A ex-deputada federal e atual diretora Administrativa, Financeira e de Fiscalização da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), professora Rosa Neide (PT), defendeu em entrevista ao , projetos ambientais para Cuiabá. Rosa Neide, que mantém seu nome à disposição do Partido dos Trabalhadores (PT) para uma pré-candidatura à Prefeitura de Cuiabá, nas eleições deste ano, destacou sua articulação com o Governo Federal para mitigar as mudanças climáticas em Cuiabá. Segundo ela, “a cidade verde tem que voltar a ser verde”.
“Já conversei muito com a área ambiental do Governo, com o próprio presidente Lula, com o Partido dos Trabalhadores e a Federação Brasil da Esperança. Vamos trabalhar muito a revisão, a cidade verde tem que voltar a ser verde. Precisamos de ambientes de lazer, praças e temos que revitalizar as águas de Cuiabá e do entorno. Temos que ter muito cuidado ambiental, acho que esse é o principal projeto que vai renovar a nossa cidade e fazer que ela seja cada vez melhor”, destacou a deputada.
Além dos projetos para Cuiabá, Rosa Neide também destacou a contribuição do Governo Lula para ajudar a saúde pública de Cuiabá ao defender uma atuação tripartite [Município, Estado e Governo Federal] para solução dos problemas, bem como, os avanços da Reforma Agrária. Ela também esclareceu pechas que colocam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como invasores de terras.
“Isso não é verdadeiro, tanto que nós temos uma lei no Brasil, criado no Governo Lula, que quem invade terra perde o direito de ser assentado, então, o MST é um movimento que tem pessoas muito esclarecidas. Eles sabem que não pode invadir. Pode lutar pela terra, pode acampar próximo da terra, até que seja julgado e se efetivamente for declarado a terra pública, ou se o Governo fizer a aquisição da terra, as pessoas podem ir para terra.”
VGN – A senhora continua como alternativa à Prefeitura de Cuiabá na eleição deste ano?
Rosa Neide - Coloquei meu nome a disposição do partido, e continua à disposição na medida que a Federação possa analisar se há essa possibilidade ou se meu nome agrega para um projeto diferenciado para Cuiabá. Eu vejo que Cuiabá é uma cidade acolhedora demais, recebeu gente do país inteiro, além dos filhos cuiabanos, temos todo o povo que veio de fora e que reside aqui na cidade. Eu acho que é um momento muito importante para apresentar um projeto moderno, audacioso, que deixa a nossa querida Cuiabá cada vez melhor para se viver. Então, mantenho o meu nome à disposição, sem nenhuma intenção de desagregar nada, nem na Federação, nem no Partido dos Trabalhadores e muito menos na nossa sociedade cuiabana.
VGN - A senhora não participou da prévia partidária com o deputado Lúdio. Ele foi o escolhido, entretanto, a senhora não retirou seu nome, como espera manter sua pré-candidatura?
Rosa Neide - O Partido dos Trabalhadores tem nas suas orientações regimentais, que as capitais e as grandes cidades são de responsabilidade de Diretório Nacional finalizar a discussão. E eu não participei até por uma orientação da presidenta nacional do partido, a deputada Gleisi Hoffmann, que disse: Rosa não é hora de fazer embate, de fazermos discussões antes de fecharmos as discussões com os partidos que compõe a Federação. E eu sou muito orgânica no partido, se há uma orientação, e se há uma norma do partido e também uma orientação da presidenta, eu assim fiz e obedeci, mas também respeito totalmente o grupo do deputado Lúdio, que também tem autonomia e é tranquilo fazer isso, o partido se movimenta muito e nesse movimento é importante que vai discutindo com a população, e eu tomei essa decisão em função de que a direção nacional apontou que não seria a hora, mas com todo respeito a quem fez o movimento em Cuiabá
VGN - Conforme Regulamento, o PT Nacional decidirá, mas uma decisão da nacional diferente da prévia municipal pode causar conflito, como espera administrar essa situação?
Rosa Neide - Em qualquer partido tem conflito, o PT é um partido que usa diversidade para o seu próprio crescimento, na diversidade a gente faz a discussão, depois para chegar na unidade, então, eu sempre participei de discussões diversas, ninguém é igual, ninguém pensa igual, a gente discute, mais depois quando terminar e tomar a decisão, eu tenho certeza que o partido seguirá unido para as eleições em Cuiabá.
VGN – A senhora é destaque na articulação com a nacional e com o presidente Lula, tem algum projeto de infraestrutura que o Governo Federal quer trazer para Cuiabá?
