A juíza do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), Edna Ederli Coutinho, autorizou busca e apreensão no batalhão de Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam) na investigação aberta contra quatro policiais militares alvos da Operação Office Crimes: A Outra Face, que investiga o homicídio do advogado Renato Gomes Nery, em Cuiabá.
Os policiais envolvidos são: Leandro Cardoso, Wailson Alesandro Medeiros Ramos, Jorge Rodrigo Martins e Wercerlley Benevides de Oliveira. A magistrada decretou nova prisão temporária deles por suposta fraude referente à arma utilizada no crime.
Na decisão, Edna Ederli requereu imediata obtenção da escala de plantão de todos os policiais no mês de julho de 2024, bem como em dependências do Batalhão que o curso das buscas indicar a necessidade do cumprimento para obtenção de elementos de provas; apontamento de todas as viaturas que os PMs utilizaram no mês de julho de 2024, qual o destino e períodos de deslocamento.
“Defiro a realização de busca e apreensão nas dependências do Batalhão de Rotam, localizado nesta capital mato-grossense, e nos veiculos utilizados pelos representados, nos termos requerido pela autoridade policial. Por cautela, determino o acionamento da Corregedoria-Geral da Polícia Militar para o acompanhamento das diligências nas dependências do Batalhão da Rotam, bem como para fornecer informações que se fizerem necessárias”, diz trecho da decisão.
Ela ainda autorizou a quebra do sigilo telefônico e telemático dos militares. “Autorizo que todos os aparelhos telefônicos, eventualmente apreendidos, objetos da presente representação, sejam copiados pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil do Estado de Mato Grosso”, diz outro trecho da decisão.
Para justificar a decisão, Edna Ederli afirmou que ficou demonstrado nos autos que os policiais militares investigados simularam um confronto com criminosos para justificar a posse da arma utilizada no homicídio de Renato Nery, e fazer crer que a arma pertenceria aos "tais criminosos" que entraram em confronto com eles.
“A vítima do roubo teria declarado que apenas um dos suspeitos estaria com arma de fogo; o adolescente 'P' confessou a prática do ato infracional análogo ao crime de roubo, mas declarou ter utilizado apenas uma réplica de arma de fogo, descrita como um revólver de brinquedo; as armas de fogo não foram constatadas no local de crime, conforme laudo pericial de local de crime, tendo sido entregues diretamente ao perito, pelo policial militar Sargento Jorge Rodrigo Martins, envolvido no evento”, diz trecho da decisão.
Sobre as buscas, a juíza frisou que o objetivo é a colheita de elementos probatórios acerca da materialidade e autoria do crime de homicídio qualificado e organização criminosa, além de outros porventura descortinados.
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