O juiz-membro do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT), Gilberto Lopes Bussiki, usou a sessão plenária da Corte Eleitoral, realizada na última quinta-feira (04.02), para afirmar que é preciso adotar medidas para conter o uso de instituições públicas e veículos oficiais nas eleições, destacando, que recentemente, pessoas oriundas do Poder Judiciário e militar utilizaram o bem público para se autopromover.
As declarações do magistrado ocorreram durante apreciação de Recurso Eleitoral protocolado pelo policial civil de Nova Mutum (a 269 km de Cuiabá), Messias Rocha, que foi condenado ao pagamento de multa no valor de R$ 30 mil por divulgar vídeo contendo imagem dele vestindo camiseta com brasão ao lado da viatura da Polícia Civil. Ele concorreu ao cargo de vereador naquele município, pelo DEM não sendo eleito. O julgamento dos autos acabou sendo adiado em decorrência de pedido de vista do juiz-membro Fábio Henrique Fiorenza.
Ao proferir seu voto desfavorável ao recurso, o juiz Gilberto Bussiki, externou preocupação com a utilização de instituições públicas e veículos oficiais nas eleições, e que caso medidas não forem adotadas, o Ministério Público e Polícia Federal poderão, no futuro, deflagrarem operações para se autopromoverem, citando até mesmo juízes que podem mandar prender “pensando nos holofotes”.
“Sem personalizar o candidato aqui, nós já ouvimos falar de candidatos do Poder Judiciário, militares, gente usando bandeira do Exército, jipe do Exército, subindo em cima de jipe e viaturas. Gente prendendo pessoas e filmando para mostrar que está trabalhando. Imagina um policial em uma cidade do interior que por minuto ele está prendendo e postando. Oh! esse trabalha, vamos elegê-lo. Está usando a instituição que ele trabalha para se autopromover. A minha preocupação é essa. Isso vai descambar não só para essa eleição, mas também para outras. O Ministério Público querendo promover operações. A Polícia Federal querendo promover operações. É juiz querendo condenar, para se autopromover”, declarou o magistrado.
Ao final, Bussiki pontuou que na eleição de 2020 foi possível observar quais pessoas utilizaram da máquina pública e das instituições para autopromover, como também criticou, afirmando que pessoas que saíram do Judiciário e do Ministério Público não foram bons legisladores.
“Nós vimos nesta última eleição quem foram os eleitos. Quem usou a própria máquina, a própria instituição, a própria carreira para se autopromover. Já vimos também que não dá certo no futuro como representantes do Legislativo ou do Executivo. Todos que saíram do Judiciário, do Ministério Público, a gente vê aí que não foram bons legisladores. Não estão preparados para assumir outro Poder. A minha preocupação é realmente essa. Porque a gente vai perder o controle de todas as situações. Por que? Por mais que as instituições tentem punir, o servidor busca a opinião pública em seu favor, que acaba ficando contra a instituição pública a que ele pertence. Ele tem milhões de votos e a instituição fica de braços atados. Essa é minha preocupação”, externou o magistrado.
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