Um estudo recente sobre a Bacia do Rio Araguaia revelou uma redução significativa na área de superfície de água ao longo dos últimos 37 anos, o que acende um alerta para riscos ambientais e hídricos na região. Os dados indicam que, entre 1985 e 2022, a extensão de áreas de água, como rios e lagos, encolheu de 4.059 km² para 3.246 km², uma perda de aproximadamente 813 km².
A Bacia do Rio Araguaia, abrangendo 384.169 km² e localizada em estados como Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins, é vital para a biodiversidade e as atividades econômicas do Brasil Central, como a agricultura, pecuária e turismo. A retração na disponibilidade de água, associada ao aumento da temperatura média e à diminuição das chuvas, compromete a ecologia local, afetando diretamente as espécies aquáticas e ecossistemas ribeirinhos.
Expansão agrícola e irrigação intensiva aumentam pressão
O avanço da agricultura intensiva e do uso de irrigação foi apontado como um dos principais fatores da crise hídrica enfrentada pela bacia. A área destinada a sistemas de irrigação saltou de 81 km² para 1.825 km² no período analisado, sobretudo para atender às demandas de culturas como soja e arroz. Esse aumento expressivo, embora mova a economia local, gera impactos severos sobre a água e a qualidade dos ecossistemas aquáticos.
Mudanças na cobertura vegetal e impactos climáticos
Outro ponto crítico identificado pelo estudo é a mudança drástica na cobertura de vegetação nativa. Houve uma redução de 26% na área de florestas alagadas e de 12 mil km² em campos alagados, ecossistemas essenciais para o equilíbrio climático e a preservação da biodiversidade. As transformações no uso da terra também contribuem para o aumento das temperaturas locais, intensificando os efeitos das mudanças climáticas.
Desafios para o futuro: gestão sustentável da bacia
Especialistas indicam que a situação requer uma gestão ambiental integrada, com políticas públicas que promovam o uso sustentável da terra e da água. Segundo o estudo, a preservação dos recursos da Bacia do Rio Araguaia é essencial não apenas para o equilíbrio ambiental, mas também para garantir a continuidade das atividades econômicas que dependem da estabilidade desse ecossistema.
O estudo reforça a importância de estratégias que integrem desenvolvimento econômico com práticas de preservação, a fim de assegurar a resiliência da bacia diante das adversidades climáticas e da pressão da expansão agrícola.
Leia mais: Esgoto sem tratamento é despejado no rio Araguaia, aponta denúncia