A 27ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá denunciou nesta quarta-feira (26.03) Nataly Helen Martins Pereira por diversos crimes, incluindo feminicídio, tentativa de aborto, subtração de recém-nascido, parto suposto, ocultação de cadáver, fraude processual, falsificação de documento particular e uso de documento falso. Ela é acusada de assassinar a adolescente Emelly Beatriz Azevedo Sena, 16 anos, grávida de nove meses, no dia 12 de março deste ano.
Conforme o Ministério Público de Mato Grosso, Nataly atraiu Emelly sob o pretexto de doar roupas para sua bebê, mas, ao encontrá-la, imobilizou e asfixiou a vítima, levando-a à morte e colocando a vida do feto em risco. “Nataly realizou uma cesárea improvisada enquanto Emelly ainda apresentava sinais vitais, sem qualquer anestesia ou procedimento para minimizar a dor, causando-lhe sofrimento físico intenso e desproporcional”, descreve a denúncia.
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Após retirar a criança do ventre da jovem, Nataly ocultou o corpo, enterrando-o no quintal de sua residência, e se dirigiu a um hospital alegando ter dado à luz. No entanto, exames médicos confirmaram que ela não havia passado por um parto recentemente. Além disso, a acusada tentou apagar provas, limpando o local do crime, e usou o celular da vítima para enviar mensagens falsas aos familiares. Também teria falsificado um exame de gravidez para sustentar a farsa de que estava gestante.
O promotor de Justiça Rinaldo Segundo destacou que o crime configura feminicídio, pois foi cometido com menosprezo à condição de mulher da vítima. “Nataly tratou Emelly como um mero recipiente para o bebê que desejava, demonstrando total desrespeito por sua integridade e autodeterminação. Ela manteve contato com a vítima por meses apenas para monitorar sua gestação e, no momento oportuno, apropriar-se violentamente do fruto de seu ventre”, afirmou.
As investigações revelaram que Nataly, mãe de três meninos e impossibilitada de engravidar após uma laqueadura, desejava ter uma filha. Para isso, mapeou mulheres grávidas de meninas e se aproximou de Emelly por meio de um grupo de WhatsApp voltado à troca e doação de itens para bebês. Foi assim que conseguiu atrair a adolescente para o local do crime, usando a falsa promessa de doações.
O promotor ressaltou que a tipificação do crime como feminicídio não diminui o trabalho “brilhante e célere” realizado pela Polícia Judiciária Civil, incluindo delegados, investigadores e escrivães responsáveis pelo caso.
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