O ano de 2019 foi marcado pela maior greve da categoria da educação em Mato Grosso. Foram 75 dias, que os estudantes ficaram foram da sala de aula. A greve superou os 63 dias das greves de 2013 e 2016, até então as maiores no Estado.
A greve só teve fim, após uma longa negociação com o atual governador do Estado, Mauro Mendes (DEM), que segundo os profissionais, se mostrou muito relutante.
De acordo com o governador, os profissionais da Educação de Mato Grosso têm o terceiro melhor salário do Brasil, porém, no ranking, o Estado está em 21ª como pior educação do Brasil.
A paralisação teve início no dia 20 de maio, após uma assembleia geral, realizada na Escola Estadual Presidente Médici, onde a categoria votou pela greve por tempo indeterminado. Na pauta de reivindicações, o pagamento da revisão geral anual (RGA) e o cumprimento da lei 510/2013, que previa o aumento dos salários além da inflação para dobrar o poder de compra dos educadores até 2024.
Ainda no mês de maio, o secretário Chefe da Casa Civil, Mauro Carvalho informou que os salários dos servidores da Educação que teriam aderido à greve, seriam cortados. Segundo ele, o corte do ponto atende a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
O Governo anunciou, que o corte de ponto para o salário estaria programado para 10 de junho. No entanto, mesmo quem não aderiu à greve teve o salário cortado. Na época, o Estado alegou um erro no sistema e pediu para que as escolas ajudassem, enviando listas de frequência.
A greve também foi marcada por protestos dos servidores. O primeiro aconteceu na BR 364, quando os grevistas bloquearam a rodovia, na saída de Cuiabá. A manifestação durou em torno de uma hora. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi acionada, e o trânsito foi liberado.
A partir daí os protestos se tornaram frequentes, os grevistas chegaram a bloquear a entrada da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), proibindo assim o acesso dos servidores. O expediente chegou a ser suspenso no período matutino.
Em julho, os alvos foram as entradas da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). No mesmo dia, eles chegaram a pedir doações de dinheiro nos semáforos da Capital. Eles alegaram que devido ao corte do salário, não teriam dinheiro nem para comer.
O clima ficou mais pesado no dia 18 de julho, durante a votação das alterações nos incentivos fiscais na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, os grevistas tentam entrar no plenário. A confusão foi generalizada e a segurança precisou intervir.
Continuando com a inovação, os servidores da educação resolveram se acorrentar em frente ao Palácio Paiaguás, onde deram início a uma greve de fome.
No dia 23 de julho, a categoria teria entendido que os métodos não estavam dando retorno, e sem reposta dos deputados estaduais, os grevistas resolveram acampar na AL e chegaram a passar duas noites no local. Barracas foram instaladas no gramado e alguns educadores dormiram em colchões improvisados no plenário.
Ainda durante o mês conturbado de julho, a desembargadora Maria Erotides Kneip declarou a greve ilegal e determinou o retorno ao trabalho no prazo de 72 horas, com multa de R$ 150 mil por dia de descumprimento. No entanto, os servidores permaneceram em greve.
No início de agosto, apenas 40% das escolas estavam paralisadas, porém, Mauro ameaçou demitir os grevistas e abrir processos administrativos disciplinares (PAD) por abandono do emprego.
Já no dia nove de agosto, os profissionais da educação de Mato Grosso decidiram em Assembleia Geral suspender a greve. O embate acabou após o governador prometer que pagaria a RGA e a lei de carreira assim que tivesse disponibilidade de caixa.
De acordo com a categoria, se a Lei 510/2013 não for cumprida até maio de 2020, a greve volta com força total.
No dia 14 de agosto, todos os servidores voltaram ao trabalho e encerraram oficialmente a greve. Sobraram 42 dias de aulas para repor, o que deixou algumas escolas com aulas até fevereiro de 2020.