Mato Grosso vem ganhando cada vez mais destaque nacional, tanto por conta da força de seu agronegócio - com safra de grãos estimada em 146 milhões de toneladas até 2030 – tanto pelas estratégias de gestão que vem sendo adotadas, que buscam uma nova industrialização e envolvem o desenvolvimento sustentável em três pilares - econômico, ambiental e social. Segundo Estado com menor taxa de desemprego do País, Mato Grosso segue crescendo e aparecendo. Em entrevista à revista Top Empresarial, o secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico, Cesar Miranda, fala sobre as ações do Governo para impulsionar a economia do Estado. Confira!

TOP: Secretário, qual é a visão estratégica do Governo de Mato Grosso para impulsionar o desenvolvimento econômico do Estado nos próximos anos?

Cesar Miranda: O desenvolvimento econômico do Estado passa por várias frentes, sendo que algumas delas estratégicas estão reunidas na própria Sedec. No turismo, na agropecuária, na mineração e na industrialização da produção.

No âmbito do agronegócio, por exemplo, temos os desafios de fortalecimento da produção atual com a estimativa da safra de grãos com 146 milhões de toneladas, um salto de 45% até 2030, também na contribuição para alcance dessa estratégia a ampliação da agricultura irrigada.

Também a estratégia da diversificação da produção agropecuária com o estímulo a novas culturas no Estado como o amendoim, o trigo e o gergelim. Tudo passando pela sustentabilidade. Mato Grosso é um exemplo, o lugar do mundo que mais produz alimentos e mais preserva o meio ambiente. São 62% do território preservado e várias estratégias de ação - Carbono Neutro, Plano ABC+ MT, Estratégia PCI.

Em conjunto, trabalhando para a industrialização do Estado. Incentivos fiscais adequados, seguros e sem burocracia. Estamos no rumo certo. Hoje 30% da soja e do milho já estão sendo industrializados em MT. O etanol de milho é um grande destaque na produção nacional.

TOP: Mato Grosso é conhecido por sua forte agropecuária. Quais são as iniciativas do governo estadual para promover a diversificação da economia além do setor agropecuário?

Cesar Miranda: Priorizando o desenvolvimento de setores estratégicos (energias renováveis, ecoturismo, agroindústria, biotecnologias, tecnologias exponenciais, sociobiodiversidade, mineração), direta ou indiretamente ligados à agropecuária, por meio da atração de investimentos nacionais e internacionais, promoção do comércio exterior e demais programas de desenvolvimento econômico estadual.

TOP: A logística é fundamental para o desenvolvimento econômico. Quais são os planos do governo para melhorar a infraestrutura de transporte em Mato Grosso?

Cesar Miranda: O Estado realizou dois feitos inéditos: a 1° ferrovia estadual de Mato Grosso e assumiu a concessão da BR-163, realizando investimentos para duplicação da BR. Estão sendo feitas rodovias estaduais, pontes, e melhorias em avenidas. São 2.505 km asfaltados desde 2019, além das pontes que já estão em construção, e ainda há previsão das obras do Planejamento de Concessões de Rodovias de Mato Grosso, o qual possui extensão total de 4.068 km. O Governo de Mato Grosso está buscando junto ao Governo Federal, a implantação e expansão das ferrovias para o escoamento da produção agrícola. A Ferrovia de Integração do Centro Oeste - FICO, que vai ligar Mato Grosso a Goiás, a Ferrogrão, que vai conectar o Mato Grosso ao Pará, e a Ferronorte, que vai conectar a São Paulo, vão integrar Mato Grosso de uma forma barata e eficiente. Como consequência, vai favorecer a multimodalidade, melhorando o fluxo nas rodovias.

Também está em pauta as rodovias federais, a BR 158/ MT, que é o contorno da Reserva Indígena Maraiwatsede, com 195,42 km de extensão, a BR 242/MT, com 288,28 km de extensão interligando o Mato Grosso, a BR 080/MT, que vai da divisa de Goiás com Mato Grosso até Ribeirão Cascalheira, com extensão total de 1.652,6 km, incluindo 7 pontes.

TOP: Com a crescente preocupação ambiental, como o governo está equilibrando o desenvolvimento econômico com a conservação do meio ambiente no Estado?

Cesar Miranda: O Estado tem buscado adotar estratégias de desenvolvimento conservacionista, haja visto os sucessivos aumentos na produtividade de grãos e com a conservação de um grande contingente de vegetação nativa (62%).

Algumas das estratégias adotadas são relacionadas ao fortalecimento das políticas de comando e controle, através do investimento em monitoramento e resposta aos indícios de desmatamento ilegal. Esta frente teve grande aporte de recursos da premiação por resultados em desmatamento evitado com os Governos Alemão e Inglês, o Programa REM.

Outra frente de atuação é no impulsionamento de uma agropecuária de baixa emissão de Carbono através do Plano ABC+ Mato Grosso, que prevê adoção de práticas e sistemas de produção que aliam o desenvolvimento econômico e a conservação dos recursos naturais.

TOP: A pandemia de COVID-19 teve um impacto signifi cativo na economia. Quais medidas foram adotadas para apoiar empresas e trabalhadores afetados pela crise?

Cesar Miranda: Os problemas econômicos resultantes da pandemia foram diversos, e não foram homogêneos em toda a economia. Setores que são mais intensivos em trabalho, como comércio e serviços, sofreram muito, empresas com porte menor sofreram para manter suas atividades. A redução da demanda, a paralisação da atividade econômica, a interrupção das cadeias de suprimentos e consequentemente, a queda no faturamento das empresas, tornam difícil manter os empreendimentos funcionando, empregando pessoas e fazendo a economia girar.

