Gisele Aparecida de Barros, mais conhecida como Gisa Barros, é uma vereadora atuante em Várzea Grande, destacando-se como uma das poucas representantes femininas na Câmara dos Vereadores. Com formação em Direito e pós-graduação em Gestão Pública, Gisa tem se dedicado a políticas públicas voltadas para as meninas e mulheres da cidade.
Sua trajetória política teve início em 2016, quando foi eleita pela primeira vez, ocupando o cargo de primeira-secretária da Mesa Diretora da Câmara. Durante seu mandato, Gisa também presidiu as Comissões de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) e dos Direitos da Mulher, além de desempenhar o papel de vice-presidente na Comissão de Ética e ser uma participante ativa da Frente Parlamentar do Comércio.
Em 2020, Gisa Barros conquistou a reeleição e, atualmente, ocupa o cargo de segunda-secretária da Mesa Diretora, além de presidir a Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ).
Em entrevista exclusiva concedida ao , Gisa compartilhou informações sobre sua atuação na Câmara dos Vereadores e suas metas para o futuro. Ela destacou seus projetos voltados para garantir assistência às meninas e mulheres de Várzea Grande. Além disso, Gisa Barros mencionou sua luta contínua para transformar o atendimento da Delegacia da Mulher da cidade em um serviço disponível 24 horas por dia.
VGN – Como vereadora do segundo maior município de Mato Grosso, quais são os principais objetivos e metas que a senhora tem em mente para garantir assistência e apoio às meninas e mulheres de Várzea Grande?
Gisa Barros: Como vereadora, já apresentei diversos de projetos de leis, entre eles, um que trabalha a Lei Maria da Penha como disciplina curricular nas escolas, as formas de violência dentro do nosso município. Também busco a implantação efetiva de uma Delegacia da Mulher funcionando 24 horas por dia, cobro toda semana na tribuna. Inclusive, pedi uma audiência pública junto à Assembleia Legislativa de Mato Grosso, já fui atrás do delegado regional para saber se ao menos foi feito uma sala de apoio 24 horas em uma delegacia de plantão. Essas são ações enquanto vereadora que eu já fiz dentro do município, e continuo a cobrar do Governo Estadual.
VGN – O projeto de lei que inclui o estudo da Lei Maria da Penha nas disciplinas curriculares das escolas públicas do município foi uma iniciativa notável no ano passado. Na sua opinião, como essas políticas públicas podem impactar positivamente a vida das mulheres e meninas em Várzea Grande?
Gisa Barros: Essa lei de minha autoria torna a Lei Maria da Penha como disciplina obrigatória. O objetivo é trabalhar a lei com crianças e adolescentes para que eles não sejam futuros agressores, e também para conscientizar os filhos de mulheres vítimas de violência. Ensinar que agressões verbais, por exemplo, não são normais dentro do ambiente familiar, e que outros tipos de violência também não sejam normalizadas. Temos que trabalhar isso a médio e longo prazo com nossas crianças e adolescentes.
VGN – Como vereadora, qual é a sua avaliação da atuação do Governo municipal e estadual em relação à criação e implementação de políticas que visam proteger e oferecer apoio às mulheres em Várzea Grande?
Gisa Barros: Dentro do município, temos o programa Ser Reflexivo, que trabalham com homens que cometem violência contra a mulher. Temos a Patrulha Maria da Penha, que é uma parceria entre a Polícia Militar e a nossa Guarda Municipal. Há um tempo, eu procurei o subcomandante da Guarda para que, com a Secretaria de Assistência Social, fosse feito aulas de autodefesa, e inclusive foi implantado e já está sendo ministrado. Temos o Gabinete de Apoio às Ações Transformadoras (GAAT), que também, através da Secretaria de Assistência, estão oferecendo cursos profissionalizantes para mulheres, principalmente para elas não serem dependentes financeiramente dos seus próprios agressores. No âmbito estadual, vejo que tem o Ser Família e a Delegacia da Mulher em Cuiabá, mas de restante, não vejo muita atuação.
