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Política Terça-feira, 04 de Maio de 2021, 09:10 - A | A

Terça-feira, 04 de Maio de 2021, 09h:10 - A | A

CPI da Covid-19:

Mandetta diz que foi contra cloroquina e defendeu distanciamento social; “estávamos preocupados com Cuiabá”

Ele é o primeiro a falar sobre a condução do Governo Federal no combate a pandemia

Lucione Nazareth/VGN

VG Notícias

ministro Henrique Mandetta

  Ele é o primeiro a falar sobre a condução do Governo Federal no combate a pandemia

 

 

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado (CPI da Covid), que investiga a condução do combate à pandemia pelo governo federal e o uso de verbas federais transferidas aos Estados e municípios, ouviu nesta terça-feira (04.05) o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Ele é o primeiro a falar sobre a condução do Governo Federal no combate a pandemia.

Mandetta ocupou o cargo de ministro da Saúde de janeiro de 2019 a abril de 2020, início da pandemia. Desde então, o ex-ministro é crítico quanto à forma que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem conduzindo ações para o combate a pandemia e também da vacinação da população.

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Na sessão, Mandetta iniciou afirmando que todas as pactuações para combate a pandemia era realizada de forma tripartite (União, Estados e municípios), e que chegava trabalhar até 21 horas (técnicos também do Ministério da Saúde) para desenvolvimento de ações de monitoramento da transmissão do vírus, e que foram feitas todas as orientações necessárias para Estados e municípios sobre leitos, testagem das pessoas e também aquisição de medicamentos.

O ex-ministro contou que quando começou a pandemia, entre janeiro a fevereiro de 2020, não existia qualquer caso de pessoas contaminados e por isso recomendou que deveria procurar unidades hospitalares só quando estivesse em situação grave.

“Naquele momento não existia nenhum caso. Existia apenas um medo, um pânico em decorrência das notícias que vinha de fora, como a Itália. Por isso orientamos que as pessoas não deveriam procurar os hospitais porque se não naquele momento poderia gerar aglomeração e a transmissão poderia ocorrer em uma pessoa que tivesse contaminado”, declarou o ex-gestor.

Conforme ele, todas as orientações em sua gestão foram “assertiva”.“E eu alertava Manaus, tinha uma preocupação com Cuiabá. Cuidado, não acreditem. Se preparem. Diziam naquela época que lugares quentes não transmitia o vírus. Orientamos eles a adotarem providências e medidas de prevenção”, contou.

Luiz Henrique destacou que enquanto ministro desenvolveu ações para aquisição de medicamentos no combate ao vírus, e que realizou processo para aquisição de testes para Covid-19, porém, ele deixou o cargo e procedimento não foi para frente.

Ele declarou que inicialmente foi aberto 15 mil leitos de UTI em pouco mais de 30 dias, em parceria com Estados e municípios, com distribuição de insumos e equipamentos hospitalares. “Passamos aquela primeira onda sem ter desabastecimento de equipamentos, como respiradores. Houve naquela época briga entre Estados por conta de respiradores. Mas, nós conseguimos atender todos naquele momento”, afirmou.

Mandetta afirmou que na sua gestão nenhuma farmacêutica apresentou vacina para combater o vírus, e que naquele momento elas ainda estavam em confecção ou na fase inicial. “Não tínhamos vacinas naquele momento. Tinha na época processo de intenção de produzir as vacinas. Rezava na época para alguém oferecer as vacinas porque iria atrás como se fosse prato de comida. Sabíamos que era única solução”, disse.

Sobre o isolamento social, o ex-ministro apontou que a medida era adequada a ser adotada desde do início da pandemia pela “competência de transmissão do vírus”. “A doação ela entrou pelos ricos. Ela estava na Barra, no Leblon, não estava ainda nas pessoas que utilizam no Sistema Único de Saúde. Naquele momento deveria ter tido uma fala para recomendação da medida de prevenção”.

O ex-ministro disse que houve uma divergência de opiniões entre ele e Jair Bolsonaro, em relação ao isolamento vertical. “Defendia isolamento social, como médico sempre irei defender a melhor opção de prevenção pensando na saúde das pessoas. Mas, nunca houve discussão e desentendimento com o presidente”.

Ele contou que em 28 de março de 2020, após várias reuniões ministeriais, decidiu entregar uma carta a Bolsonaro falando da importância de seguir a recomendação do isolamento social invés do vertical. “Naquela época tinha um mal-estar com o presidente. Ele insistia em defender o isolamento vertical que acredito que pode ser indicado por assessores ou algum técnico”.

Sobre o uso da cloroquina, o ex-gestor negou ter defendido a utilização do medicamento. “O uso é muito perigoso. Não tinha dados de comprovação da eficácia do medicamento. Então não recomendamos o seu uso”, disse ex-ministro ao abordar o tema afirmando que foi usado remédio apenas para "uso abitual" no SUS.

Ele declarou que Bolsonaro sempre estava disposto a ouvir as suas recomendações tendo ocorrido apenas divergência na questão do isolamento vertical, e negou desentendimentos ou discussões com os demais ministros enquanto esteve no staff Presidencial.

Na CPI, Mandetta contou que uma reunião no Palácio da Alvorada avistou um documento em que indicava mudança da bula da cloroquina no qual seria inserido: “medicamento indicado para Covid”. “Não sei como indicou, mas alguém foi. Mas, isso não foi para frente”.

O ex-ministro afirmou que “jamais pediria demissão”, e que tinha compromisso com o paciente “chamado Brasil”, e que não negociaria “valores como médicos”. “Causou muita estranheza uma quarentena de 180 dias, quando sai do Ministério da Saúde. Esse entendimento foi dado pela Presidência só a mim, ao outro ministro (Nelson Teich) não foi. Mas, entendo que não foi perseguição”.

Segundo ele, enquanto teve no Ministério da Saúde, existia um mal-estar com a China que estava sendo puxado pelos filhos do presidente. “Existia mal-estar com China e mesmo assim tentei conversa com o embaixador China para nos ajudar”.

Ele “culpou” o Ministério da Relações Exteriores na demora pelo acordo com o Consórcio Covax Facility para intenção de obter vacinas; e negou pressão por parte do presidente para mudar postura sobre medidas. “O SUS podia mais. O Brasil poderia estar vacinando desde de novembro do ano passado”, destacou o ex-ministro. 

Ele disse que na sua gestão mandou técnicos para controlar “gestão de crise” entre Governo do Amazonas e a Prefeitura de Manaus, e que não faltou dinheiro para controlar a pandemia naquele Estado. “Não faltou dinheiro. Pode ter faltando outra coisa”.

Ao final declarou: “Aqueles que estão presos na verdade científica, ele tem que demonstrar. Os países do mundo estão procurando remédio, mas até agora não temos: esse medicamento era para Covid-19. Nós não temos problema nenhum com cloroquina. Mas, não tem comprovação”, afirmando que sempre adotou medidas baseado na ciência.

 

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