Mato Grosso celebrou o Dia Mundial da Água, comemorado no sábado (22.03), com eventos educativos e ações pontuais em Cuiabá — sem, contudo, apresentar dados atualizados sobre a qualidade da água no Estado.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) promoveu atividades em parceria com escolas, instituições públicas e organizações não governamentais, com foco em educação ambiental. A secretária Mauren Lazzaretti classificou os eventos como um “sucesso”. Entretanto, especialistas e ambientalistas criticam a falta de transparência na gestão dos recursos hídricos do Estado e falta de informação no Portal da Secretaria de Meio Ambiente (Sema).
O último relatório oficial sobre a qualidade da água foi publicado em 2019. Desde então, a população permanece sem acesso a dados essenciais para avaliar a situação dos rios, lagos e aquíferos de Mato Grosso, que abriga três bacias hidrográficas e 131 rios reconhecidos como fontes de abastecimento pela Agência Nacional de Águas (ANA).
Apesar de ter aderido, em fevereiro, ao Pacto pela Governança da Água, a SEMA se limitou, até o momento, à divulgação de três boletins de balneabilidade referentes a 26 praias — um recorte considerado insuficiente para um Estado com 142 municípios e dimensões continentais.
Para ambientalistas, as ações promovidas pela SEMA são bem-vindas, mas simbólicas diante da ausência de um monitoramento contínuo e da falta de informações públicas sobre a qualidade da água. A demora na publicação dos relatórios compromete a concessão de outorgas, a elaboração de planos de manejo e até mesmo a segurança hídrica da população.
Além de afetar a credibilidade da política ambiental, a ausência de dados atualizados expõe a gestão estadual à crítica de omissão e de desconexão com as necessidades reais da população e do meio ambiente. A celebração do Dia Mundial da Água, marcada por discursos e feiras, se revelou fria diante do silêncio institucional sobre os números que realmente importam para Mato Grosso.
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