VGN – Observa-se uma desigualdade de gênero na política, com a maioria dos cargos sendo ocupados por homens. Como uma das poucas vereadoras em Várzea Grande, a senhora acredita que essa falta de representatividade feminina afeta negativamente o desenvolvimento de políticas públicas que beneficiam as mulheres?
Gisa Barros: Com toda certeza! Veja você, Várzea Grande elegeu mais mulheres do que a própria Capital, e vemos notoriamente que vem sendo apresentado projetos voltados para o gênero feminino, principalmente, para a defesa e combate da violência, porque há mulheres na liderança. Eu, como presidente da CCJ, recebo alguns projetos voltado para as mulheres, mas com muitos vícios, e posso fazer intervenções para ajudar o vereador e conseguir melhorar o projeto, para dar assistência as mulheres. Se fosse um homem como presidente, não teria esse olhar. Quanto mais mulheres ocupando cargo de poder, tanto no Legislativo, Executivo, ou Judiciário, mais políticas eficientes para empoderamentos existirão. Precisamos sim de mais mulheres que queiram ocupar cargo e participar de verdade.
VGN – A busca por tornar a Delegacia da Mulher de Várzea Grande operando 24 horas é uma luta importante, mas enfrenta obstáculos no âmbito estadual. Como a senhora enxerga a falta de comprometimento das autoridades com essa questão e sua relação com os altos índices de violência contra a mulher em Mato Grosso?
Gisa Barros: Estou imbuída em busca da delegacia funcionando, de fato, 24 horas aqui no município. Apesar do nosso município ter a delegacia, nós não a temos funcionando 24 horas por dia, apenas em horário comercial. O que vai totalmente contra a realidade, pois vemos que as agressões acontecem no horário noturno, e principalmente, aos finais de semana. É um horário onde o homem geralmente vai para casa, passa em um bar, ingere bebida, ou sabe que a mulher já está em casa. Mandei um ofício para a Assembleia Legislativa, em busca de uma audiência pública através dos deputados, e também do governador, porque eu vejo que é realmente necessário que essa delegacia funcione 24 horas. Muitas vezes, a mulher até desiste de fazer a denúncia devido à delegacia não estar disponível dependendo do horário. As condições de atendimento precisam melhorar para que a denúncia seja mais fácil.
VGN – Sabemos que a primeira-dama, Kika Dorileo Baracat, tem um envolvimento ativo em questões sociais, especialmente aquelas relacionadas às mulheres. Existe algum plano ou colaboração entre a senhora e a primeira-dama para viabilizar a operação 24 horas da Delegacia da Mulher em Várzea Grande? Como a parceria entre ambas pode contribuir para essa causa?
Gisa Barros: Até o momento, essa parceria não existe. A Kika já participou de algumas palestras, reuniões, audiências, inclusive, no fórum onde foi debatido esse assunto. Ela se colocou à disposição para estar ajudando, mas ainda não houve essa conversa, de fato, para formalizar essa parceria.
VGN – Além das iniciativas já mencionadas, quais outras ações ou projetos a Sra. Gisa Barros planeja desenvolver, ou apoiar durante seu mandato para promover a igualdade de gênero e melhorar a qualidade de vida das mulheres em Várzea Grande?
Gisa Barros: Alguns projetos não podem ser apresentados pois causam despesas para o município, por serem inconstitucional. Por isso, agora estou fazendo indicações, porque não é só de projeto que vive o vereador. Então, essa foi a forma que encontrei para contribuir, por exemplo, para fazer uma política efetiva voltada para combater a violência, e foi por meio de indicação. Também falo muito em qualificação das mulheres vítimas de violência, e isso, o município vem fazendo há algum tempo. E assim, eu contribuo com a fiscalização, se está sendo feito ou não, tenho visto, ido in loco, e observando o executar desse projeto pelo Poder Executivo.
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