Autoridades de Mato Grosso apoiaram o “repúdio geral” contra a declaração do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, que afirmou que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul, visando a aprovação do acordo de livre comércio com a União Europeia (UE) e a lei antidesmatamento do bloco.
Em publicação nas redes sociais, o presidente do Instituto Pensar Agro (IPA), Nilson Leitão (PSDB), destacou que o Carrefour e Atacadão tem quase 900 lojas o Brasil, só no segundo trimestre desse ano obteve um lucro líquido de R$ 330 milhões e mesmo assim faz uma campanha contra o uso dos produtos agropecuários do Brasil.
“Uma atitude hipócrita. Merece repúdio geral”, criticou Nilson Leitão.
Após a rede francesa anunciar que deixará de comercializar carne proveniente do Mercosul, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes sugeriu um boicote ao Carrefour e Atacadão. "Essa é uma clara medida em resposta aos produtores franceses, que protestam contra o acordo entre o Mercosul e União Europeia, pois não conseguem competir com o agronegócio brasileiro, e recorrem a esse artifício”, enfatizou o governador.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) rechaçou a declaração do CEO da rede francesa. “O posicionamento do Mapa é de não acreditar em um movimento orquestrado por parte de empresas francesas visando dificultar a formalização do Acordo Mercosul - União Europeia, debatido na reunião de cúpula do G20 nesta semana. O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros.”
A Federação das Associações Rurais do MERCOSUL (FARM) divulgou nota de repúdio à decisão anunciada pelo CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, de suspender a compra de carne proveniente do Mercosul.
“A carne do Mercosul é produzida sob rigorosos padrões socioambientais e sanitários, alinhados com as mais exigentes normas internacionais. O Mercosul é líder mundial em práticas de sustentabilidade no setor agropecuário. A decisão do Carrefour ataca injustamente a reputação de milhares de produtores rurais comprometidos com a segurança alimentar e a preservação ambiental”, cita nota assinada pelo vice-presidente da CNA e presidente da FARM, Gedeão Pereira.
Lei Antidesmatamento
A Lei Antidesmatamento da União Europeia (UE) que prevê a proibição de importados de áreas que foram desmatadas a partir de 2022 é criticada pelos produtores e governos do Brasil. Segundo o Mapa, a agropecuária brasileira já possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor.