A busca por alternativas terapêuticas naturais que possam atenuar os efeitos da cirrose hepática – uma doença que ainda desafia a medicina moderna e afeta milhões de pessoas em todo o mundo – levou pesquisadores a um estudo inovador sobre o óleo de copaíba, resina extraída de árvores nativas da Amazônia. Este óleo, tradicionalmente usado na medicina popular pelas suas propriedades anti-inflamatórias, foi alvo de uma pesquisa que visou compreender seu impacto em processos inflamatórios e na regeneração do fígado comprometido pela cirrose.
Melhorias Sistêmicas, mas impacto limitado no fígado
Os experimentos, conduzidos em animais com cirrose induzida, apontaram que o óleo de copaíba ajuda a combater inflamações, além de favorecer o ganho de peso e massa corporal, comuns em indivíduos saudáveis, mas comprometidos nos casos de cirrose. Esse benefício é atribuído ao efeito anti-inflamatório de compostos como o sesquiterpeno beta-cariofileno e outros componentes antioxidantes presentes na resina.
O estudo revelou ainda que os animais tratados com o óleo de copaíba apresentaram aumento nos níveis da proteína IL-10, um importante marcador anti-inflamatório. Essa proteína é conhecida por sua ação na redução da inflamação, indicando que o óleo de copaíba pode oferecer um efeito anti-inflamatório potencialmente valioso.
No entanto, apesar das melhoras nos sinais inflamatórios, o óleo de copaíba não demonstrou efeito regenerativo nos danos hepáticos já estabelecidos. Os resultados histológicos e bioquímicos dos marcadores de lesão hepática, como os níveis de enzimas ALT e AST, permaneceram inalterados após o tratamento. Segundo os pesquisadores, é provável que isso aconteçapor conta do estágio avançado das lesões no modelo de cirrose usado no experimento, limitando as possibilidades de regeneração hepática com o uso do óleo.
Perspectivas e limitações
O óleo de copaíba, com seu efeito anti-inflamatório, surge como um promissor aliado no manejo de sintomas da cirrose hepática, como a inflamação e perda de peso. Mas os especialistas alertam que ele não substitui tratamentos convencionais e não age diretamente na reversão dos danos já causados no tecido hepático.
Diante dos resultados, os autores enfatizam a importância de mais estudos para identificar os compostos específicos e suas doses ideais, além de explorar combinações com outras terapias para avaliar o potencial do óleo de copaíba como parte de uma abordagem integrada no tratamento da cirrose.
Com o aumento da busca por tratamentos naturais e alternativas complementares para doenças crônicas, o óleo de copaíba atrai a atenção como um suplemento que pode oferecer suporte na qualidade de vida dos pacientes, atuando principalmente nos processos inflamatórios, mas que, no entanto, ainda necessita de mais validação científica para ser incorporado aos protocolos clínicos.
Leia mais: Nova espécie de orquídea encontrada em MT ganha nome de pesquisadora