A carne bovina, item essencial no prato dos brasileiros, está ficando mais cara. Nos últimos meses, o aumento na demanda internacional, especialmente de países como China, Estados Unidos e Filipinas, fez os preços dispararem no mercado doméstico. O boi gordo, por exemplo, teve uma valorização de 10,04%, com o preço da arroba a prazo em Mato Grosso atingindo R$ 257,58, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).
Essa alta reflete diretamente no preço final pago pelo consumidor. Cortes populares, como a picanha e o contrafilé, já estão com preços mais salgados nos supermercados, e o cenário tende a se intensificar nas próximas semanas.
"Essa valorização está sendo impulsionada principalmente pela demanda crescente de países como China, Estados Unidos e Filipinas, que juntos responderam por quase 60% das exportações de carne bovina de Mato Grosso em setembro", afirma o analista de mercado Abraão Viana, do IMEA. Segundo ele, a exportação atingiu 66,84 mil toneladas em equivalente carcaça (TEC), um volume recorde para o mês.
Além disso, as exportações de carne bovina no estado já somam 549 mil toneladas no acumulado do ano, um incremento de 26,16% em relação ao mesmo período do ano passado. Com o ritmo acelerado de embarques, Mato Grosso deve superar as 650 mil toneladas até o final de 2024, o que pode manter a pressão nos preços.
Efeitos no bolso do consumidor
O aumento da demanda internacional não só gera lucro para os pecuaristas e exportadores, mas também provoca uma elevação no custo da carne para o mercado interno. Consumidores de grandes centros urbanos já sentem o impacto ao fazer compras semanais.
"Os preços dos cortes bovinos mais populares estão subindo. Aquele churrasco de fim de semana vai ficando mais difícil de bancar", comenta a dona de casa Ana Souza, de Cuiabá.
Especialistas explicam que o aumento da exportação reduz a oferta de carne no mercado interno, o que, por sua vez, eleva os preços para os consumidores brasileiros. Essa dinâmica é típica em tempos de alta demanda global.
Para os pecuaristas, no entanto, o momento é de otimismo. A valorização do boi gordo e boi magro deve continuar, impulsionada pelo apetite global pela carne brasileira, reconhecida pela qualidade e preço competitivo.
Expectativa para o futuro
Com os abates em Mato Grosso chegando a 5,62 milhões de cabeças de gado até setembro, o estado está a caminho de bater novos recordes no setor de pecuária. A expectativa é que o volume de abates supere 6,16 milhões de cabeças até o final de 2024, o que também colabora para a sustentação dos preços elevados.
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