Rosa Neide - Muitos projetos né. Cuiabá é a capital central do Centro Oeste brasileiro, nós estamos numa linha que mostra as mudanças climáticas de forma muito clara. Cuiabá é sempre apontada como a capital mais quente do país em todas as estações, temos que pensar fortemente nisso. Já conversei muito com a área ambiental do Governo, com o próprio presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores, a Federação Brasil da Esperança, vamos trabalhar muito a revisão, a cidade verde tem que voltar a ser verde. Precisamos de ambientes de lazer, praças e temos que revitalizar as águas de Cuiabá e do entorno. Temos que ter muito cuidado ambiental, acho que esse é o principal projeto, que vai renovar a nossa cidade e fazer que ela seja cada vez melhor.
VGN – A saúde de Cuiabá saiu de uma intervenção estadual, o Governo Federal deve ajudar a Capital com recursos?
Rosa Neide – Com certeza! Ele ajudou bastante, mais de R$ 40 milhões durante a intervenção a pedido do Governo do Estado, e isso foi feito. Saúde é um problema ainda no país inteiro, a gente sabe que lidar com a saúde tem que ter uma gestão muito eficiente, e muitas vezes é escrito da forma que está normatizada a saúde no Brasil, ela é muito importante, porque ela é tripartite: os governos municipais, estaduais e federal que tem que fazer a gestão da saúde. Infelizmente em Mato Grosso com a briga do prefeito de Cuiabá com o Governo do Estado é a população que perde. É preciso que o município, o Estado e o Governo Federal voltem a atuar de forma decisiva na Capital. O Estado inteiro leva paciente para a capital, isso é normal. As pessoas perguntam onde tem a melhor qualidade da saúde? Na Capital, então, a saúde de Cuiabá acaba atendendo fortemente. Ela tem que ter uma maior estrutura. E o Governo do Estado, vem construindo hospitais, a Prefeitura construiu hospital, mais essa briga faz com que a saúde de qualidade não chegue na ponta. E hoje temos uma ministra da Saúde, que é técnica, que é uma pessoa muito qualificada. Temos recursos da saúde direcionado de forma correta, e eu tenho certeza que o prefeito ou a prefeita de Cuiabá, se souber fazer um bom projeto, se apresentar diante do ministério da Saúde, Cuiabá vai resolver todos os seus problemas.
VGN – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) atendeu quantos mato-grossenses, quais foram os principais benefícios?
Rosa Neide - O PAA ainda está em processo de atendimento, esse plano de aquisição de alimentos, eu tenho como um dos melhores programas do Governo Federal, ele foi criado em 2005 no primeiro Governo Lula, e ele parou no Governo Temer e no Governo passado [Jair Bolsonaro], que não teve responsabilidade com a fome da população. Voltamos para o mapa da fome, e o PAA é um programa que ele faz a aquisição do alimento e depois ele devolve o alimento para quem mais precisa, para quem está no cadastro único, para as Prefeituras, para os hospitais, para as creches, para as escolas. Mato Grosso cadastrou R$ 25 milhões de recursos e Cuiabá cadastrou quase R$ 5 milhões e já está sendo pago.
VGN – Como participar do programa?
Rosa Neide - A associação cadastra, os recursos são bloqueados na conta da associação, e na medida que entrega o produto, o banco vai liberando o dinheiro. Então, hoje nós vamos atingir mais de 70 associações bem estruturadas no Estado, R$ 25 milhões e no caso de Cuiabá está sendo entregue os produtos. Tem o banco de alimentos, que é feito com os municípios, no caso de Cuiabá também, estamos retomando essa discussão do banco de alimentos, e daí os alimentos estão sendo entregues para creches, para escolas, para associações que cuidam de pessoas, de movimentos de rua. Já fizemos conversa junto a Conab, a superintendente da Conab de MT, com presídio em Cuiabá, tem uma associação dentro do presídio feminino, que capacita as detentas, para que elas saiam de lá com a própria profissão, utilizando alimentos, então, estamos organizando os alimentos para que a população mato-grossense e a população de Cuiabá tenham acesso a comida de verdade, com boa qualidade, distribuída pela Conab.
VGN – O MST completou 40 anos, o que se pode comemorar sobre avanços com a Reforma Agrária no Governo Lula?
Rosa Neide - Avançou muito nos dois primeiros governos do presidente Lula. Tinha muita gente acampada no Brasil, tinha uma disputa e uma guerra de terra, por isso o MST ficou com essa pecha, como se fosse um movimento que invade terras, isso não é verdadeiro, tanto que nós temos uma lei no Brasil, criado no Governo Lula que quem invade terra perde o direito de ser assentado, então, o MST é um movimento que tem pessoas muito esclarecidas. Eles sabem que não pode invadir. Pode lutar pela terra, pode acampar próximo da terra, até que seja julgado e se efetivamente for declarado a terra pública, ou se o Governo fizer a aquisição da terra, as pessoas podem ir para terra. Na região sul, por exemplo, a maior produção de arroz orgânico do país hoje é feita pelo MST, especialmente nas cooperativas do sul. Temos café orgânico, temos alta produção de farinha, de outros produtos. Então, onde assentou e o MST coordenou o movimento tem a sequência de bons frutos. Precisamos melhorar muito, houve uma paralisação, o Governo Bolsonaro não assentou absolutamente uma família, ficou tudo parado.
