O estado de Mato Grosso, um dos maiores produtores de gado do Brasil, enfrenta um período crítico de seca que pode ter implicações significativas para o setor agropecuário. De acordo com o relatório do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), desta segunda-feira (22.07), os custos de produção estão estáveis, mas a tendência é de aumento devido às condições climáticas adversas e aos preços elevados dos insumos.
O relatório do IMEA destaca que, no segundo trimestre de 2024, os custos de produção para o sistema de cria registraram uma leve redução, passando para R$ 105,16/@, enquanto os custos de recria/engorda e ciclo completo aumentaram para R$ 161,15/@ e R$ 116,78/@, respectivamente. Apesar dessa estabilidade relativa, os preços dos componentes de custeio não sofreram alterações significativas.
Contudo, a seca no estado está pressionando os custos dos insumos para pastagens, como diesel e gasolina, que estão em tendência de alta. Esses aumentos nos custos podem refletir diretamente no preço final da carne, impactando não só os produtores, mas também os consumidores.
Outro ponto de preocupação é a redução das escalas de abate, que caíram para uma média de 11,30 dias úteis, um ajuste de -2,08% em relação à semana anterior. Esse cenário indica uma oferta mais restrita de animais prontos para o abate, o que pode agravar a pressão sobre os preços da carne no mercado.
Relação de Troca e Preços do Milho
A relação de troca entre boi e milho também apresenta uma tendência preocupante. Em julho de 2024, a relação ficou em 5,51 sacas por arroba, um aumento de 1,28% comparado a junho. Com a seca, a disponibilidade e o vigor do pasto são comprometidos, levando a uma maior dependência de ração, cujo preço é influenciado diretamente pelo custo do milho.
O preço da arroba do boi em Mato Grosso manteve-se relativamente estável, sendo negociado a R$ 202,96/@ até 19 de julho, com um pequeno ajuste de +0,32% no comparativo mensal. Entretanto, o preço da saca do milho apresentou uma queda de 0,95%, cotado a R$ 36,84/sc, o que ainda não compensou os custos crescentes devido à seca.
Com o avanço da colheita do milho, espera-se uma redução no preço deste insumo, o que poderia aliviar parte da pressão sobre os custos de produção. No entanto, a seca continua a ser um fator de incerteza. As previsões indicam que, se a tendência de alta nos preços dos combustíveis e insumos se mantiver, o custo de produção de carne bovina poderá aumentar, refletindo-se nos preços para os consumidores.
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