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Entrevista da Semana Sábado, 27 de Julho de 2024, 15:00 - A | A

Sábado, 27 de Julho de 2024, 15h:00 - A | A

entrevista da semana

"Salário dos professores é um terço do vinho do governador na Europa", diz presidente do Sintep-MT

Valdeir lembrou a cena do governador com um vinho de R$ 17 mil na Europa

Gislaine Morais & Angelica Gomes/VGN

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Valdeir Pereira, questionou em entrevista ao a declaração do governador de que os salários dos professores em Mato Grosso é o terceiro maior do país. Segundo Pereira, é preciso considerar o custo de vida no Estado, maior do que em outras unidades da federação.

O Sintep cobra a valorização salarial com ganho real de 9,16% para serem pagos anualmente nos quatro anos da gestão. Valdeir lembrou a cena do governador com um vinho de R$ 17 mil a bordo de um avião na Europa e fez uma comparação com a remuneração dos profissionais, que hoje é em torno de R$ 5 mil: “5 mil é um terço do que ele gastou em uma garrafa de vinho, que custa 17 mil, na última viagem dele”, ponderou.

Ainda conforme Pereira, existem outros problemas, como concurso público, confisco das aposentadorias e pensões, e exclusivamente, a falta de diálogo do governo Mauro Mendes. “É um governo que não aceita o contraditório, que não aceita os questionamentos acerca das políticas e que trata o Estado de Mato Grosso como se fosse o seu quintal, que ele manda e desmanda e que as pessoas têm de permanecer caladas”, descreveu o presidente do Sintep/MT, Valdeir Pereira.

Confira entrevista na íntegra:

VGN - Presidente, o Governo do Estado em algumas propagandas disse que o salário do professor de Mato Grosso é um dos melhores, e que inclusive paga até mais do que o salário base. Isso é verdade?

Valdeir Pereira – Não é verdade. Na realidade, Mato Grosso, pelo custo de vida que se tem a remuneração deveria ser o dobro, levando em consideração que não estamos tratando de um Estado que o custo de vida é baixo, comparando o entorno, Goiás, Mato Grosso do Sul e o próprio Distrito Federal que é o dobro da remuneração dos servidores que atuam na educação.

Pagar 5 mil para um professor é uma grande remuneração? 5 mil é um terço do que o governador gastou em uma garrafa de vinho, que custa R$ 17 mil, na última viagem dele.

Então, hoje (...) quem tem de ficar constrangido ao tratar da educação é o Governo Do Estado, porque qualquer cidadão pode acessar a página do governo e ver qual é a remuneração. Se acha que o Estado vai desenvolver com uma remuneração de professor que ninguém quer ser professor, eu desafio você ir dentro de uma escola e perguntar para as turmas lá quem é que quer ser professor, ninguém quer ser, porque sabe da remuneração, da nossa condição.

VGN – Hoje presidente qual a cobrança em relação à valorização salarial dos profissionais da educação?

Valdeir Pereira - Então hoje a educação vive com um arrocho, com o empobrecimento da categoria. Com a perda da lei nº 510/2023 (equiparar os salários as demais carreiras do executivo com mesma formação) gerou a luta pelos 9,16% para serem pagos anualmente nos quatro anos da gestão. Esse valor é para compensar as perdas retroativas gerais, que são maiores, e assim atingir a valorização dos educadores dentro do que é pago as demais carreiras do Executivo Estadual (com mesmo nível de formação - graduados).

VGN – Presidente como estão as negociações para o fim do confisco de 14% de aposentados e pensionistas da educação?

Valdeir Pereira – Estamos tentando esse diálogo com o governador Mauro Mendes, mas está difícil, ele não atende aos ofícios do Sintep e enquanto isso o Governo vem confiscando, que, na prática, é um roubo para os nossos aposentados que contribuíram a vida inteira.

Então isso é uma injustiça porque as pessoas contribuíram para se aposentar. O governo utilizou o recurso para outras finalidades durante esse período e agora ele quer transferir aquilo que ele chama de déficit, na onde ele quem deveria ejetar o recurso, colocando para quem está aposentado cobrir a previdência como se em atividade tivesse. E outra, não tem nem como fazer greve, porque não tem mais nem vínculo trabalhista.

VGN – Valdeir em relação ao concurso cobrado pelos profissionais da educação, seria em decorrência da categoria afirmar que 70% dos educadores, hoje são contratados? Como a categoria reagiu com a sinalização do Governo em promover o concurso?

Valdeir Pereira – Esse foi o primeiro resultado que conquistamos no “Acampamento de Resistência”, onde Governo publicou a Portaria da Constituição da Comissão, contudo há um longo caminho. Primeiro é garantir que na Lei de diretrizes orçamentárias (LDO) tenha a previsão do concurso e na Lei Orçamentária Anual (LOA) a previsão orçamentária para a realização do concurso, porque só a constituição da comissão não vai garantir a realização do concurso.

Então vai ser necessária ainda mais cobrança da categoria, porque de fato hoje mais 70% de contratos temporários não dá para pensar em uma educação pública de qualidade. A nossa cobrança é que o concurso seja para os três cargos, professor, técnico e apoio, porque nos três cargos há uma quantidade significativa de contratos temporários.

VGN – Valdeir sobre uma fala do Sintep sobre o fato dos diretores de escola serem indicados pelo governador, o senhor acredita por passar pela avaliação da equipe dele, os professores e educadores que são contratados e os servidores públicos de carreira se sentem coagidos após assumirem o cargo?

Valdeir Pereira – O Governo criou uma maquiagem para dizer que existe a gestão democrática onde passa por um processo seletivo. No entanto, esse processo de prova depois de título eles barram num outro momento, que é o pessoal do Governo fazendo a chamada entrevista. Então ele já tem uma lista de quem que não é para ser aprovado.

Temos o caso, por exemplo, de uma pessoa que tirou 10 na avaliação, que passou em todas as etapas com doutorado, e quando chega na avaliação psicológica, com psicólogo, assistente social, e mais um pessoal da Diretoria Regional de Educação (DRE), foi desclassificado com nota zero. Então não há seriedade nisso.

Em relação ao constrangimento, sim, claro. O governo tem utilizado esse meio de opressão, essa forma de truculência, para amedrontar os trabalhadores, inclusive para reivindicarem os seus direitos.

VGN - Valdeir todas essas questões que a categoria da educação está passando na gestão do governador Mauro Mendes, acredita que tem afetado a saúde dos profissionais da educação, causando transtornos psicológicos?

Valdeir Pereira – Os transtornos psicológicos têm diversas razões, até mesmo das questões que as pessoas convivem no seio familiar, a questão da baixa remuneração, a questão do local mesmo de trabalho, da sobrecarga e do fazer pedagógico e outras coisas que ocorrem no meio da sociedade, até mesmo as questões políticas, tem sido bastante recorrente e esse afloramento agora na nossa sociedade, é claro que isso tem um reflexo no âmbito das escolas e das pessoas que atuam nas unidades escolares.

As medidas que podem ser tomadas para evitar e reduzir elas dependem muito de ações bastante coordenadas que passam, desde se pensar na valorização dos trabalhadores da educação, a sua redução da carga horária, mas também as suas condições de trabalho que respeite o seu limite imposto por parte das pessoas que irão executar as suas tarefas no cotidiano escolar.

Então por isso é importante que tanto a Prefeitura como o Governo do Estado de Mato busquem desenvolver ações para que os problemas relacionados aos transtornos psicológicos, eles não se acentuem, mas o que nós estamos vivenciando nesses últimos anos é um aumento gradativo de pessoas com transtornos, mas por parte de diagnóstico.

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