O ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PP) recebeu a Folha ontem em seu escritório para mostrar as fotos de seu calendário com autoridades internacionais, como o papa João Paulo 2º e os ex-presidentes americanos George Bush e Bill Clinton.
Falou também da já célebre imagem com o ex-presidente Lula em sua casa e do apoio ao candidato do PT, Fernando Haddad, à prefeitura.
Um resumo da conversa:
O que teve foi o seguinte: a mídia toda foi furada, inclusive a Folha. Publicavam sempre que o PP já estava fechado com o PSDB. Mas eu nunca fui consultado. Mandei aviso à imprensa de que, naquele dia, anunciaria em minha casa o nome de quem iria apoiar.
Quando abriu o portão, [os jornalistas] encontraram a mim e ao Lula. [rindo] Se sentiram provavelmente desinformados. Caiu o mundo.
Mas não caiu mundo nenhum. Em 2002, nós apoiamos o Lula [para presidente] e o [José] Genoino [candidato a governador de SP] no segundo turno. Em 2004, apoiei a Marta [Suplicy, candidata a prefeita].
Marta Suplicy
Ela não reclamou do meu apoio [em 2004], ficou feliz da vida. Nunca ouvi ela falar mal de mim. Mas eu entendo a Marta. Ela julgava que seria candidata a prefeita [neste ano]. Se fosse, ela teria sido agraciada com nosso apoio.
Apoio a José Serra
O Serra esteve em casa duas vezes -uma delas, há três semanas, com o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que é meu amigo. Conversamos sobre tudo. Mas não deu certo [o acordo com o PSDB]. O Serra é bem vindo na minha casa dez vezes. Mas eu não sou eu, eu sou um partido. Tem deputados federais, estaduais, vereadores.
Gabriel Chalita
Da mesma maneira o Chalita [candidato do PMDB a prefeito] é bem vindo. Ele almoça em casa, janta em casa, está sempre comigo em Brasília. O Chalita é amigo da gente.
Lula constrangido
Fechado o acordo com o PT, fizemos um almoço em casa, algumas pessoas compareceram. E o Lula foi convidado. Constrangido? Ao contrário, ele estava alegre e feliz. Eu que inibi o presidente, 'não fala, presidente', por causa do problema na garganta.
Antigos adversários
Quem mudou? O Lula assumiu em 2003 sob a desconfiança de que era um Fidel Castro brasileiro. Achava que ele tinha que ter estágio no governo brasileiro até para o povo se decepcionar com ele. Mas, da maneira que exerceu a Presidência, diria que ele está à minha direita.
Eu, perto do Lula, sou comunista.
Eu não teria tanta vontade de defender os bancos e as multinacionais como ele defende. Quando ele tira imposto dos carros, tira da Volkswagen, da Ford, da Mercedes. Quando defende sistema bancário, defende quem? Os banqueiros.
Eu, Paulo Maluf, industrial, estou à esquerda do Lula. De modo que ele foi uma grata revelação do livre mercado, da livre iniciativa.
Dilma e Alckmin
Em 2014, a minha chapa vai ser Dilma [Rousseff] para presidente e Geraldo Alckmin para governador. Ela está sendo uma excepcional presidente, além de todas as expectativas. E Alckmin está sendo muito bom governador.
Somos parte do governo federal, através do Ministério das Cidades, e aqui em São Paulo, com dois diretores da CDHU [companhia habitacional]. Na Assembleia Legislativa, votamos com o governador. Acabou a eleição, o que interessa é que haja governabilidade.
Apoio aos tucanos
Apoiei o [Mario] Covas no segundo turno [ao governo em 1994]. Ele foi lá, na sede do PPB, pedir apoio. E ganhou por diferença tão pequena que, se eu estivesse do outro lado, perdia. Em 1998, apoiamos FHC, que teve 51%. Se não fosse meu apoio, ia para o segundo turno contra o Lula.
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