O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) trabalha com a possibilidade de haver outro mandante do assassinato do advogado Roberto Zampieri, de acordo com informações exclusivas obtidas pela reportagem do . O MP entende que ainda não foram "exauridas todas as possibilidades" apontadas no inquérito da Polícia Civil.
A Polícia Judiciária Civil concluiu, no dia 9 de julho, que o produtor rural Aníbal Manoel Laurindo seria o mandante do assassinato do advogado, morto em dezembro de 2023 em Cuiabá. As investigações comprovaram o vínculo de Aníbal com o coronel do Exército Luiz Cacadini, e o vínculo do coronel com o atirador Antônio Gomes da Silva, pistoleiro que confessou o crime.
Segundo o delegado responsável pela investigação, Nilson Farias, foi verificado que existe uma demanda por duas fazendas em Paranatinga, a 411 km de Cuiabá, avaliadas em cerca de R$ 100 milhões, e que a perda dessas propriedades na Justiça teria levado Aníbal a mandar matar o advogado.
No entanto, para o Ministério Público, mais investigações devem ser feitas para verificar se outras pessoas podem estar envolvidas como mandantes da morte do advogado. Algumas dessas diligências, que não foram feitas pela polícia, foram autorizadas pelo Poder Judiciário durante o inquérito.
Dados do celular sob disputa
O MP classifica diversos comportamentos durante todo o procedimento de investigação sobre a morte do advogado como "incomuns". Entre esses comportamentos está a alegação da Polícia Civil de não compartilhar a cópia dos dados do celular do advogado assassinado.
Segundo informações obtidas pelo , a Polícia Civil encaminhou os dados do celular ao Poder Judiciário e, quando recebeu requisição do MP para compartilhar as informações, afirmou não possuir cópia dos dados encaminhados ao juízo. Em seguida, após nova requisição, alegou não ter espaço de armazenamento suficiente. Só então, após a terceira tentativa, os dados foram compartilhados.
O assistente de acusação do caso, o advogado da família Giovani Santin, também apresentou pedidos em diversas esferas para ter acesso ao celular e para destruir os dados do aparelho, alegando que as informações poderiam afetar a prerrogativa de sigilo entre o advogado e seus clientes. Os pedidos, no entanto, acabaram não prosperando.
Nos bastidores do MP, a avaliação é de que o comportamento do assistente de acusação não colaborou para o esclarecimento do homicídio, uma vez que os dados do telefone são essenciais para a conclusão do inquérito e a descoberta de quem seria o mandante ou quem seriam os mandantes do crime.
Afastamento de desembargadores
Foi justamente o acesso aos dados do celular de Zampieri que subsidiou a decisão do Conselho Nacional de Justiça desta quinta-feira (02.08) pelo afastamento dos desembargadores João Ferreira Filho e Sebastião de Moraes Filho.
Os dois são suspeitos de recebimento de "presentes" de alto valor em troca de decisões favoráveis em casos de disputa de terra em que Zampieri trabalhava.
Apesar da decisão do CNJ, o MP ainda não trabalha com a hipótese de envolvimento de desembargadores e não tem indícios de que os magistrados teriam qualquer ligação com o crime.
Entretanto, não se descarta que as informações do celular do advogado possam revelar uma longa lista de magistrados suspeitos em casos de venda de sentença.
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