Em depoimento à procuradora Cristina Nascimento Melo, do Ministério Público Federal (MPF), o empresário Luiz Gonzaga Júnior, popular Júnior Brasa, da Agência Genius AT Work Produções Cinematográficas, reafirmou que a juíza aposentada Selma Arruda firmou contrato com sua empresa em abril de 2018 – para pré-campanha e campanha eleitoral. O depoimento foi prestado nessa segunda-feira (01.10).
À procuradora, o empresário negou ter extorquido ou chantageado Selma, como também qualquer envolvimento em ato político com intuito de prejudicar a candidata. Conforme ele, nenhum partido político e muito menos candidato o procurou para mover a Ação, relatando que tinha conhecimento de que tal fato poderia interferir na campanha da juíza aposentada, mas que ela também deveria ter se preocupado com tal situação ao não honrar o compromisso com ele.
Questionado pela procuradora se tinha conhecimento da origem do dinheiro para pagar despesas eleitorais da candidata - o publicitário disse que Selma Arruda comentou que seu suplente era do agronegócio e financiaria sua campanha. Segundo ele, a candidata externou a preocupação do suplente passar o dinheiro direto ao partido - e este não honrar suas dívidas. Vale lembrar que o 1º suplente de Selma é o empresário de Sorriso, Gilberto Possamai (PSL) -, que declarou à Justiça Eleitoral possuir um patrimônio de R$ 44,3 milhões.
“A percepção é que Gilberto seria a fonte dos recursos, embora passassem pela conta da candidata, e esta emitia os cheques”, declarou.
Sobre os valores recebidos, o empresário contou que os serviços começaram em abril e a Selma pagou R$ 700 mil parcelados, da seguinte forma. R$ 330 mil já na campanha, que compreendia o marketing eleitoral, o desenvolvimento das redes sociais, da assessoria de imprensa e da gravação de todos os programas eleitorais, mais todos os vídeos necessários para uso nas redes sociais. O contrato abrangeria fase 1 de pré-campanha e fase 2 de campanha. No início com nove pessoas e já no final com 40 pessoas envolvidas na campanha.
Júnior Brasa disse que nunca manteve contato com o partido – apenas com a candidata Selma Arruda. E que em 4 de abril enviou o contrato conforme combinado por email e o primeiro pagamento foi efetuado em 9 de abril. O publicitário afirmou que Selma honrou todos os pagamentos combinados e inclusive pagou por duas pesquisas eleitorais para a Vetor na pré-campanha.
“Houve a contratação da empresa Vetor de pesquisa qualitativa pela candidata, para avaliação de cenário e que para contratação de pesquisa qualitativa há vinculação com o fim, constando foto, nome, slogan, como candidata”, consta do depoimento.
Sobre o autofinanciamento, ele disse que questionou Selma Arruda e que ela afirmou ter feito uma pesquisa no Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT) sobre o assunto - e que estaria tudo em consoante com a lei. O empresário disse que todos os pagamentos foram feitos por meio de cheque e duas transferências bancárias.
Pagamentos em cheques: os nº 900778 e 900779 (doc. cinquenta mil reais), o que totalizou o valor da entrada de R$ 450.000 mil em 16/07/2018, foi emitido o cheque da mesma conta particular da requerida Selma Rosane sob os nº 900791 (doc. 10) no valor de R$ 100.000 mil, bem como o valor de R$ 150.000 mil, pagos por meio de cheque emitido pelo candidato suplente de sua chapa Gilberto Possamai (Banco do Brasil, agência 1492, conta corrente 109294 -4, nº 855020) na data de 07/08/2018 pré-datado para 07/09/2018.
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Em relação ao rompimento do contrato, Brasa contou que estava relacionado a desentendimento com Kleber Lima, mas que apesar disso, Selma ainda estaria usando material de campanha produzido pela sua agência de publicidade.
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Sobre a Ação contra Selma, Brasa declarou que tentou negociar diversas vezes com a candidata, mas sem sucesso, revelando que o valor da dívida, acrescido de multa, é no valor de R$ 1.160.000 milhão. No depoimento, o publicitário disse que prorrogou por várias vezes o prazo para o recebimento da dívida, inclusive tendo oferecido até uma proposta a ex-magistrada de que o débito fosse quitado em três parcelas de R$ 360 mil cada (valor total de R$ 1,08 milhão), excluindo a multa, no entanto, ela não aceitou.
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