Fora do comando do Estado, o ex-governador Silval Barbosa usou de ameaças para tentar receber o restante de uma propina cobrada do empresário Milton Bellicanta, para adotar medidas judiciais e administrativas que fixassem alíquotas diferenciadas de ICMS para as empresas: Vale Grande Indústria e Nortão Industrial de Alimentos. A informação consta da denúncia oferecida pelo Ministério Público contra Silval, o empresário, Antônio Barbosa, os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, e o procurador aposentado Chico Lima. Eles são acusados de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
De acordo com a denúncia, a organização criminosa liderada por Silval, teria cobrado a quantia de R$ 8 milhões, porém, após “choro” do empresário, o valor da propina caiu para R$ 5,6 milhões. No entanto, do valor da propina solicitada e ao final ajustada o empresário pagou somente R$ 1,9 milhão durante o período de julho a dezembro de 2014. Restando uma diferença de 3,7 milhões.
Para não perder a propina combinada, segundo o MPE, em abril de 2015 – cinco meses antes de ser preso -, Silval Barbosa solicitou uma reunião com Milton Bellicanta, que aconteceu no escritório do advogado do empresário, na Capital, cujo objeto foi exclusivamente o de cobrar o pagamento da propina remanescente.
Ainda, conforme o MPE, em meados de 2015 o empresário foi novamente procurado por Silval Barbosa solicitando uma nova reunião, que aconteceu nas dependências do frigorífico Frialto na cidade de Sinop.
Na reunião, de acordo com o MPE, compareceram Silval Barbosa e Pedro Nadaf, sendo que o ex-governador insistiu no pagamento do valor restante dizendo: “...essa história não vai acabar bem, eu já fiz minha parte falta você fazer a sua..”, completando ainda: “... isso não vai ficar bom pra você caso não realize o pagamento do que você me deve...”. A ameaça foi ratificada pelos colaboradores Milton Bellicanta e Pedro Nadaf.
Ainda, conforme o MPE/MT, as cobranças continuaram durante o segundo semestre de 2015, sendo que as duas últimas aconteceram na cidade de São Paulo, uma nas dependências de um hotel localizado na Vila Olímpia, e outra no escritório da empresa, localizado também na Vila Olímpia, tendo ocorrido poucos dias antes da prisão de Silval Barbosa – estes fatos foram confirmados pelo ex-governador.
Entenda – Na denúncia, o MPE cita que em meados de 2014, a organização criminosa, por intermédio do seu líder, Silval Barbosa, solicitou propina do empresário Milton Bellicanta para adotar medidas judiciais e administrativas que fixassem alíquotas diferenciadas de ICMS às suas empresas: Vale Grande Indústria e a Nortão Industrial de Alimentos.
Para dissimular e ocultar a origem do dinheiro, o empresário foi orientado a simular a comercialização de gados com a Fazenda Bom Retiro – de propriedade de Silval, e a Agropecuária Ponto Alto – de propriedade de Milton, e com a Fazenda Serra Dourada II – de Antônio Barbosa e a Fazenda Olho D’Agua de propriedade de Sebastiao Fernandes Lage Filho – no valor total de R$ 1 milhão.
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