José Mário Gonçalves, pai de Mirella Poliane Chue de Oliveira, morta aos 11 anos por envenenamento, disse nesta quinta-feira (09.12), durante julgamento de Jaíra Gonçalves de Arruda Oliveira, acusada de matar sua enteada, que jamais suspeitou que a filha estava sofrendo envenenamento, e que visitou a ex-companheira uma única vez na Penitenciária Ana Maria do Couto May.
Jaíra está presa desde setembro de 2019, acusada de matar envenenada a enteada com uma substância de venda proibida, ministrada gota a gota, entre abril e junho de 2019.
As investigações apontaram que a madrasta queria ficar com uma indenização que Mirella tinha direito pela morte da mãe durante o parto, decorrente de erro médico em um hospital da capital. A ação foi movida pelos avós maternos da criança. Em 2019, após 10 anos, o processo foi encerrado, e o hospital foi condenado a pagar uma indenização de R$ 800 mil à família, já descontando os honorários advocatícios.
Depoimento
No julgamento nesta quinta (09), José Mário afirmou que Jaíra Gonçalves era a única pessoa que cuidava e dava comida para Mirella após a filha adoecer. Segundo ele, a filha ficava bem todas às vezes que voltava das internações médicas, mas que ao passar alguns dias em casa, a menina piorava, vomitando e tendo diarreia. “Eu sinto demais a morte da minha filha. Minha única filha. Eu sinto demais”, disse emocionado.
“Quero que acabe logo tudo isso. Quero justiça doa a quem doer. Eu não aguento mais. Estou há cinco anos de luto. Eu perdi meu pai, minha mãe, minha mulher, minha filha. Estou sozinho. É só porrada de todo lado”, declarou emocionado o pai de Mirella Poliane.
O pai declarou que jamais suspeitou que Mirella Poliane estava sofrendo envenenamento, e que acredita que os exames médicos deveriam ter revelado as causas durante o tratamento, negando qualquer negligência por sua parte.
Sobre o laudo médico que constatou a morte por envenenamento, muito emocionado, José Mário disse que ficou surpreso quando viu o laudo. “Nunca imaginei que ela teria morrido disso”, contou. José Mário negou que tenha presenciado Jaíra pedindo exame médico do Instituto Médico Legal (IML) para apurar a causa da morte, assim como quando pediu laudo de gasto médico no Hospital particular.
Em relação ao relacionamento de Mirella e Jaíra, ele contou que era bom e que a filha chamava a madrasta de "mãe". "Era um bom relacionamento. Eu supunha que Jaíra amava a minha filha. A Mirela inclusive chamava Jaíra de mãe de forma espontânea”.
No depoimento, ele contou que Jaíra era uma pessoa de gênio forte, e que chegou a pedir a separação, mas que depois dela ter ameaçado suicidar-se e outros argumentos, retrocedeu e retomou o relacionamento.
Ele confirmou que escreveu uma “carta de amor” para Jaíra assim que ela foi presa, mas negou ter escrito uma segunda após ter conhecimento que a filha foi morta por envenenamento. Mário contou que visitou Jaíra uma única vez na Penitenciária Ana Maria do Couto May com intuito de ouvir da boca da suspeita a “verdade”.
“Ela negou ter feito qualquer coisa. Eu, na época ouvi e quis sair daquele local. Mas, hoje em diante de todos os indícios que consta nos autos, acredito que ela matou minha filha”.
Sobre o dinheiro da indenização, o pai contou que ele e Jaíra usavam para pagar despesas da casa, gastos médicos e pagar contas, e foi depositado em torno de R$ 35 mil da indenização na conta de Mirela. “Era difícil negociar com a avó da Mirella. Era uma pessoa difícil de ser tratar. Eu deixei de mão do valor da indenização. Eu não aguentava mais a pressão deles. Aí deixei a pensão da indenização para avó da Mirela”, contou.
Leia Também - TJ suspende lei em MT que autoriza Câmara afastar prefeito por crime de responsabilidade
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).