02 de Março de 2025
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Entrevista da Semana Sábado, 01 de Março de 2025, 15:00 - A | A

Sábado, 01 de Março de 2025, 15h:00 - A | A

entrevista da semana

Idealizadora de projeto acredita que o título de "cidade verde" depende de implementação do Plano Diretor de Arborização

Silvia Mara Silva de Arruda Martins, contou que movimento surgiu na pandemia

Arielly Barth/VGN

A advogada e idealizadora da Associação Cuiabá Mais Verde, Silvia Mara Silva de Arruda Martins, que iniciou o movimento para conquistar o título de "Cidade Verde", destacou que para isso é necessária a execução do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a Prefeitura de Cuiabá e o Ministério Público de Mato Grosso em 2022. Ela destacou que o cumprimento do Plano Diretor de Arborização da cidade é um passo fundamental para alcançar esse objetivo. "A crise climática é uma realidade", frisou a ativista.

Em entrevista ao , Silvia explicou que o projeto surgiu em 2020, durante a pandemia, quando transitava pela Avenida Helder Cândia e percebeu a falta de arborização urbana. Esse olhar atento a um problema local levou a uma postagem no Facebook, que rapidamente obteve grande adesão da população. No entanto, ela ressalta que a atuação de ativistas e cidadãos empenhados em mitigar os danos da crise climática é ineficaz sem o apoio das esferas federal, estadual e municipal.

VGN - Como surgiu a inquietação como a falta de arborização urbana?

Silvia - O projeto começou em setembro de 2020 através de uma publicação no Facebook, onde eu estava passando pela Avenida Helder Cândia e perguntei por que Cuiabá não era mais verde. Estávamos em pandemia, e os contatos eram todos online, começamos a questionar e teve uma visibilidade enorme. Foi decidido criar um grupo de WhatsApp com pessoas interessadas em participar.

VGN - Qual foi a primeira iniciativa tomada por vocês?

Silvia - O nosso projeto piloto foi a Avenida Helder Cândia, plantamos árvores nativas com ajuda de engenheiros florestais, biólogos e arquitetos. Escolhemos a avenida porque foi com ela que fiz a publicação e segundo porque no projeto é uma avenida que deveria estar totalmente arborizada.

VGN - Como foi a experiência do plantio, ela deu certo?

Silvia - Nós começamos plantar, plantamos 80 mudas em 2020. Vimos a dificuldade de manter o que a gente fez através de doações. Não houve apoio das empresas do entorno da rua que também poderiam ajudar e a gente teve muito pouca ajuda da Prefeitura, por quê? Não há legislação.

VGN - Qual é a principal lacuna na legislação atual em relação à arborização urbana em Cuiabá, e o que está sendo feito para corrigir isso?

Silvia - Não tem uma legislação atual falando como arborizar, qual árvore plantar, como deve ser feita a poda, se cortar. Apesar da gente ter uma lei federal que criminaliza a poda drástica, a municipal não exige e a federal também não é aplicada. Então resolvemos ir atrás da legislação.

VGN - Por que a decisão de parar de plantar foi tomada?

Silvia - Porque se a gente plantar, a gente vai estar gastando dinheiro e não vai ter retorno para a cidade. A cidade não vai ficar mais verde, plantando 100 mudas e morrendo 80. Porque não tem cuidado, porque não tem suporte para que elas se desenvolvam. Então, começamos a brigar por essa execução do plano diretor.

VGN - Vocês chegaram a fazer doação de mudas e qual foi desafio que vocês enfrentaram?

Silvia - Também fizemos a doação de muda para ver como funcionava, mas não tinha como rastrear aquela muda, não conseguíamos saber para quem ela ia, se as pessoas plantavam, se aquela árvore tinha dado fruto, se realmente valia a pena. Então, vimos que era enxugar o gelo, plantar sem legislação e sem apoio e entregar muda à torta e à direita.

VGN - Após perceberem que o plantio sem apoio não daria certo, qual foi a medida tomada?

Silvia - Fomos atrás do plano diretor de arborização urbana, que inclusive o Ministério Público fez a Prefeitura fazer um TAC para que ele fosse confeccionado. Esse tac foi feito em 2021, quando a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro fez esse plano diretor de arborização urbana, eles vieram para cá, fizeram pesquisas, entregaram esse plano para o município, isso em 2023.

VGN - Como se encontra esse processo hoje?

Silvia - Ele voltou para a Prefeitura para fazer uns ajustes e teria que voltar para a Câmara para ser votado e posteriormente executado pela Prefeitura. O que não aconteceu, porque ele foi engavetado. Ele está na Prefeitura e ele não foi para a votação até hoje.

VGN- Quais as atitudes a Associação tem tomado para cobrar os poderes Executivo e Legislativo no âmbito administrativo?

Silvia - Oficializamos o Ministério Público para convocar o novo responsável pela arborização da cidade, da Secretaria de Meio Ambiente, para esclarecer o andamento do processo e confirmar se o plano será colocado em votação. Além disso, no final do ano, assinamos um termo de compromisso com os candidatos a prefeito e com alguns vereadores eleitos. Na próxima semana, iremos formalizar a cobrança aos vereadores para que pressionem a Prefeitura a encaminhar o TAC para votação e, finalmente, sua execução.

VGN - Quais ações o poder público poderia adotar e incentivar para melhorar a questão de arborização na cidade?

Silvia - Eu acredito que podemos encontrar formas criativas para incentivar a arborização, como, por exemplo, incentivar as pessoas a plantarem na frente de suas casas, oferecendo um desconto no IPTU. Além disso, as empresas com dívidas com a Prefeitura poderiam ser motivadas a colaborar, oferecendo abatimentos em suas dívidas em troca da arborização de ruas próximas, a educação ambiental e o transplante de árvores, que é a retirada e plantio em outra área, estratégia muito usada em condomínios por exemplo. Não podemos colocar toda a responsabilidade apenas nos políticos, a sociedade como um todo também precisa assumir seu papel.

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