Faltando um ano e meio para as eleições de 2026, Mato Grosso segue sem um cenário claro sobre quem disputará o Governo do Estado e as duas vagas ao Senado. O atual governador, Mauro Mendes (União Brasil), ainda não confirmou sua candidatura ao Senado e, segundo fontes do ligadas ao Palácio Paiaguás, estaria, inclusive, repensando sua participação no pleito. Os motivos são variados, mas todos giram em torno de um cenário instável e cada vez mais delicado, tanto na gestão quanto na política.
Um dos principais fatores que pesam sobre Mauro é a complexidade na entrega das obras do BRT em Várzea Grande e Cuiabá. Prometidas para serem concluídas até o fim de seu mandato, as obras enfrentam novos entraves com a abertura de licitações complementares, como a da drenagem da Prainha — considerada uma “caixa de surpresas” pelos próprios engenheiros. Qualquer atraso pode comprometer a imagem de eficiência que Mauro construiu ao longo de sua gestão e que seria sua principal vitrine para o Senado. Além disso, o governador teria que deixar o cargo seis meses antes do pleito para concorrer, o que representa um risco elevado caso a obra ainda esteja inconclusa.
Outro elemento-chave dessa equação política é o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos). Mauro teria se precipitado ao anunciá-lo como seu sucessor natural e, nos bastidores, o arrependimento já é evidente. As recentes declarações de Pivetta, indicando que pretende renovar completamente o secretariado, desagradaram profundamente o núcleo duro do governo. Ao afirmar que a gestão “envelheceu” e precisa ser “reoxigenada”, Pivetta não apenas criou um ruído com Mauro Mendes, como também sinalizou que não pretende dar continuidade ao atual projeto político — o que é visto como uma traição pelos aliados mais próximos do governador.
Para agravar o quadro, o alinhamento de Pivetta com a deputada estadual Janaina Riva (MDB), desafeta histórica do casal Mendes, caiu como uma bomba no Paiaguás. Janaina, que já foi uma das principais vozes da oposição ao governo, agora se mostra próxima ao vice-governador, o que torna ainda mais frágil a relação entre ele e Mauro Mendes.
Diante desse cenário, novas possibilidades ganham força. Caso Mauro Mendes decida disputar o Senado, o nome do empresário e ex-senador Cidinho dos Santos (PP) desponta como possível primeiro suplente. Já se Mauro optar por permanecer no cargo até o fim do mandato, Cidinho é considerado, por analistas políticos, o "nome ideal" para sucedê-lo no Governo: tem bom trânsito entre diferentes grupos, evita polarizações entre direita e esquerda e mantém relações sólidas com os irmãos Campos — Jayme e Júlio. Além disso, a federação em formação entre União Brasil e PP pode consolidar uma frente de apoio robusta.
Por outro lado, nesse mesmo cenário de continuidade, o presidente da Assembleia Legislativa, Max Russi (PSB), também ganha destaque. Com musculatura política, base bem estruturada e capacidade de diálogo com diversos segmentos, Max pode se tornar protagonista, especialmente se conseguir ocupar os espaços deixados pelas divergências entre Mauro e Pivetta. E ainda há uma terceira via possível: o secretário de Fazenda do Estado, Rogério Gallo. Embora com perfil mais técnico, é considerado a “cabeça pensante” do governo Mauro Mendes e já teve seu nome ventilado em ocasiões anteriores.
Enquanto isso, no campo adversário, cresce a expectativa de que, sem o apoio de Mauro, Pivetta busque ancoragem em Janaina Riva — talvez até compondo chapa com ela para agregar peso político à candidatura. Contudo, nos bastidores, deputados ouvidos pelo confessam: “Pivetta é difícil de carregar”. O vice-governador tem fama de intransigente e demonstra pouca habilidade para articulação política — um obstáculo considerável em uma disputa que exigirá muito mais do que apenas experiência administrativa.
Em um possível cenário em que Mauro Mendes decida disputar o Senado, tendo Cidinho como primeiro suplente em sua chapa e Pivetta como candidato ao Governo, deputados que conversaram reservadamente com a reportagem do avaliam que o governador poderá optar por caminhar de forma independente, sem se vincular à candidatura de Pivetta — para não correr o risco de se atrelarem politicamente e acabarem afundando juntos.
Segundo esses parlamentares, a estratégia já foi utilizada no passado. Em 2010, por exemplo, Blairo Maggi concorreu ao Senado, mas decidiu não vincular sua imagem à do então candidato ao Governo, Silval Barbosa. “Tocou a campanha de forma independente”, lembraram.
Portanto, o tabuleiro de 2026 está longe de estar definido. As peças estão em movimento, e os jogadores ainda não decidiram se entrarão em campo ou se preferem observar da arquibancada. Entre arrependimentos, obras inacabadas e alianças controversas, o que se vê é um cenário fluido, em que qualquer passo em falso pode alterar completamente o rumo da disputa.
Há também o senador Jayme Campos, que ainda não decidiu se disputará a reeleição ao Senado ou se concorrerá ao Governo do Estado. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, atualmente licenciado do cargo de senador, também poderá disputar a reeleição. Contudo, nesta semana, surgiu um ruído de que ele estaria fora da disputa. A reportagem, no entanto, não obteve confirmação oficial sobre essa possível desistência.
Já o senador Wellington Fagundes (PL) encontra-se em uma posição confortável, pois ainda tem mais quatro anos de mandato. Nos bastidores, o comentário é que sua saúde estaria fragilizada e que ele já teria sido aconselhado pelos filhos a “tirar o pé do acelerador” e priorizar a qualidade de vida.
Como diz o ditado: muita água ainda vai passar debaixo dessa ponte.
Leia também - Mauro Mendes dissocia opinião pessoal do União Brasil e critica partidos políticos
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).