Representantes do governo brasileiro desembarcaram na Bélgica e na Itália em busca de maior protagonismo nas discussões sobre segurança alimentar, sustentabilidade e comércio agrícola. A agenda passou por Bruxelas e Roma, onde os encontros com líderes da União Europeia e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) refletiram o interesse do Brasil em se posicionar como fornecedor confiável e inovador de alimentos.
A comitiva foi liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luís Rua, e incluiu diplomatas, adidos agrícolas e representantes da ApexBrasil. Durante os três dias em Bruxelas, o grupo tratou de temas sensíveis para o comércio bilateral, incluindo o avanço do acordo entre União Europeia e Mercosul — estagnado há anos — e as exigências ambientais cada vez mais rígidas por parte do bloco europeu.
A missão teve início com reuniões com o embaixador do Brasil junto à União Europeia, Pedro Miguel da Costa e Silva, e com a secretária-geral da COPA-COGECA, Elli Tsiforou, entidade que representa os agricultores e cooperativas da UE. A conversa girou em torno de temas como rastreabilidade, normas sanitárias e o papel do Brasil no combate à fome global.
No dia seguinte, o secretário participou do "Forum for the Future of Agriculture", um dos principais eventos europeus sobre agricultura sustentável. Em meio a representantes de governos, empresas e ONGs, Rua destacou os avanços do Brasil na redução do desmatamento e defendeu o agronegócio nacional como agente de estabilidade e paz em tempos de insegurança alimentar.
A missão também incluiu encontros com as direções de Agricultura e de Saúde da Comissão Europeia. Foram discutidos temas como o acesso a mercados, êxodo rural e o alinhamento regulatório em áreas sanitárias, especialmente importantes para a exportação de carne e grãos.
Em Roma, a agenda se concentrou na sede da FAO. O secretário brasileiro participou de um seminário ítalo-brasileiro sobre agricultura sustentável e reuniu-se com a embaixadora do Brasil na FAO, Carla Barroso, para alinhar estratégias de atuação na organização.
Entre os temas discutidos com autoridades da FAO estiveram o uso de bioinsumos, rastreabilidade, cooperação em eventos globais e doenças transfronteiriças que ameaçam a pecuária. Houve também diálogo com o economista-chefe da entidade, Maximo Torero, sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza — uma iniciativa que ganha força em meio ao aumento da insegurança alimentar no planeta.
A missão contou ainda com a participação do embaixador brasileiro na Itália, Renato Mosca, e de três adidos agrícolas. Segundo fontes que acompanharam a agenda, o tom das reuniões foi construtivo, mas não ignorou os desafios. Em especial, o receio europeu com práticas ambientais brasileiras e o rigor de novas regulamentações que podem afetar as exportações do país.
Para o governo brasileiro, a missão serviu para reposicionar o Brasil num tabuleiro geopolítico cada vez mais pressionado por crises climáticas e alimentares. A aposta é de que o país, com sua capacidade produtiva e discurso de sustentabilidade, possa ocupar um lugar mais central na cadeia alimentar global.
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