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Política Segunda-feira, 07 de Agosto de 2017, 14:17 - A | A

Segunda-feira, 07 de Agosto de 2017, 14h:17 - A | A

Grampos Ilegais

Perri suspeita que “escritório de inteligência” em MT ainda esteja em pleno funcionamento

Rojane Marta/VG Notícias

VG Notícias

Orlando Perri

"Sistema Sentinela ainda pode estar operando a todo vapor”, aponta desembargador

A polêmica em torno das escutas clandestinas em Mato Grosso, com participação de ex-integrantes do governo do Estado, está longe para se ter um fim. O desembargador do Tribunal de Justiça (TJ/MT), Orlando Perri, suspeita que o “escritório de inteligência”, montado por suposto “grupo criminoso”, ainda esteja em pleno funcionamento. A informação consta da decisão em que Perri decretou a prisão preventiva do ex-secretário chefe da Casa Civil, Paulo Taques, na última sexta (04.08).

Segundo Perri, ainda não foi apreendido o Sistema Sentinela – o qual era utilizado pelo grupo, para prática dos grampos ilegais. “Conforme ressaltei no decreto de prisão preventiva no âmbito do Inquérito Policial Militar, o Sistema Sentinela [utilizado para prática dos grampos ilegais] até o momento não foi apreendido, havendo mesmo alta probabilidade de estar, em algum canto, operando “a pleno vapor”, uma vez que seu acesso é remoto”.

O desembargador, cita ainda que “de tudo que foi apurado, é possível afirmar, com convicção, que o elo entre Paulo Taques e o Escritório de Inteligência está concretamente comprovado não só pela interceptação clandestina de Tatiane Sangalli Padilha, ex-amante do então chefe da Casa Civil – apurada na investigação –, mas também pela escuta ilegal implantada pelo Núcleo de Inteligência, a partir de decisão judicial proferida na Comarca de Cáceres, onde foram interceptados, dentre outros, dois advogados, sendo eles: José Antônio Rosa e José Patrocínio de Brito Júnior.

“Neste passo, não é demais lembrar novamente que esses dois causídicos trabalharam na eleição estadual de 2014: José Antônio Rosa era advogado da então candidata Janete Riva, e José Patrocínio, de Lúdio Cabral. Lúdio Cabral e Janete Riva eram os principais adversários do atual governador do Estado, Pedro Taques, que, por sua vez, era patrocinado pelo escritório de Paulo Taques. Ora, coincidentemente, ou não, o único advogado – dos principais candidatos ao Governo do Estado – que trabalhou na campanha eleitoral de 2014 e que não foi interceptado, foi, justamente, Paulo Taques, razão pela qual é fácil concluir indícios de sua ligação com o grupo criminoso instalado para realização de grampos ilegais” diz trecho da decisão.

Para Perri, é alta a probabilidade da existência de uma organização criminosa, que operacionalizou o simulado Núcleo de Inteligência da Polícia Militar para o cometimento de crimes. Igualmente, segundo o desembargador, alta é a probabilidade de Paulo Taques integrar referida organização, até pelos fortes laços que o irmana ao coronel Zaqueu e ao Coronel Siqueira.

No entanto, Perri destaca que não se sabe ao certo a real participação de Paulo Taques no esquema engendrado. “Contudo, o que temos apurado é que o grupo criminoso trabalhou incisivamente em prol dos interesses de Paulo Taques, sobretudo no que tange à interceptação telefônica clandestina de pessoas que, de alguma forma, e em determinados momentos, possuíam algum interesse contrário ao seu” enfatiza.

Perri questiona quem de fato seria o principal mantenedor do “escritório de inteligência”. “Seria apenas o Cel. PM Evandro Alexandre Ferraz Lesco? Ao que tudo indica não, uma vez que este adquiriu o Sistema Sentinela e ajudou a pagar o aluguel do imóvel, ou seja, ele arcou com parte das despesas, mas não sua totalidade. Destarte, há sérios e fundados indícios de que Paulo Taques tenha participação incisiva no grupo criminoso formado, inclusive sendo um [ou, quiçá, o mais importante] de seus mantenedores” explica.

O desembargador acredita que é alta a probabilidade de o grupo, pelo poder [inclusive, hierárquico], continuar com os grampos ilegais, máxime porque, não se localizou a parafernália que os instrumentalizava.

Outro elemento concreto a autorizar a conclusão de que o sistema de escutas clandestinas pode estar em pleno funcionamento, segundo Perri, são às informações fornecidas pela Operadora Claro, onde informa que vários números de celulares utilizados como desvio das ligações telefônicas ilegalmente interceptadas, funcionaram normalmente, mesmo depois da denúncia apresentada pelo então secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Mauro Zaque de Jesus, isso em outubro de 2015.

“Para que se tenha uma ideia, a maioria dos terminais foram cancelados no ano de 2016, porém, um determinado terminal utilizado como desvio das escutas telefônicas (65 – 9236-XXXX), de acordo com informações da Claro, encontrava-se ativo até 9/5/2017, demonstrando, com isso, fortíssimo indício de que o malsinado grupo criminoso estava [ou ainda está] em plena atuação” destaca.

Ele ainda ressalta as razões para decretar a prisão preventiva de Paulo Taques: “se patenteia de todo imprescindível, pelo risco concreto de reiteração delitiva, haja vista que até o momento o Sistema Sentinela não foi localizado, havendo fortes indícios de que possa ainda estar operando a todo vapor, sobretudo pelo mantenedor, fomentador ou beneficiário do esquema criminoso”.

Vale destacar, que os grampos ilegais, além da prisão de Paulo Taques, originaram as prisões preventivas dos policiais militares: coronel da PM Evandro Alexandre Ferraz Lesco, coronel PM Ronelson Jorge de Barros, tenente coronel PM Januário Antônio Edwiges Batista e cabo da PM Euclides Luiz Torezan.

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