VGN – Pode destacar ações para atrair o jovem para o campo e para aumentar número de assentados em 2024?
Rosa Neide - Estamos discutindo com o MST e com os outros movimentos do campo, e o presidente Lula já fez isso com muita força, contratou indústria brasileira para produção de máquinas agrícolas, a iniciativa foi lançada pelo ministro Geraldo Alckmin, que é o vice-presidente da República, então, chegar máquinas no campo, porque a população do campo não é mais a população da enxada, do tempo dos nossos avós, é uma população que precisa atrair o jovem para campo. O jovem não vai para o campo sem tecnologia, sem internet, sem uma qualificação técnica no campo que ele possa produzir com qualidade, isso está sendo feito. O MST e os outros movimentos saem na frente com a discussão com o Ministério de Desenvolvimento Agrário para as pessoas que estão assentadas tenham qualidade para trabalhar na terra.
Temos agora um movimento forte em 2024 com recurso para aquisição de terras e assentamento de novas famílias, teremos muitos assentamentos, mais a política nacional indica que não teremos nenhuma briga com invasão de terra, temos muitos grileiros ainda em terras públicas, e essas pessoas a Justiça vai tomar conta disso, se a terra é pública, a terra tem que ser liberada para assentar famílias, agora, se a terra é propriedade privada, continuará sendo propriedade privada, e o proprietário vai continuar fazendo seu trabalho, porque não é defesa do governo Lula invasão de terra.
VGN – Qual o posicionamento da senhora sobre a criminalização do MST, tramita no Congresso um projeto que exige CNPJ para movimentos sociais. Como a senhora avalia essa proposta?
Rosa Neide - Eu estava como deputada quando se quis colocar o MST, como um movimento guerrilheiro, um movimento que poderia ser punido, e a gente conseguiu convencer os demais parlamentares que o MST é um movimento pela terra, é um movimento para produzir alimentos, especialmente o alimento orgânico, isso foi superado. Então, obrigar que o início de uma organização já comece com identificação com CNPJ no Brasil, é meio trágico, porque as pessoas são muitos simples na maioria, o produtor rural muitas das vezes ele precisa da documentação inicial, aqui na Conab por exemplo, contrata os projetos vias associação, tem CNPJ ou via cooperativa. Queremos que as pessoas avancem com cooperativas e com associações, entretanto, se tiver o produtor que ele ainda não tem a documentação, entendemos que o país precisa apoiá-lo, para que ele tenha, mas tem toda paciência histórica para que ele consiga. Muitas vezes, o nosso povo não teve assistência do Governo, não teve a presença da área pública, para que ele possa realmente ter as condições necessárias para iniciar um projeto, uma proposta. O que a Câmara dos Deputados do Senado tem que fazer é apoiar o povo, não é criar problema para que o povo possa se desenvolver.
VGN – Qual opinião sobre o aumento de feminicídio?
Rosa Neide - Mato Grosso e alguns Estados brasileiros, como é o caso do Distrito Federal, está no topo da questão do feminicídio, e isso é uma questão de como mulher, como ex-deputada, como a deputada mais votado no Estado, me preocupa muito. Estou vivendo em Brasília, e cada dia de manhã quando se liga a televisão, tem mais um caso. Quando vou para Mato Grosso, especialmente aos finais de semana, vejo novos casos. Parece que aflorou o ódio, e parece que uma população cada vez mais conservadora, patriarcal, machista, ela começa a ficar cada vez mais evidente. Então, quero pedir para as mulheres de Mato Grosso, ficarem cada vez mais atentas a esses sintomas doentios, e também pedir aos homens, com a mulher livre, ela conquista sua liberdade, quando ela tem uma família que tem uma representação paterna e materna de pessoas livres, seja de pessoas simples, mas que sabem qual o papel de cada um, e ao lado das mulheres livres tem sempre companheiros livres, que apoiam a mulher e também luta pela liberdade feminina, um homem consciente é aquele que vibra quando vê a filha, a mãe, a companheira, irmã se sobressaindo, que vibra com as mulheres ocupando seu espaço e empoderando as mulheres. Homem de verdade é aquele que respeito o empoderamento feminino, e que o nosso Estado possa ter uma população muito forte de homens de verdade, que está faltando muito isso para todos nós.
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