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VGNJUR Terça-feira, 05 de Novembro de 2024, 15:04 - A | A

Terça-feira, 05 de Novembro de 2024, 15h:04 - A | A

Operação Bruciatto

Empresário afirma que cortou relação com líder de esquema bilionário de "garimpo fantasma"

Investigação apura suposto esquema bilionário de garimpo ilegal de ouro na Amazônia

Lucione Nazareth/VGNJur

O empresário Pedro Eugênio Gomes Procópio da Silva, dono da empresa Fênix DTVM, afirmou em depoimento na Polícia Federal que, desde janeiro de 2023, não tem qualquer relação comercial com a Mineradora Dente Di Leone, de propriedade de Pedro Lima dos Santos, apontando como suposto líder de um suposto esquema bilionário de garimpo ilegal de ouro na Amazônia. O depoimento foi prestado em 09 de outubro.

Pedro Eugênio Gomes foi um dos alvos da Operação Bruciatto II, deflagrada em 11 de setembro deste ano pela Polícia Federal. O empresário obteve habeas corpus junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deixou a cadeia.

Leia Mais - STJ concede liberdade a empresário acusado de comércio ilegal de ouro

Conforme a Polícia Federal, as investigações apontam que a Mineradora Dente Di Leone, de Pedro Lima, comprava ouro extraído ilegalmente da Terra Indígena Kayapó e de outras lavras irregulares nos Estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Roraima. A Dente Di Leone teria comercializado 3,14 toneladas de ouro ilegal entre 2021 e 2023, faturando R$ 847 milhões com a venda para empresas intermediárias.

Ainda segundo as investigações, Pedro Lima tinha em seu nome uma PLG em Cumaru do Norte, localizada em uma área vizinha à TI Kayapó, no limite leste do território. Legalizada, essa lavra informou uma megaprodução nos últimos anos, mas imagens de satélite não mostram sinais de atividade garimpeira no local.

Pedro Eugênio Gomes, conforme a Polícia Federal, teria visitado a PLG da Mineradora Dente Di Leone em 2021, assim verificou-se relação comercial entre o empresário e a mineradora do Pará no comércio de minério.

Depoimento na PF

Em depoimento à PF, Pedro Eugênio afirmou que, em 2021, foi levado até a PLG da mineradora de forma equivocada por Pedro Lima, e que na ocasião, o combinado seria visita in loco a outra instalação da empresa [sem fornecer mais detalhes]. Aos agentes, o empresário garantiu possuir documentos que comprovam que a Fênix DTVM deveria visitar outro local.

O empresário afirmou que nunca visitou a sede da Mineradora Dente Di Leone, e que cortou relações comerciais com a citada empresa em janeiro de 2023 em decorrência de um inquérito administrativo pelo descumprimento de regra de risco (volume, frequência ou denúncia - sem precisar quais dos três teriam ocorrido).

As investigações 

Segundo a Polícia Federal, o esquema era baseado no uso de um “garimpo fantasma” no Pará para emitir documentos falsos e “esquentar” (legalizar) o ouro extraído ilegalmente de várias regiões da Amazônia. Além da TI Kayapó, a suspeita é de que ouro retirado da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, também tenha sido “esquentado” pelo esquema.

Pedro Lima é descrito como “o principal articulador da prática ilícita do ‘esquentamento do ouro’”.

Além do “garimpo fantasma”, a investigação aponta que a organização criminosa envolveu uma série de atores para mascarar a origem do minério, como mineradoras, cooperativas de garimpeiros, postos de combustíveis e lojas de joias e de aluguel de máquinas, alguns deles de fachada. 

A Polícia Federal descobriu ainda que a Dente Di Leone comprava o minério de diversas fontes, incluindo garimpeiros, cooperativas e empresas ligadas à atividade mineradora. Conforme as investigações, Pedro Lima enviou “vultosas remessas de valores aos investigados e [a] outros não identificados, que atuam diretamente na exploração mineral”. 

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