Pensando nisso, o governo aportou recursos na Desenvolve MT, para linhas de crédito emergenciais, para operações de capital de giro. Foram beneficiados os Microempreendedores Individuais, bares, restaurantes e eventos, turismo, mulheres e jovens empreendedores, entre outros, possibilitando aos empresários a manutenção de suas despesas para que o negócio possa continuar funcionando.

Também houve a renegociação das operações do FUNDEIC com a possibilidade de suspensão das parcelas, uma medida que permitiu um alívio temporário no fluxo de caixa das empresas, isso permite que devedores continuem a pagar suas dívidas de forma mais gerenciável, mas em um segundo momento, após a retomada da atividade econômica.

Além disso, foi desenvolvido o Fundo de Aval Garantidor do Estado de Mato Grosso - MT GARANTE buscando melhorar o mercado de crédito mato-grossense, ao garantir as operações de crédito de pequenos negócios e produtores rurais junto aos Agentes Financeiros. Para acessar o MT GARANTE o MEI tem um teto de R$ 70 mil em operações de crédito; uma microempresa de até R$ 200 mil e empresas de pequeno porte de até R$ 300 mil. No caso do pequeno produtor rural, o limite é de R$ 250 mil, e o médio produtor rural, de R$ 430 mil. Os agentes financeiros para acessar crédito via MT GARANTE são: Desenvolve MT, Banco Sicoob, Sicredi, AL5, Unicred, Cresol e Credisis.

TOP: Mato Grosso tem atraído investimentos estrangeiros nos últimos anos. Quais estratégias o governo está utilizando para atrair mais investimentos estrangeiros diretos para o Estado?

Cesar Miranda: O Governo de Mato Grosso tem adotado uma série de estratégias que visam torná-lo um destino ainda mais atraente para investidores de todo o mundo. As principais ações para o sucesso da atração de investimentos estrangeiros são: 1. Os investimentos governamentais para a melhoria de estradas e aeroportos, e a implantação de ferrovias que vão facilitar o transporte de mercadorias e matérias-primas para os principais portos do país, tornando Mato Grosso um centro logístico competitivo para o comércio internacional; 2. A simplificação dos processos burocráticos, os programas de apoio específicos ao desenvolvimento econômico do Estado e a segurança jurídica tornam um ambiente atrativo na captação de potencial investidor; 3. A promoção ativa do Estado em feiras, eventos, fóruns e congressos no âmbito nacional e internacional, onde destacamos as inúmeras oportunidades de negócios em setores estratégicos como a agricultura, pecuária, agroindústria e logística; 4. O estabelecimento de parcerias estratégicas com organizações e governos estrangeiros, promovendo Mato Grosso como um destino seguro e lucrativo para se investir. Todas essas ações possuem o objetivo comum de fortalecer a economia de Mato Grosso e impulsionar o desenvolvimento econômico através da criação de um ambiente favorável para o investimento estrangeiro.

TOP: O setor de tecnologia e inovação está crescendo em todo o mundo. Como o governo está fomentando o desenvolvimento desse setor em Mato Grosso?

Cesar Miranda: O Governo de Mato Grosso, por meio da MTI, desempenha um papel fundamental no avanço tecnológico do Estado, impulsionando a transformação digital do governo e buscando aprimorar a qualidade de vida dos cidadãos. Outro destaque, pela da SECITECI, é o Parque Tecnológico MT que promoverá pesquisas e inovações na área tecnológica e de estímulo à cooperação entre instituições, universidades e empresas. Bem como fomento a pesquisas pela Secretaria em temáticas relacionadas a dificuldades encontradas pelo setor produtivo - Centro de Pesquisa de feijão, pulses e grãos especiais.

TOP: Mato Grosso possui uma rica diversidade cultural e étnica. Como o governo está promovendo a inclusão econômica de comunidades tradicionais e indígenas?

Cesar Miranda: Por meio do Programa REM, em seu processo de repartição de benefícios, às comunidades tradicionais e indígenas são beneficiários, dada a sua contribuição com o processo de conservação da biodiversidade, bem como a sua fragilidade em relação às mudanças climáticas. O Programa REM apoia diversas iniciativas promotoras da diversidade cultural e étnica, como: cadeias de produtos da biodiversidade, fortalecimento das organizações, proteção territorial, entre outras ações que visam a autonomia destes grupos.

TOP: Por fim, secretário, quais são os principais projetos e metas da Secretaria de Desenvolvimento Econômico para os próximos anos e como eles contribuirão para o crescimento sustentável do Estado?

Cesar Miranda: Mato Grosso tem caminhado nesse sentido, no desenvolvimento sustentável em seus três pilares - econômico, ambiental e social. Prova disso é o segundo Estado com menor taxa de desemprego. Nessa linha, temos trabalhado os projetos no âmbito da secretaria. Um trabalho grandioso que foi iniciado é o da mineração, termos o conhecimento e informações do setor mineral do Estado. Estamos trabalhando no Plano Estadual de Fertilizantes, serão ações que visam proporcionar a redução de importação do produto, reduzindo a dependência e o custo aos nossos produtores. Recentemente assinamos um termo de fomento com o IMAFIR para em conjunto com a Universidade de Viçosas realizar um estudo hídrico com o Estado com vista à ampliação da agricultura irrigada no Estado. Também temos a ZPE em Cáceres, que vai impulsionar o desenvolvimento econômico na região de Cáceres, atraindo novos investidores e gerando empregos.

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