O Ministério Público Federal (MPF) destacou, em parecer apresentado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no dia 6 de novembro, a expressiva evolução patrimonial do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, investigado em um esquema de compra de decisões judiciais. Segundo o documento, em apenas um ano, o patrimônio declarado de Gonçalves à Receita Federal saltou de R$ 305 mil, em 2014, para R$ 9,3 milhões em 2015, um aumento de 2954,6%.
O parecer do Ministério Público Federal foi protocolado no âmbito de um Agravo em Recurso Especial, em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O recurso está relacionado a acusações de lavagem de dinheiro e trata da redistribuição do processo para uma vara especializada no julgamento de casos envolvendo organizações criminosas em Mato Grosso.
No parecer, o MPF destacou que a movimentação financeira do lobista, junto à evolução patrimonial, reforça as suspeitas de atividades ilícitas. “Os dados indicam um padrão incompatível com atividades lícitas, o que demanda aprofundamento nas investigações”, apontou o órgão.
Conforme o parecer, essa evolução patrimonial não encontra justificativa nos rendimentos declarados pelo investigado, tampouco em outras formas de recebimento de recursos lícitos. O relatório de análise produzido pelo setor de inteligência da Polícia Federal reforça que as vultosas movimentações financeiras de Gonçalves indicam possível ligação com práticas ilícitas, como o tráfico de entorpecentes.
Além disso, o parecer menciona inconsistências nas informações apresentadas por Gonçalves, especialmente quando comparadas aos dados fornecidos por instituições bancárias, como declarações de movimentações financeiras e operações com cartões de crédito. A suspeita é que essas movimentações tenham sido utilizadas para mascarar a origem dos valores.
O lobista é investigado também por suposta venda de sentenças. As investigações ganharam força após a morte do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023. A quebra do sigilo do celular de Zampieri revelou diálogos comprometedores entre o advogado e Andreson, sugerindo um possível esquema de compra de sentenças judiciais envolvendo magistrados e figuras do sistema judiciário. Leia mais: STF nega habeas corpus a lobista investigado por esquema de venda de decisões judiciais
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