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Entrevista da Semana Sábado, 06 de Julho de 2024, 15:00 - A | A

Sábado, 06 de Julho de 2024, 15h:00 - A | A

ENTREVISTA DA SEMANA

Gleisi Hoffmann avalia os 44 Anos do PT e critica atuação do Banco Central: “O PT nasceu para mudar o Brasil”

Gleisi falou sobre o direcionamento do partido nas eleições municipais deste ano, principalmente em Cuiabá

Lucione Nazareth/VGN

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, concedeu entrevista exclusiva ao , na qual discorreu sobre as ações e programas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, falou sobre o direcionamento do partido nas eleições municipais deste ano, principalmente em Cuiabá, onde o partido tem como pré-candidato a prefeito o deputado estadual Lúdio Cabral.

A petista também falou sobre o projeto do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que pretende extinguir a reeleição para presidente da República. Gleisi comentou ainda sobre as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra deputados e fez duras críticas à atuação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Confira a Entrevista 

VGN: Deputada, como a senhora avalia o primeiro ano de mandato do presidente Lula?

Gleisi Hoffmann: Foi um ano de reconstrução do país, que havia sido arrasado pelo desgoverno anterior. O presidente Lula garantiu o pagamento de direitos básicos e ampliou o Bolsa Família, porque nosso primeiro compromisso sempre foi com a população que mais precisa. Restabelecemos políticas públicas fundamentais, como o aumento real do salário-mínimo, a Farmácia Popular, o Minha Casa Minha Vida, o financiamento do SUS e da Educação, e a defesa do meio ambiente. Sem esquecer o maior Plano Safra da história, o que é muito importante para a região Centro-Oeste. Lula resgatou a credibilidade internacional do Brasil, que havia sido destruída; abriu ou reabriu 155 novos mercados para nossas exportações em mais de 50 países. E um outro aspecto que é imensurável: resgatou o primado da democracia e enfrentou uma tentativa de golpe de estado, chefiado por aqueles que perderam nas urnas. O Brasil voltou a ter lei.

VGN: Neste ano de 2024, deputada, quais devem ser as prioridades do Governo Lula? 

A principal conquista do PT nesses 44 anos foi dar voz e vez aos trabalhadores e ao povo na política

Gleisi Hoffmann: Além de continuar implementando políticas que interessam diretamente ao povo, como o programa Pé de Meia, que paga uma bolsa para que os alunos do ensino médio não abandonem os estudos por necessidade, é fundamental seguir impulsionando o crescimento do país em todos os setores. Temos um novo plano de modernização da indústria e, mais uma vez, um plano safra robusto, de mais de R$ 450 bilhões, quase 10% acima do anterior. É essencial continuar gerando empregos e aumentando a renda da população, além de atrair cada vez mais investimentos, como está acontecendo na indústria automobilística. Esse esforço para melhorar a vida no país só está encontrando um obstáculo relevante: a maior taxa de juros do planeta, que vem sendo mantida de forma irresponsável por um presidente do Banco Central que faz política bolsonarista, ao invés de pensar no país.

VGN: As eleições de 2022 foram polarizadas entre petistas e bolsonaristas. Qual a sua avaliação sobre as eleições de 2024? Elas também serão polarizadas com as mesmas forças políticas?

Gleisi Hoffmann: A disputa política mais importante para o país é entre as forças progressistas e democráticas, que não estão somente no PT, e a extrema-direita, que tentou dar um golpe de estado no país. Por isso, o PT decidiu que só vamos lançar candidaturas próprias às prefeituras onde forem realmente competitivas, como é o caso do companheiro Lúdio Cabral em Cuiabá, que tem força política, capacidade de articulação com outros partidos e é muito bem avaliado pela população. Onde essas condições não existirem, vamos apoiar candidatos comprometidos com a democracia e com o apoio à reeleição do presidente Lula, contra a ameaça da extrema-direita.

VGN: Como está a força do PT para disputar as eleições de 2024? O PT terá candidatos em todas as capitais ou fará alianças?

Gleisi Hoffmann: Estamos lançando candidatos competitivos em muitas capitais e, em outras, fazendo alianças, conforme explicado. Além de Cuiabá, temos candidatos e candidatas do PT em Goiânia, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Teresina, Natal, Vitória e outras capitais. Apoiamos Guilherme Boulos, do PSOL, em São Paulo, e candidatos do campo democrático em Curitiba, Belém, Salvador, Recife, Macapá e Rio Branco. Estamos em tratativas com o PSD no Rio de Janeiro, com o PDT em Porto Velho e assim por diante.

VGN: Em Cuiabá, o PT lançou a pré-candidatura do deputado estadual Lúdio Cabral. Existe alguma mobilização da Nacional voltada para prestigiar a campanha petista na capital? O presidente Lula e outras lideranças podem vir a Cuiabá para subir no palanque de Lúdio?

