Rosa Neide Sandes de Almeida, mais conhecida como professora Rosa Neide, é uma renomada educadora e política brasileira. Nascida em Amargosa, Bahia, em 8 de agosto de 1963, Rosa Neide é filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) de Mato Grosso desde 1986. Com formação em pedagogia e mestrado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), ela possui uma vasta experiência na área da educação, tanto no ensino básico como no superior.
Aos 17 anos, Rosa Neide começou sua trajetória profissional, atuando como professora da educação básica. A partir de 1992, ela passou a lecionar no nível superior. Além disso, ocupou o cargo de secretária Municipal de Educação de Diamantino de 1997 a 2000 e foi secretária de Estado de Educação de Mato Grosso de 2010 a 2011 e novamente de 2013 a 2014. Durante sua carreira, Rosa Neide também presidiu o Conselho Nacional de Secretários de Educação e atuou como consultora do Ministério da Educação (MEC).
Em 2018, Rosa Neide foi eleita deputada federal, em sua primeira disputa eleitoral, representando o Mato Grosso pelo PT. Durante seus quatro anos de mandato, ela sempre se dedicou a políticas públicas voltadas para mulheres, crianças e, principalmente, para a educação.
Em 2022, Rosa Neide concorreu à reeleição e foi a candidata a deputada federal mais votada de Mato Grosso, recebendo 124 mil votos. No entanto, devido ao quociente eleitoral, não foi reeleita.
Atualmente, Rosa Neide ocupa o cargo de diretora-executiva da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), sendo responsável pela Diretoria Administrativa, Financeira e de Fiscalização da estatal.
Em entrevista exclusiva ao 
, Rosa Neide destacou os projetos desenvolvidos pela Conab para impulsionar a agricultura dos pequenos produtores em Mato Grosso. Além disso, ela revelou estar sendo cotada pelo PT para concorrer à Prefeitura de Cuiabá nas eleições de 2024.
A ex-deputada federal ressaltou sua vontade de retornar às urnas para desenvolver políticas públicas que beneficiem não apenas os cidadãos cuiabanos, mas todo Estado do Mato Grosso. Para Rosa Neide, um gestor precisa saber servir à sua população, ouvindo-a para compreender suas necessidades.
Confira a entrevista exclusiva!
Quais são os principais desafios enfrentados atualmente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em termos administrativos, financeiros e de fiscalização?
Rosa Neide - A questão da Conab neste momento é muito peculiar, haja vista que o Governo passado deixou a Conab sem orçamento, sem estrutura, as Suregs, que são as Superintendências em todo país, não tem carro, não tem o financeiro pra se adequar ao momento atual. Então, administrar a empresa neste momento é procurar os investimentos necessário, ter habilidade em conversar com o Governo, que deu muitas responsabilidades para a Conab. Estamos, neste momento, na discussão pela retomada do financiamento necessário para as ações da Conab.
Como a Conab tem contribuído para a inclusão de agricultores familiares e pequenos produtores no mercado agrícola?
Rosa Neide - A Conab trabalhou nos últimos anos apenas com dados, com referências, para a agricultura de larga escala. Neste momento, a Conab vai cuidar dos dados, da fiscalização, e dar todo o apoio necessário pra agricultura de larga escala, mas, fortemente, vai trabalhar no combate a fome, e para isso, precisa de muitos investimentos na produção daquilo que a gente chama de comida correta, da comida que vai para a mesa, e que a nossa população precisa.
Quem produz diretamente pra mesa é o pequeno produtor, por isso o presidente da república, através do projeto do Governo Federal, destacou R$ 500 milhões para apoiar um programa de aquisição de alimentos, que é chamado de PA. Esse programa já foi executado entre 2002 e 2012, mas foi deixando de receber recursos, nos últimos anos recebeu apenas alguns recursos de emendas parlamentares. Estamos fazendo um esforço muito grande em todo o país, para que as cooperativas, associações, os pequenos empreendedores agrícolas possam procurar a Conab, apresentar suas propostas, e a Conab vai comprar a produção e fazer um programa que é também chamado Entrega Simultânea. Assim que comprar, a Conab vai distribuir esses alimentos para quem está no Cadastro Único, através das secretarias de ação social de todo o país, nas prefeituras, entregando pra creches, pra instituições que atendem pessoas fragilizadas e também pra aqueles do Cadastro Único que precisam de uma alimentação diferenciada.
Quais são as medidas que a Conab tem tomado para promover a redução do desperdício de alimentos ao longo da cadeia produtiva?
Rosa Neide - A Conab está, neste momento, planejando isso. O pequeno produtor não tem o mercado garantido, e muitas vezes, ele produz, leva para as feiras, não vende tudo, e acaba tendo grande desperdício. Essa aquisição direta para distribuição simultânea vai fazer com que o produtor plante e saiba onde entregar, para que não haja desperdício. O Brasil produz o suficiente para que ninguém passe fome, mas falta esse planejamento, e a Conab está fazendo todo o esforço para garantir que quem produz saiba onde fará a entrega.
Como a sua experiência como deputada federal por Mato Grosso influencia o seu trabalho atual como Diretora Administrativa, Financeira e de Fiscalização da Conab?
Rosa Neide - O meu trabalho, como gestora pública, como secretária de Estado, me ajuda muito na gestão da Conab. Como deputada federal, tive a oportunidade de discutir muitos projetos de lei na Câmara, conhecer qual é o papel da Conab, e também conhecer todo o Estado de Mato Grosso, especialmente, os assentamentos, pequenos e grandes produtores, e agora posso colocar todo o meu conhecimento à disposição da produção da agricultura em nosso país.
Quais são as principais questões políticas que você considera importantes para o desenvolvimento de Mato Grosso e do Brasil como um todo?
