Um estudo científico realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e publicado no último sábado (11.03) detectou a presença de alphacoronavírus em morcegos coletados no Pantanal.
O estudo utilizou testes PCR para analisar 419 morcegos coletados no bioma, que representam 40% do número total de espécie do Pantanal. Os morcegos são hospedeiros naturais da família de vírus Coronaviridae.
O alfacoronavírus em morcegos foi detectado em áreas florestais da Mata Atlântica e outras localidades nos estados de São Paulo e Bahia, por exemplo. O betacoronavírus, no entanto, só foi detectado em morcegos de áreas florestais da Mata Atlântica.
Um total de 419 morcegos foram capturados em diferentes habitats no Pantanal e Cerrado. Do total de espécimes de morcegos capturados, 202 foram identificados em campo e liberados após a coleta das amostras. Outros 217 espécimes foram eutanasiados para identificação e depositados na coleção de mamíferos da UFMT. Após a eutanásia, swabs, órgãos e tecidos foram coletados e então as carcaças foram armazenadas em álcool 70%. Ao todo, 70 das 419 amostras (16,7%).
De acordo com o artigo, a maioria dos animais identificados com Alphacoronavírus foram capturados em áreas próximas de habitações humanas, como casas abandonadas e quintais de prédios.
"Apesar da extensão do território investigado e de diversas áreas florestais preservadas no estado de Mato Grosso, esses animais habitam ambientes próximos aos humanos, trazendo esses agentes virais para a proximidade", diz trecho do artigo.
O município com maior número de morcegos positivos (84,3%) foi Santo Antônio do Leverger, também o que apresentou mais capturas.
Embora esta seja a primeira detecção de Alphacoronavirus em morcegos do Pantanal, além da Mata Atlântica brasileira e da Amazônia, morcegos infectados pelo CoV foram identificados em 11 países do continente americano até o momento, tais como Bolívia, México e Argentina.
Segundo os autores do artigo, é preciso que exista monitoramento do vírus nesses animais diante da falta de conhecimento sobre o bioma.
"Como o Pantanal é uma região com alta biodiversidade, é extremamente importante que haja programas de monitoramento de longo prazo para essa variabilidade viral. Como os morcegos são reservatórios naturais de CoVs, o monitoramento constante desses animais é importante para compreender a epidemiologia dos vírus emergentes, especialmente neste bioma enigmático e pouco conhecido", concluiu o trabalho.
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