Uma conversa interceptada no aparelho do prefeito afastado de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), revelou acusações graves contra o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União). O diálogo, entre o prefeito e o escrivão da Polícia Civil, Rodrigo Oliveira Mendes de Melo, sugere que o governador estaria envolvido em práticas de gravação ilegal de deputados estaduais.
Segundo informações obtidas pelo Ministério Público Estadual (MPE), a conversa, datada de 17 de setembro de 2021, menciona que o governador Mendes e seu então secretário da Casa Civil, Mauro Carvalho, estariam gravando secretamente diversos deputados estaduais, incluindo a deputada Janaina Riva, o deputado Max Russi e o presidente da Casa, Eduardo Botelho, desde abril de 2019. Os registros mencionados na conversa incluem o tempo de duração das gravações para cada político.
No entanto, segundo a denúncia do MPE, o escrivão compartilhou as informações atribuindo ao governador Mauro Mendes, mas sem verificar sua veracidade. Após receber as informações, o prefeito perguntou ao escrivão “se aquilo era verdade”, e Rodrigo respondeu que suas "fontes" afirmaram que havia uma grande probabilidade, mas ele não tinha certeza. Ele ainda garantiu que iria investigar a situação. Contudo, não tocou mais no assunto, conforme o MPE.
O MPE sugere que o escrivão estava buscando estabelecer uma relação de aliado com o prefeito, transmitindo informações que poderiam beneficiá-lo.
“Ou seja, o EPC Rodrigo transmitiu informações graves sem verificar sua veracidade. Depois disso, não houve mais trocas de mensagens sobre o assunto entre o Escrivão e o EPC Rodrigo. A partir desse contexto, podemos entender que o EPC Rodrigo queria mostrar ao Prefeito que era seu aliado e que estava buscando informações que beneficiassem o Prefeito”, diz trecho do inquérito.
Na época das conversas, em 2021, Rodrigo estava lotado na Delegacia de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública. A interceptação dessas conversas fez parte das investigações que culminaram no afastamento de Emanuel Pinheiro do cargo de prefeito.
O governador Mauro Mendes e sua equipe ainda não se pronunciaram sobre as acusações mencionadas na conversa interceptada.
Dos autos
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