O 2º tenente da Polícia Militar de Mato Grosso, Elias Ribeiro da Silva, 54 anos, teve a prisão em flagrante convertida em preventiva e foi transferido para a Cadeia Pública de Chapada dos Guimarães, unidade destinada a policiais militares e civis. A decisão foi tomada nesta segunda-feira (25.03) durante audiência de custódia, após o policial ser preso pelo assassinato de Claudemir Sá Ribeiro, 26 anos, na noite de domingo (23), em um bar no município de Colniza (a 1.065 km de Cuiabá).
Elias era diretor da Escola Estadual Militar Tiradentes no município e foi filmado no momento em que saca a arma e dispara contra Claudemir, que estava sentado com amigos. A vítima ainda tentou correr, mas caiu na calçada. O Samu foi acionado e constatou o óbito no local. Leia mais: Vídeo mostra 2º tenente da PM matando jovem; Imagens derrubam versão do suspeito
Durante o interrogatório, Elias afirmou que estava no bar acompanhado de mulheres que conheceu em um pesqueiro. Segundo ele, ao sair do banheiro foi informado por um desconhecido que Claudemir seria “disciplina” de uma facção criminosa e que o militar estaria “oprimindo os irmãozinhos da escola”, referência à Escola Militar Tiradentes, onde atuava como diretor. A justificativa, no entanto, foi confrontada pelas imagens captadas no local do crime, que indicam que não houve qualquer ameaça ou reação por parte da vítima.
Na decisão, o juiz Guilherme Leite Roriz, da Vara Única de Colniza, o juiz destacou não haver “motivo aparente” para a execução e classificou o ato como “frio” e “sem chances de reação”. O magistrado frisou que “a suposta participação da vítima em facção criminosa não autoriza o custodiado a agir por conta própria”, reforçando que apenas o sistema de Justiça tem competência para aplicação da lei penal.
Além de autorizar a prisão preventiva, o juiz também deferiu pedidos do Ministério Público para busca e apreensão de objetos na residência do tenente, e autorização para extração de dados de celulares apreendidos. A perícia deverá analisar mensagens, ligações e arquivos armazenados, que podem colaborar com as investigações.
A defesa do policial solicitou que a prisão fosse cumprida em uma unidade militar, alegando sua condição de PM aposentado. O pedido foi parcialmente acolhido. Considerando a superlotação da Cadeia de Colniza e os riscos à integridade física do acusado, o juiz determinou a transferência de Elias para a unidade prisional de Chapada dos Guimarães, onde estão outros militares presos.
Claudemir Sá Ribeiro, além de segurança de fazenda, era conhecido no município por construir uma réplica artesanal do caça Super Tucano da Força Aérea Brasileira, utilizando materiais recicláveis. Ele morreu com um único tiro. Familiares e amigos cobram justiça. Leia mais: 2º tenente da PM mata jovem que construiu réplica de aeronave da FAB