A presidente eleita da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Nadielly Garbin, tem uma trajetória marcada pela intensa atuação na advocacia no estado, a qual exerce desde 2013. Na disputa pela presidência da OAB na Cidade Industrial, essa intensidade ficou clara na vitória da chapa da advogada, que enfrentou o candidato da prefeita eleita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), e conseguiu derrotá-lo.
Em entrevista à reportagem do 
, Garbin falou sobre a relação com o judiciário, sobre as perspectivas de futuro, e sobre o apoio de Rodrigo Araújo, novo presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Mato Grosso (CAAMT).
VGN - Você substituirá, na presidência da OAB, o advogado Rodrigo Araújo, que agora assume a CAAMT. Qual sua avaliação sobre a gestão anterior?
Nadielly - Atuo como advogada trabalhista e possuo escritório em Várzea Grande desde 2013. Durante esse período, nunca me senti tão acolhida como na gestão do Dr. Rodrigo Araújo. Sua liderança foi marcada por inclusão, acolhimento e o propósito claro de unir e fortalecer a advocacia. Esses valores não apenas foram defendidos, mas também plenamente alcançados na atual gestão. Tenho absoluta certeza que Rodrigo irá fazer uma maravilhosa gestão como presidente da CAAMT.
VGN - A advocacia em Mato Grosso enfrenta desafios enormes nos últimos anos, sobretudo quando o assunto é manter prerrogativas profissionais ao mesmo tempo em que se luta por maior transparência no judiciário. Como você encara os problemas atuais e as possíveis soluções para a advocacia no Estado?
Nadielly - Os desafios enfrentados pela advocacia em Mato Grosso exigem uma atuação firme e estratégica. A defesa das prerrogativas profissionais deve ser inegociável, pois são a garantia de uma advocacia independente e fortalecida. Ao mesmo tempo, é essencial promover um diálogo aberto e construtivo com o Judiciário para avançar em questões de transparência e eficiência. Vejo como soluções práticas a intensificação das reuniões institucionais, o fortalecimento das comissões temáticas e a implementação de iniciativas tecnológicas que facilitem o acesso à Justiça e a celeridade processual. É preciso unir esforços, valorizar a advocacia e trabalhar por uma relação mais equilibrada entre a classe e o Judiciário.
VGN - A OAB esteve tristemente inserida, mesmo que de forma indireta, na questão da morte dos advogados Renato Nery e Roberto Zampieri, este último vítima de um homicídio que acabou abrindo uma verdadeira "caixa de pandora" no judiciário brasileiro, a começar pelo TJMT e chegando até o STF. Na sua opinião, há risco da profissão passar a ser vista de forma negativa depois desses episódios? Como solucionar isso?
Nadielly - A advocacia não pode ser vista de forma negativa por episódios isolados, pois é uma profissão essencial para a defesa da Justiça e da cidadania. A solução está no fortalecimento das ações institucionais da OAB, que deve atuar com transparência, ética e fiscalização rigorosa, além de promover capacitação e valorização contínua dos profissionais. Dessa forma, garantimos que a imagem da advocacia permaneça íntegra e respeitada perante a sociedade.
VGN - Você enfrentou, durante toda a sua campanha, a prefeita eleita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), que apoiou o candidato adversário. Como foi para você trabalhar em uma campanha contra forças políticas que ultrapassam a OAB e qual é a lição que você tira do resultado?
Nadielly - A política de ordem não deve sofrer interferência da política externa, pois isso compromete sua autonomia. Os resultados finais demonstraram que a advocacia, em sua maioria, não permitiu que isso acontecesse. Nossa classe, quando unida, tem uma força extraordinária, e essa é a principal lição: a união da advocacia é o caminho para preservar e fortalecer a independência da OAB.
VGN - Como está o diálogo em relação à nova sede da OAB de Várzea Grande. O projeto inicial, que teria sido considerado muito "pomposo" e extravagante, será substituído? Quais são os planos para construir a nova sede?
Nadielly - O primeiro projeto da obra foi elaborado antes da pandemia, com estruturas amplas e custos mais elevados. Com as novas dinâmicas de construção e ajustes no planejamento, houve uma redução significativa nos custos, tornando o projeto mais viável e eficiente. O projeto oficial já está finalizado, e as obras estão previstas para começar no próximo ano.
VGN - Na sua avaliação, o que precisa melhorar na relação do Poder Judiciário com os advogados em Várzea Grande?
Nadielly - Minha avaliação é baseada principalmente na minha experiência diária na Justiça do Trabalho, onde há um diálogo direto e de fácil acesso entre advogados e magistrados. Já na Justiça Comum, percebo, sem generalizar, um problema cultural na relação entre o Judiciário e os advogados. É necessário estreitar esses laços desde a formação e reciclagem de magistrados e servidores. A advocacia local de cada comarca, deve participar ativamente desses momentos, promovendo um entendimento mútuo sobre as dificuldades enfrentadas por ambas as partes no dia a dia. Essa construção de empatia, na minha opinião, é essencial para fortalecer essa relação.
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