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Penal Terça-feira, 15 de Outubro de 2024, 14:46 - A | A

Terça-feira, 15 de Outubro de 2024, 14h:46 - A | A

depoimento

Atualizado 21h27: Autor da chacina de Sinop é condenado a 136 anos, 3 meses e 20 dias de reclusão

Edgar Ricardo de Oliveira, responde por sete homicídios qualificados, incluindo o de uma adolescente, de 12 anos

Lucione Nazareth/VGNJur

Atualizado às 21h27min - A juíza anunciou a sentença do réu. O julgamento foi decidido por maioria, nos exatos termos da pronúncia, e resultou na condenação do acusado a 136 anos, 3 meses e 20 dias de prisão em regime fechado, além de 32 dias-multa. Ele também foi condenado a indenizar as famílias das vítimas no valor de R$ 200 mil, dividido igualmente. A pena será cumprida na Penitenciária Central do Estado.

O autor da chacina em Sinop, a 503 km de Cuiabá, o empresário Edgar Ricardo de Oliveira, declarou nesta terça-feira (15.10) que movimentava muito dinheiro com a execução de obras e que o jogo de sinuca, que culminou na chacina, foi "armado" pelo dono do bar, Maciel Bruno de Andrade Costa.

Três dias antes do crime, em 18 de fevereiro de 2023, Edgar revelou que ganhou R$ 18 mil no jogo de sinuca contra Getúlio Rodrigues Frazão e que, no dia do crime, foi convidado por Ezequias Souza Ribeiro para uma revanche com Getúlio. Conforme o acusado, na ocasião, o amigo teria mostrado uma foto com uma grande quantia de dinheiro, que seria usada na aposta.

O empresário contou que jogava sinuca como hobby e, naquele dia, havia levado R$ 5 mil em espécie. Horas antes do crime, durante o almoço, já tinha perdido R$ 2 mil para Getúlio e realizou um Pix no valor de R$ 4 mil para a vítima. Contudo, revelou que foi ameaçado por Orisberto Pereira Sousa (também morto na chacina) no momento em que comprava uma carteira de cigarros. "Ele jogou o cigarro no meu peito e disse: 'Você, que é brabão, olha o que eu tenho para você', e mostrou o cabo de uma arma", relatou.

Edgar negou que tenha premeditado o crime e afirmou que levou as armas de fogo — uma espingarda calibre 12 e uma pistola — para afastar uma manada de porcos que fica na estrada de acesso à sua chácara. "Se eu tivesse premeditado o crime, teria abastecido a minha caminhonete e tentado fugir com um Celta rebaixado."

Sobre a chacina, o acusado alegou que fez uso de pino de cocaína antes, sendo que nunca havia feito uso de qualquer entorpecente. “Quando perdi, eu falei para Ezequias Souza: vamos embora. Quando eu vi, ele estava enquadrando as pessoas com a arma. Eu me recordo de tudo. Está tudo gravado na minha memória. No jogo, eu nunca perdi a razão. Mas, neste dia, foi um ápice”.

Ele acrescentou: "Em todo momento, Bruno sugeria: 'Pode deixar, se ele ganhar, não vai levar', dando a entender que iria me roubar. Inclusive, Getúlio sussurrou algo parecido no meu ouvido. Falei: 'Cara, vocês não querem jogo, vocês querem guerra'. Então, tudo estourou e acabou acontecendo."

"Você acha que eu iria acabar com a minha vida por causa de um jogo de sinuca? Eu era um homem íntegro, trabalhador e honesto", finalizou. Ao final, declarou que o tiro em Larissa Frasão de Almeida foi acidental, assim como teria confundido Adriano Balbinote (que estava correndo quando foi atingido) com Josué Ramos Tenório — ambos foram mortos. "Luis Carlos também não queria atirar nele. Eu o confundi com um primo de Getúlio, que, dias antes, havia me ameaçado, dizendo que 'desceria minha barriga'".

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Acusações e Defesa Prejudicada

No depoimento, Edgar afirmou que Maciel Bruno teria arquitetado um assalto contra ele, pois sabia que ele andava com grandes quantias de dinheiro. Além disso, o acusou de ter instalado um aplicativo espião em seu celular para monitorá-lo. Relatou que uma "menina" com quem ele se relacionava, apresentada por Bruno, teria entrado em sua residência em uma situação suspeita, da qual ele desconfiou que tivesse sido mandada pelo amigo para roubá-lo.

Edgar teceu duras críticas ao advogado Marcos Vinicius Borges, que o acompanhou à delegacia após o crime. "Ele brincou com a vida de nove famílias [sete vítimas e dois acusados]. Ezequias foi morto, mas também era gente! Ele [o advogado] só queria fazer seu nome. Não me defendeu e ainda me orientou a mentir, dizendo que Bruno teria falado da gravidez da minha esposa no dia do jogo, sendo que isso ocorreu dias antes."

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 Além disso, relatou que teve contato com o defensor público, Ricardo Bosquesi, em duas ocasiões: uma durante a audiência de instrução e outra nesta terça-feira (15), tendo trocado poucas palavras. "Ele não teve qualquer oportunidade de me defender. Fiquei em isolamento, sem acesso a nada aqui de dentro (presídio)", afirmou.

 
 

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