Rosa Neide - O Brasil precisa continuar trabalhando firme com uma legislação que permita, com menos burocracia, que as pessoas produzam, colham e tenha logística para entrega dos seus produtos. Então as políticas públicas que beneficiam diretamente a população tem que ser trabalhado de forma integrada com os municipios, Estados e o Governo Federal. Essa interação entre os entes federados vai fazer com que as políticas públicas cheguem a todos. O Brasil não pode viver com a disputa que o Governo passado apoiou, disputas que não agregam. Nós temos que fazer integração entre os entes federados e trabalhar políticas que melhorem a qualidade de vida do povo.
Quais são os principais desafios políticos que você enfrentou durante o seu mandato como deputada federal e como eles influenciam a sua atuação na Conab?
Rosa Neide - A Câmara dos Deputados, e o parlamento brasileiro no geral, tem a presença muito forte de homens e pouca presença feminina. Eu confio muito no olhar feminino, no que diz respeito ao cuidado, aquela sensibilidade com o outro que mais precisa. Então, na Câmara há um desafio muito grande para discutir políticas públicas que cuide da população, e na Conab também há uma presença masculina muito forte, cerca de 70%, e a partir do que eu já vivenciei, e com o grupo que está na Conab, a gente está fazendo todo o esforço pra juntar os olhares feminino e masculino, e a distribuição de renda pro país como um todo. Então, nesse sentido, eu acho que a Câmara me ensinou, e hoje na Conab a gente consegue encaminhar melhor essas questões.
Quais são as suas perspectivas e planos para fortalecer a representatividade e a voz dos agricultores familiares e pequenos produtores dentro do cenário político?
Rosa Neide - Agricultura brasileira precisa avançar muito. O Brasil ainda tem muitas terras públicas. Mato Grosso é um Estado com muitas terras públicas, e essas terras devem ser, de forma muito planejada, colocadas à disposição de quem quer ir pro campo, quer trabalhar e quer produzir, para que a gente faça uma transição do alimento com carregado de agrotóxico para um alimento saudável. É o momento de fazer uma boa transição, todo mundo quer que a sua mesa receba alimentos saudáveis, que os filhos tenham alimentos saudáveis. Precisamos planejar e melhorar a formação do agricultor, fazer projetos junto com as universidades, institutos federais, para que os nossos produtores tenham melhor formação e a que aumente a qualidade daquilo que é ofertado.
A senhora foi a deputada federal mais votada nas eleições de 2022, em Mato Grosso. A que a senhora atribui essa votação expressiva?
Rosa Neide - Quatro anos como deputada federal me deu oportunidade de me dedicar fortemente ao Estado de Mato Grosso. As políticas que eu sempre cuidei, principalmete a educação, eu continuo atenta. Eu vejo que a educação é uma política primordial. Os anos que passei como deputada, foram anos que não tirei sábados, domingos, feriados para a minha vida pessoal, eu coloquei todo o meu tempo à disposição do mandato, e acho que o meu trabalho, o trabalho das pessoas que estavam no meu entorno, e a integração com as instituições fez com que a minha votação fosse bem expressiva no Estado de Mato Grosso. Eu atribuo o número de votos que tive ao trabalho e ao fortalecimento de um mandato coletivo, com participação, com representatividade.
Existe a possibilidade de você se candidatar à prefeitura de Cuiabá nas eleições de 2024? Se sim, quais são os principais motivos que a levam a considerar essa candidatura?
Rosa Neide - O meu nome está em discussão no meu partido para à Prefeitura de Cuiabá. Eu sempre digo que quem está na chuva é para molhar. Cuiabá é uma cidade muito interessante, uma cidade que acolheu muita gente, inclusive a mim. Tenho muito carinho pela Capital, e preciso fazer a minha parte, porque essa cidade me deu muito. Nesse momento, eu levo em consideração essa questão e estou no processo de discussão com o partido e com aqueles e aquelas que entendem que agora é um momento de mulher fazer gestão. Nunca teve uma prefeita. É o momento de se construir um projeto de administração pública ouvindo a população, de fazer um trabalho onde as pessoas efetivamente participem da gestão. E por esses princípios que eu coloco o meu nome à disposição.
Como você pretende promover a participação da população de Cuiabá na tomada de decisões políticas e na definição das políticas públicas municipais?
Rosa Neide - O jeito de governar com participação vem da orientação política. Fazer orçamento participativo, conversar bairro a bairro com a população, que é prioridade, tudo que entrar nos cofres públicos dar conhecimento à população e deixar a população decidir as prioridades. Quando se faz um orçamento participativo, a população diz o que é necessário. Não tem como administrar o dinheiro do povo sem ouvi-lo. Então, onde são as prioridades de Cuiabá? Quem tem que dizer é a população nas reuniões em cada bairro, com quem representa os bairros. Isso que vai fazer com que a cidade realmente seja uma cidade interativa e participativa. Gestão pública tem que ser feito no coletivo. Não tem como o dinheiro ser público e a ação ser individual. Com a participação da população se faz um trabalho que agrada e faz a cidade se desenvolver.
Quais são as principais lições e experiências que você traz da sua trajetória política para embasar a sua candidatura à prefeitura de Cuiabá em 2024?
Rosa Neide - Eu comecei a trabalhar aos 17 anos como professora, e são 42 anos de efetivo trabalho com o setor público e setor privado, porque é função do público atender ao privado, já que trabalhamos como um todo. Tudo que eu aprendi durante esses 42 anos de trabalho foi servir ao público. Ser prefeito ou uma prefeita de uma cidade, é se colocar a serviço do povo, se colocar a serviço dos que mais precisam, e não só dos que precisam diretamente do Poder Público, mas precisam de uma boa gestão pública. O gestor é aquele que sabe servir a sua população.
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