz outros trechos da denúncia.

Ainda, segundo a ação, a sessão de afogamento só foi interrompida quando a vítima perdeu a consciência. Posteriormente, ainda tentando se recuperar nas margens da lagoa, o aluno escutou Ledur chama-lo aos gritos para retornar ao treinamento.

“Em seguida, por sentir fortes dores de cabeça, temendo por sua vida, a vítima não retornou às atividades aquáticas, sendo que, segundo seu próprio relato, se retornasse à atividade com a Tem Ledur, a mesma tornaria a repetir a mesma conduta, ou seja, os afogamentos, até mesmo de uma forma mais intensa. Momentos depois, o ofendido desmaiou novamente, sendo necessário seu encaminhamento à Policlínica do Coxipó, nesta urbe”, sic ação.

Ao final, o promotor Paulo Henrique Amaral, pede a condenação da Izadora Ledur pelo crime de tortura; e ainda, tendo em vista que os fatos em tese, caracterizam atos de improbidade administrativa, requer a extração de cópias integrais dos presentes autos e posterior remessa ao Núcleo das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa de Cuiabá, para conhecimento e, sendo o caso, providências.

Importante destacar que em setembro de 2021, Ledur foi condenada a cumprir um ano de prisão, em regime aberto, pelo crime de maus-tratos contra o aluno Rodrigo Claro.

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