Alvo da oposição do prefeito afastado, Emanuel Pinheiro (MDB) na Câmara Municipal, por defender a criação de uma Comissão Especial Temporária antes da abertura de Comissão Processante (CP), a vereadora Edna Sampaio (PT) relatou na sessão ordinária desta terça-feira (09.11) ter sido diversas vezes vítima de violência política de gênero na Casa de Leis.
Sampaio relatou a violência quando parabenizou o presidente Juca do Guaraná Filho (MDB) por retratar publicamente a ofensa feita à vereadora Michelly Alencar (DEM).
“Sei do sentimento da vereadora Michelly que sofreu essa violência, porque eu fui vítima aqui várias vezes de violência política de gênero, quando me impediram de assumir a Presidência da Comissão de Direitos Humanos porque supostamente eu iria discutir a ideologia de gênero, aquilo foi machismo, quando nós discutimos a moção de aplausos da chacina no Rio de Janeiro e eu fiquei nervosa porque para mim, aquilo é uma atrocidade, que a Câmara não poderia se posicionar daquela forma, me mandaram tomar gardenal e aquilo era violência de gênero na política”, relatou Sampaio.
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A vereadora do PT também relatou ainda os embates com o vereador Dilemário Alencar (Podemos), por ataque racista: “Quando alguns dias atrás um vereador aqui desta Casa me comparou a alguém de forma pejorativa a outra mulher negra batalhadora como eu, como você Michelly e quis me desqualificar por conta de minha condição de mulher e de negra nessa Casa ali foi uma violência de gênero, foi racismo, foi misoginia”, lembrou a vereadora.
Entretanto, apesar dos enfrentamentos no Parlamento cuiabano, Edna Sampaio destacou que seu feminismo “jamais foi seletivo” ainda que violência política é crime no país. Já no Parlamento, violência política trata-se de quebra de decoro, que poderá ser provocada por meio da Comissão de Ética da Casa de Leis.
“Aquela situação e todas as outras que tiveram aqui não houve uma voz se levantasse para me defender, não houve indignação para colocar contra a violência que a vereadora Edna Sampaio sofreu aqui nesta Casa, por isso eu digo: jamais o meu feminismo será seletivo, jamais a questão de gênero para mim será utilizada como subterfúgio para qualquer coisa”, encerrou.
O posicionamento machista dos colegas foi reconhecido pelos vereadores Wilson Kero Kero (Podemos) e Demilson Nogueira (PP), durante as discussões da abertura da Comissão Especial, aprovada por 23 votos favoráveis. O machismo voltou à discussão após o vereador Diego Guimarães (Cidadania) tecer duras críticas à petista e chamar a colega de "negacionista da corrupção na Prefeitura de Cuiabá" por se posicionar contra a abertura da Comissão Processante.
Ainda na discussão, Diego Guimarães negou machismo, mas a parlamentar não deixou barato: "Primeiro eu quero dizer Diego, que o machismo não é aquilo que o homem reconhece como machismo, que apresentar um projeto de lei nesta Casa querendo vedar o gênero neutro é também um machismo, porque não reconhece as outras possibilidades de gênero, que existe de fato na sociedade, que nada tem a ver com a flexão da língua portuguesa. Fui vítima várias vezes de machismo, inclusive sobre o tom da minha voz, em que vereador aqui, se incomoda com o tom da minha voz, mas não se incomoda com o tom da voz de um vereador homem aqui na Casa."
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