Gleisi Hoffmann: Ainda não definimos um calendário de viagens com o presidente Lula, mas ele já anunciou que participará das campanhas dos candidatos que apoiamos da maneira que for possível e de acordo com a legislação eleitoral. O Lúdio certamente contará com todo o apoio do PT e do nosso campo político.

VGN: O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), recentemente afirmou que pretende colocar em pauta uma proposta de lei que extingue a reeleição para presidente da República. Qual é a sua posição sobre o tema?

Gleisi Hoffmann: Esse debate está vindo fora de hora, porque a reeleição foi aprovada no Congresso há quase 30 anos, mesmo com o voto contrário do PT, porque naquela ocasião ia beneficiar o presidente e os governadores que estavam no cargo. Hoje, ela é um dado da nossa realidade política. Três presidentes foram reeleitos: FHC, Lula e Dilma. Bolsonaro não foi porque o povo não quis. Qual é o problema então? O problema dessa proposta é que, sem discutir isso às claras, ela aumenta o mandato dos senadores para 10 anos e dos deputados para 5, além de prorrogar mandatos de prefeitos e vereadores sem eleições. Não é uma proposta para o país, como eu vejo, mas para beneficiar parlamentares.

VGN: Nos últimos meses, deputados bolsonaristas foram alvos de operações policiais autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o que fez “reacender” a discussão sobre limitar o poder dos ministros da Corte. Neste sentido, como está a relação entre o Supremo e o Congresso? Qual sua opinião sobre a limitação dos poderes dos ministros, assim como os pedidos de impeachment?

Gleisi Hoffmann: O problema não está nas operações policiais, nem no ministro Alexandre, nem muito menos nas prerrogativas do STF. O problema está nos crimes que esses deputados e o chefe maior deles, Jair Bolsonaro, praticaram e queriam passar impunes. Se não queriam ser investigados, não deveriam atentar contra a democracia, as instituições e o estado de direito, como fizeram em seus pronunciamentos, nas redes sociais, nos acampamentos golpistas, financiando e estimulando a subversão no 8 de janeiro. É claro que eu defendo as prerrogativas do Congresso, como defendo a Constituição, e é nesse marco que devem se dar as relações entre Legislativo e Judiciário. Mas não há nada de correto em passar pano para golpista e ladrão de joias.

VGN: Deputada, a senhora é uma das parlamentares que mais criticam a atuação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. A senhora acredita que passou da hora de trocar o comando do BC? Quais medidas a senhora entende serem necessárias no banco?

Gleisi Hoffmann: Eu não estou sozinha nessa crítica ao presidente bolsonarista do Banco Central. O economista Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia, já disse em fevereiro de 2023 que essa taxa de juros mata qualquer economia. As lideranças da indústria e do agronegócio criticam a maior taxa de juros do planeta. O presidente Lula também. Qualquer pessoa de bom senso critica. Só quem gosta disso são os rentistas, os especuladores e quem quer prejudicar o governo, prejudicando primeiro o país. Eu nunca ouvi Jair Bolsonaro, que gosta de falar de tudo, criticar o Campos Neto nem as taxas de juros que ele impôs ao país. Infelizmente, a duração do mandato dele não depende da nossa vontade. Foi definida por uma lei errada que estabeleceu a tal “autonomia” do Banco Central e, na prática, serviu para prorrogar, até a metade do governo eleito pelo povo, o poder do governo que perdeu as eleições para ditar a taxa de juros.

VGN: Em fevereiro, o PT chegou aos 44 anos. Como a senhora avalia a atuação do partido no país? Quais foram as principais conquistas e os possíveis erros cometidos pela legenda ou pessoas ligadas?

Gleisi Hoffmann: A principal conquista do PT nesses 44 anos foi dar voz e vez aos trabalhadores e ao povo na política. Vencendo ou perdendo eleições, no governo ou na oposição, o PT enfrentou a injustiça e ajudou a construir políticas públicas que melhoram o país e a vida da população. Costumo dizer que o PT nasceu para mudar o Brasil. E mudou. Há quem não goste, é claro, mas deixamos nossa marca no fortalecimento da democracia, na conquista de direitos e na própria maneira de se fazer política nesse país, ouvindo as pessoas, incluindo a agenda do povo nos grandes debates econômicos, políticos e sociais. Basta ver que, sem o PT, não teríamos feito a maior reforma agrária de todos os tempos, ao mesmo tempo em que o agronegócio foi impulsionado como nunca. Não teríamos o Bolsa Família, que ajudou o país a sair do Mapa da Fome, ao mesmo tempo em que geramos mais de 20 milhões de empregos e valorizamos o salário em quase 80%. Não teríamos a fortaleza do SUS para enfrentar a mais grave pandemia da história, mesmo num governo negacionista. É claro que cometemos erros, como todos os seres humanos, todos os políticos. Mas foi preciso dar um golpe no mandato da presidenta Dilma para tirar o PT do governo. E não foi por acaso que o povo colocou o presidente Lula na presidência nas eleições de 2022.

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