O juiz da Terceira Vara Criminal da Comarca de Várzea Grande, Moacir Rogério Tortato, autorizou o compartilhamento das interceptações telefônicas oriundas da operação 'Cleanup', que supostamente flagraram o vereador de Várzea Grande Jânio Calistro (PSD) planejando roubar drogas de um grupo de traficantes bolivianos, com a Corregedoria da Polícia Civil.
Calistro está preso desde 19 de dezembro, por suposta ligação com o tráfico de drogas no município. Nas interceptações telefônicas ele teria planejado, juntamente com outro envolvido no esquema, a roubar drogas de outros traficantes, como também adquirir drogas em grandes quantidades para revendê-las.
Conforme consta dos autos, a Corregedoria requereu o compartilhamento das interceptações para instaurar investigação de suposto desvio de conduta de policiais civis, entre eles, o vereador. Jânio Calistro é escrivão aposentado da Polícia Civil.
“Em que pese o procedimento ter sido instaurado para apurar suposta existência de um grupo criminoso que estaria negociando entorpecentes na região de Várzea Grande/Cuiabá, constatou, também, conforme noticiado pela Autoridade Policial solicitante, suposto desvio de conduta de policiais civis” cita trecho dos autos.
Em sua decisão, o magistrado destaca que o caso “trata do que a doutrina denomina encontro fortuito de provas ou princípio da serendipidade, vez que, as interceptações autorizadas por este juízo, possibilitaram a apuração de prática delituosa por interlocutores dos diálogos travados, sendo a mencionada prova lícita”.
“A vista do exposto, e considerando a gravidade do fato exposto, AUTORIZO o compartilhamento das provas produzidas nestes autos, – com a Corregedoria de Polícia visando instruir eventuais procedimentos administrativos (disciplinares) ou criminais da conduta de policiais civis verificada durante as interceptações telefônicas em diálogo travado no dia 23/10/2019, às 17h26min entre os alvos JANIO CALISTRO e JOÃO VANDERSON (Peruca)” diz decisão.
Entenda - De acordo com os autos, em uma das chamadas interceptadas, Peruca comenta com o vereador a respeito “de uma chácara onde ficam dois bolivianos, relatando que o lugar possui muros altos e que as câmeras de segurança estão desligadas”.
O vereador questiona quantas pessoas ficam no local, “ao passo que Peruca responde que só os dois bolivianos e que iria chegar 180, que seria avaliado em R$1.800.000 (milhão), se referindo a quantidade e ao valor da droga que viria em um caminhão boiadeiro”, neste momento, conforme as escutas, Peruca é imediatamente repreendido por Calistro para não comentar sobre preço, nem sobre compra.
Ainda, conforme o diálogo, Calistro menciona que: “é nesses mesmos que vão dar o bote”, e os dois continuam a planejar sobre o suposto roubo da carga de droga, inclusive o local exato onde ficariam escondidas em duas caixas d’aguas enterradas.
Peruca então conta ao vereador que o boliviano vai ligar para ele quando a droga chegar, pois ele iria ajudá-lo a distribuir e Jânio Calistro, segundo os autos, comenta que “qualquer coisa podem empurrar, em suposta alusão a matar o boliviano” (extraído dos autos).
Em outra ligação, Peruca informa para o vereador que chegaram 63, segundo os analistas policiais, ele estava se referindo, em tese, a 63 quilos ou peças de drogas. Em seguida, Peruca comenta “valer algo por volta de 600.000, desta forma levando a entender, em razão do valor, que se trata de substância análoga a pasta base de cocaína”.
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