Uma decisão da prefeita de Várzea Grande e da secretária de Desenvolvimento Urbano, Manoela Rondon Ourives Bastos, pode inviabilizar ou dificultar a construção de casas populares no município.
A prefeita e a secretária informaram à Associação das Construtoras e Incorporadoras de Mato Grosso (ACIMT) que a Prefeitura de Várzea Grande passará a exigir a construção de muros em obras residenciais dentro do município.
Membros da associação ouvidos pela reportagem do acreditam que a medida pode acabar com o mercado da construção civil voltado para grupos de baixa renda.
"Os lotes em Várzea Grande, principalmente os que estão em ruas pavimentadas, estão muito caros. Atender a esses clientes de baixa renda se tornou cada dia mais difícil. Eles têm direito à moradia!", afirmou uma empresária do setor ouvido pela reportagem. "Então, nós optamos por construir casas sem muro, porque o muro representava um custo adicional de aproximadamente R$ 20 mil no valor do imóvel", declarou.
A empresária, que pediu para não ser identificado com receio de represálias, explicou que a construção dos muros gera aumento dos custos e, com isso, as empresas não poderão mais oferecer casas em preços que variam de R$ 195 mil a R$ 230 mil — uma faixa de preço compatível com quem recebe de um a três salários mínimos.
A notícia da exigência foi comunicada aos empresários do setor da construção civil em uma reunião com a prefeita Flávia Moretti e a secretária Manoela Rondon Ourives Bastos no início de janeiro. Manoela é ex-cunhada de Flávia Moretti e já trabalhou em projetos arquitetônicos no município para a construtora MRV.
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No dia 28 de janeiro, a ACIMT enviou um ofício à prefeita solicitando uma nova reunião. Neste novo encontro, Moretti deve apresentar um "checklist" com exigências para a construção.
Para muitos construtores, as mudanças que devem ser impostas pela Prefeitura podem inviabilizar a continuidade das empresas menores no mercado. Com isso, o setor imobiliário pode se abrir para grandes construtoras, como é o caso da MRV, que tem como foco a comercialização de residências para famílias de baixa renda. A atual secretária de Desenvolvimento Urbano, Manoela Rondon Ourives, trabalhou da MRV antes de assumir o cargo na Prefeitura de Várzea Grande.
Segundo um corretor imobiliário ouvido pela reportagem do , a decisão da Prefeitura também pode provocar uma queda drástica nas vendas.
"Hoje, uma casa sem muro pode ser vendida por R$ 195 mil. Já uma casa com muro custaria R$ 230 mil", afirmou. "A maioria das pessoas prefere casa a apartamento, por isso busca financiamentos acessíveis para baixa renda, como aqueles oferecidos por essas construtoras. Se os custos dessas empresas aumentarem, a população pode ficar sem essa opção", declarou.
Outro lado
A reportagem do procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Várzea Grande e tentou contato com a secretária de Desenvolvimento Urbano, mas até o momento nenhuma resposta foi enviada.
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