A juíza federal Clara da Mota Santos Pimenta Alves, que auxilia o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, foi vítima de agressões verbais com teor xenofóbico, em uma pizzaria de Cuiabá. A magistrada registrou boletim de ocorrência na Polícia Federal sobre o ocorrido, e também apresentou denúncia no setor de Compliance da multinacional na qual o homem trabalha, para que haja responsabilização.
A magistrada, que até setembro deste ano integrou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT), relatou que foi vítima de ofensas feitas por um dirigente brasileiro da petrolífera britânica British Petroleum (BP), na última sexta-feira (04.11).
Conforme o relato feito à Polícia Federal e à empresa, a magistrada estava em uma pizzaria com as duas filhas, após uma apresentação na escola, acompanhada de outros pais e crianças. Em um determinado momento iniciou-se uma conversa sobre as eleições presidenciais, e um dos integrantes da mesa afirmou que houve fraude no processo. Clara defendeu o sistema eleitoral, esclarecendo que ele era íntegro.
Segundo a juíza, ciente de que ela [Clara era magistrada e nascida no Estado da Bahia], o homem que estava na mesa disse que a vitória de Lula (PT) se devia ao fato dos baianos terem votado no petista, que se tratavam de “assistidos” e que a Bahia “não representa o PIB” e “não produz nada”. Ele ainda completou dizendo que Lula foi votado por servidores públicos que “não trabalham” e “não fazem nada”.
Após ouvir as ofensas, Clara deixou o local e passou a adotar as medidas legais para responsabilizar, civil e criminalmente, o agressor.
Na sessão desta terça-feira (08.11) do Pleno do TRE-MT, o presidente da Corte, desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, manifestou sua solidariedade à colega magistrada e integrante do Pleno.
“Quero manifestar minha solidariedade à doutora Clara da Mota Santos Pimenta Alves, juíza federal, e que integrava dias atrás essa Corte Eleitoral, pelas agressões verbais sofridas contra sua pessoa de sua família, por um indivíduo que certamente não tem as raízes mato-grossenses. É repugnante a discriminação que vem assolando este país por causa de viés político. Cada um de nós temos a responsabilidade do futuro e de promover a pacificação e para isso devemos começar a registrar esses fatos, essas agressões e processar os seus autores. [...] Esteja certa e assim deve agir mesmo punindo os agressores”, disse o desembargador.
A manifestação de Carlos Alberto Alves teve adesão dos demais membros da Corte Eleitoral e da Procuradoria Regional Eleitoral.
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