Entre as principais culturas do agronegócio brasileiro, a soja se destaca como carro-chefe. O município de Sorriso, no Mato Grosso, ocupa uma posição de destaque nesse cenário, sendo referência global na produção de grãos. No entanto, uma análise recente apresentada no XXXI Congresso Brasileiro de Custos revelou desafios significativos enfrentados pelos produtores locais entre as safras de 2015/16 e 2022/23.
De acordo com o estudo conduzido por Matheus Pawlina e Diego Pierotti Procópio, o custo total da produção de soja em Sorriso aumentou impressionantes 55,09% no período analisado, saltando de R$ 4.870,46 por hectare em 2015/16 para R$ 7.553,70 em 2022/23. As despesas de custeio – como fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas – representaram os maiores componentes, com destaque para o impacto dos fertilizantes, que sozinhos compuseram 33,98% do custo total em 2022/23.
Custos em alta, lucros em queda
Apesar do aumento na receita bruta, que subiu de R$ 6.052,66/ha para R$ 8.377,48/ha (38,41%), o lucro dos produtores sofreu uma redução expressiva de 30,3% no mesmo período. Em 2022/23, o lucro por hectare foi de apenas R$ 823,79, reflexo do aumento nos custos produtivos e da menor margem de retorno financeiro.
A relação benefício-custo (RBC), que mede o retorno sobre o investimento, caiu de 1,24 em 2015/16 para 1,10 em 2022/23, indicando que, para cada R$ 1,00 investido, o retorno foi de apenas R$ 0,10 no último ano analisado.
Fatores externos e estratégias de mitigação
O aumento dos custos também foi impulsionado por fatores externos, como a pandemia da COVID-19 e a guerra entre Rússia e Ucrânia, que elevaram os preços dos insumos, especialmente os fertilizantes. Durante a pandemia, as restrições sanitárias dificultaram o transporte e a comercialização, impactando a disponibilidade de insumos e a renda dos produtores.
Para enfrentar os desafios econômicos, o estudo sugere a adoção de tecnologias agrícolas de precisão, renegociação de contratos de insumos e uma análise criteriosa dos custos operacionais. A otimização do uso de recursos e a busca por práticas mais eficientes podem ajudar a melhorar o desempenho econômico das propriedades rurais.
O futuro da soja em Mato Grosso
Apesar dos desafios, a soja permanece como uma atividade crucial para o Mato Grosso e para o Brasil. A análise econômica apresentada reforça a importância de políticas públicas e iniciativas privadas que apoiem os produtores na redução de custos e na melhoria da eficiência produtiva. Estudos futuros, como os recomendados pelos autores, poderão explorar outros cenários e culturas para ampliar as perspectivas de desenvolvimento sustentável no agronegócio brasileiro.
