Servidores da Secretaria de Saúde de Cuiabá relataram vários abusos cometidos por membros do gabinete de intervenção do Governo do Estado de Mato Grosso. A intervenção começou no dia 28 de dezembro de 2022, e foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no último dia 06 de janeiro deste ano.
Uma série de depoimentos foram coletados na segunda-feira (16.01) pela Comissão criada pelo prefeito Emanuel Pinheiro, através do Decreto 9.540/2023, para o levantamento e a apuração dos atos praticados durante toda a intervenção.
Após a coleta dos depoimentos, o presidente da Comissão e secretário de Governo, Luis Cláudio, decidiu, com os integrantes da comissão, pedir uma solicitação aos órgãos competentes para fazer uma varredura no prédio da Secretaria Municipal de Saúde para verificar se escutas haviam sido instaladas no local.
Em depoimento, a servidora A.N. relatou que foram inúmeros episódios de intimidação. Ela também diz que chegou a presenciar um momento em que uma pessoa da equipe de Intervenção “tomou” o celular de um senhor que sequer era servidor do quadro da Saúde.
"Ninguém podia entrar ou sair com nada em mãos", disse ela.
Uma servidora do Setor Financeiro contou que seu coordenador foi exonerado do cargo e, logo após, Josias Jovino Pulquério, da equipe da Intervenção, ordenou que levassem o seu computador e pediu aos outros coordenadores relatórios financeiros e as notas de empenho dos processos que estavam no setor.
Foi solicitado informações que estavam no sistema financeiro do Município (Safira) no período dos exercícios de 2022 e 2021 e o quadro de detalhamento de despesas, além de notas de empenho e outros relatórios financeiros para levantamento de gastos.
Nos depoimentos também consta que a equipe de transição pressionava os servidores para agilizar a coleta de dados e ainda mantinham uma pessoa do gabinete para monitorá-los o tempo todo.
Foi detalhado, ainda, as cenas de subtração de computadores logo depois da decisão de anulação da medida interventiva na administração da Saúde, feita pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
"Logo após a decisão, mandaram que todos deixassem o prédio", disse a servidora do Setor Financeiro.
O presidente da Comissão, Luis Claudio Sodré, afirmou que as informações serão encaminhadas a outros órgãos fiscalizadores.
"A entrega dos materiais retirados sem respaldo legal só foi realizada no dia 8, e muitos computadores voltaram danificados. Quando se conecta na rede da gestão de Saúde, o sistema cai, ou trava. Temos que vasculhar a rede e fazer com que volte a funcionar. O próximo encaminhamento será encaminhar os levantamentos dos decretos, exonerações, assédios e desrespeito para entregarmos ao prefeito Emanuel Pinheiro para que ele adote as providências cabíveis", concluiu.
A Comissão terá prazo de 15 dias para conclusão da apuração.
Outro Lado – A equipe do entrou em contato com a assessoria do gabinete da Intervenção, mas não obtivemos resposta até o fechamento da matéria. O espaço segue aberto para esclarecimento.
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