O ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), usou dinheiro da Copa do Mundo de 2014, para pagar R$ 1 milhão para o ex-assessor especial da vice-governadoria do Estado, lobista Rowles Magalhães Pereira da Silva, parar de lhe importunar, quanto às denúncias de cobranças de propinas envolvendo a escolha do Veículo Leve sobre os Trilhos (VLT), como modal para atender Cuiabá/Várzea Grande. A informação consta no depoimento do peemedebista prestado ao Ministério Público Federal (MPF), que desencadeou a nova fase da Operação Ararath – denominada “Descarrilho”, deflagrada nesta quarta (09.08).
Segundo Silval, o lobista, na época, não ocupava função no Estado, e atuava como representante do fundo INFINITY que, mais a frente "doaria" o pré-projeto de implantação do VLT ao Governo do Estado. O ex-governador contou que Rowles tentou auferir vantagem da obra do VLT, de um lado realizando tratativas com a empresa Soares da Costa (que também participou do certame, mas não venceu), de outro, acertando o recebimento de propina ("retorno") no montante de R$ 5 milhões com Eder de Moraes - antes deste ser exonerado da SECOPA.
Silval disse que teve conhecimento do fato por meio do seu então secretário da Secopa, Maurício Guimarães, que sucedeu a Eder de Moraes, e a partir da sucessão, passou a ser o articulador da arrecadação de propina no âmbito da SECOPA — e, em razão disso, passou a ser cobrado por Rowles.
“QUE o Declarante ficou sabendo, por intermédio de MAURÍCIO GUIMARÁES que o fato do consórcio composto pela empresa portuguesa CONSTRUTORA SOARES DA COSTA não ter vencido a licitação causou frustração a ROWLES MAGALHÃES, que estava realizando tratativas com a empresa SOARES DA COSTA a fim de receber alguma vantagem; QUE ROWLES MAGALHÃES então começou a fazer cobranças sobre o Declarante e MAURICIO GUIMARAES, que na época dos fatos Secretário da SECOPA (Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo); QUE o Declarante tomou conhecimento por intermédio de MAURÍCIO GUIMARÃES que ROWLES disse que havia combinado o valor de R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) de 'retornos' das obras do VLT com EDER MORAES; QUE como EDER MORAES foi exonerado da SECOPA, quem a assumiu foi MAURICIO GUIMARÃES, pessoa que passou a ser cobrada por ROWLES MAGALHÃES desse combinado de propinas com EDER MORAES; QUE ROWLES MAGALHÃES sempre cobrava por intermédio de MAURÍCIO GUIMARÃES, que as levava ao conhecimento do Declarante” dizem trechos do depoimento de Silval.
Ainda, segundo depoimento do ex-governador, as cobranças ocorreram aproximadamente no período em que Rowles começou a fazer denúncias à imprensa sobre fraudes na licitação no VLT e pagamento de propina.
O pagamento de R$ 1 milhão ao lobista, para cessar as “importunações” foi feito por intermédio do empresário Ricardo Novis Neves.
“Após diversas cobranças, SILVAL BARBOSA determinou a MAURÍCIO GUIMARÃES o pagamento de R$ 1 milhão "para ROWLES parar de importunar". De acordo com o ex-Governador, MAURÍCIO GUIMARÃES cumpriu sua determinação e efetuou o pagamento em favor de ROWLES MAGALHÃES por intermédio do empresário "RICARDO NOVIS NEVES", nome pelo qual é conhecido RICARDO PADILLA DE BOURBON NEVES — o mesmo que, sem razão aparente, esteve presente na comitiva do Governo que viajou a Portugal em 2011”.
De acordo com Silval, tal montante saiu de propinas recebidas na SECOPA, com origem nos pagamentos relacionados às obras da Copa, sendo atribuição de Maurício Guimarães solicitar e receber esses retornos dos empresários.
“QUE o Declarante, no entanto, não sabe afirmar de qual empresa vieram os recursos utilizados para pagar ROWLES MAGALHÃES; QUE posteriormente, MAURÍCIO GUIMARÃES informou ao Declarante que cumpriu sua determinação e havia repassado a quantia de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) a ROWLES MAGALHÃES, por meio do empresário "RICARDO NOVIS NEVES", sendo que todos os envolvidos tinham ciência da origem ilícita dos recursos” diz depoimento de Silval.
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