A bióloga Rafaela Screnci da Costa Ribeiro foi aconselhada a fugir, por amigos, após atropelar três jovens em dezembro de 2018 na frente da boate Valley Pub, em Cuiabá. A informação foi revelada por uma das testemunhas ouvidas na Ação Penal em que Screnci responde pelo crime. Uma nova audiência foi agendada para o dia 04 de julho às 16 horas.
Rafaela Screnci responde por crime de homicídio, na modalidade de dolo eventual (por duas vezes), e homicídio tentado. Myllena de Lacerda Inocêncio, de 22 anos, morreu no local do acidente. O cantor Ramon Viveiros, 25 anos, morreu cinco dias depois, no hospital em que estava internado. Somente Hya Girotto, de 21 anos, sobreviveu.
Na época do acidente, Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, que dirigia a caminhonete, passou por audiência de custódia no dia seguinte ao acidente, pagou fiança de R$ 9,5 mil e foi libertada.
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Na audiência desta terça-feira (31.05), a testemunha Francieli Sabino, caixa da boate Malcon Pub, em Cuiabá, onde Rafaela Screnci estava antes do acidente, afirmou que no dia do atropelamento a bióloga havia consumido muita bebida alcoólica, e que antes de pegar seu veículo para ir embora, estava com muita dificuldade em colocar a digital no estabelecimento.
Ainda segundo ela, alguns frequentadores da boate teriam tentando segurá-la por estar visivelmente embriagada, e que inclusive tentaram pegar a chave do carro. Porém, ela evitou afirmar que Rafaela estava bêbada, e que apenas ouviu os relatos de frequentadores.
Já Mogar Meirelles, motorista que interceptou a caminhonete da bióloga após o acidente, disse que presenciou o momento em que a acusada atropelou os jovens. Ele contou que Rafaela estava visivelmente embriagada e que sentiu cheiro de vômito saindo do veículo.
Conforme ele, ao descer do carro, Screnci não sabia o que tinha acontecido, e que um certo momento alguns amigos dela teriam se aproximado e sugerido para mesma fugir, no entanto, ela se negou e pediu para que as pessoas explicassem o que estava acontecendo.
“Ela não sabia o que tinha acontecido. Quando veio os amigos e mandaram ela fugir, ela perguntou: por quê? Quando viu uma das vítimas caída próxima à calçada (Ramon Viveiros), a motorista sentou na calçada e começou a chorar. Então, ela não tinha qualquer consciência do que tinha acontecido. Depois ela foi levada por uma pessoa da família, acho que o pai, na viatura da polícia”, contou a testemunha.
Atualizada às 15h40 - O sargento da Polícia Militar, Edinei Gustavo, narrou que Rafaela Screnci foi detida próxima ao Hotel Deville, e que posteriormente ela foi conduzida até o local do atropelamento. “Ela estava em silêncio. A única que percebi que ela tinha defecado na viatura. Ela estava com a cabeça baixa, parecia que estava dormindo”, contou o militar.
Segundo ele, a situação foi “aterrorizante, traumática" ao ver as pessoas caídas ao solo, sendo que uma já estava em óbito. O militar afirmou que o local em que ocorreu o acidente não é adequado para travessia de pedestres.
Já o soldado da PM, Lyndolfo Tiago relatou que logo após o acidente eles encontraram a bióloga sentada ao chão, próximo a sua caminhonete, e que ao ser levantar a mesma teve dificuldade e estava visivelmente embriagada, com os olhos vermelhos.
Ele reforçou o depoimento do colega de farda de que as vítimas realizaram a travessia no local inadequado, e que inclusive pelas câmeras de segurança foi possível avistar que uma das vítimas estava dançando no meio da rua momento antes do atropelamento. “Tem uma faixa de pedestre a menos de 50 metros do local do acidente. Na Valley sempre que tem evento as pessoas fazem aglomeração de pessoas principalmente na rua”, contou o policial.
Atualizada às 16h10 - O cabo da Polícia Militar, Fernandes Lopes, afirmou que ao chegar com a bióloga no local do acidente as pessoas estavam visivelmente revoltadas, e que o receio dos policiais era que alguém tentasse algo contra a suspeita.
O policial contou que não tinha ciência do que havia ocorrido, e que aparentemente a motorista pode ter tentando fugir do local, porém, a caminhonete de Rafaela colidiu com outro veículo. “Na condição do atropelamento, era impossível que ela estivesse em velocidade baixa, principalmente pelas lesões das vítimas e a distância do veículo após a colisão, cerca de 60 metros”, relatou o cabo.
Ao final, o juiz Flávio Miraglia Fernandes marcou nova audiência para o dia 04 de julho às 16 horas.
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