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Política Sexta-feira, 26 de Julho de 2024, 16:30 - A | A

Sexta-feira, 26 de Julho de 2024, 16h:30 - A | A

50 ANOS DO ASSASSINATO

Pai de Emanuel Pinheiro foi assassinado por questões políticas, diz carta

Na última sexta-feira (26), crime contra o pai do prefeito de Cuiabá completou 50 anos

Da Redação/VGN

O dia 26 de julho de 1974 ficou marcado na história de Mato Grosso pela morte do então deputado federal Emanuel Pinheiro, pai do atual prefeito de Cuiabá. Quando estava nos festejos de Nossa Senhora de Santana em Chapada dos Guimarães, o político foi alvejado por João Lopes da Costa, que foi preso em flagrante no local do crime. 

Hoje, 50 anos depois, o crime volta às discussões públicas por conta de um achado, feito pelos site PNB Online e confirmado pela reportagem do . Em meio a comoção pelo crime, a viúva de Emanuel Pinheiro procurou o presidente da República, o General Ernesto Geisel, para intervir no caso. 

Maria Helena de Freitas Pinheiro, viúva com um filho de apenas 9 anos (que hoje é prefeito de Cuiabá, enviou a missiva denunciando que o crime contra o marido não era passional, como todos afirmavam, e sim de caráter político. 

Em depoimento, João Lopes disse que matou Emanuel Pinheiro porque o deputado federal teria tido um caso com sua esposa, Dona China, em 1970, quando ela era prefeita de Chapada dos Guimarães. Lopes contou que Dona China confessou a ele que ficou hospedada no mesmo quarto de hotel com o deputado durante uma viagem a trabalho, em São Paulo. Naquela oportunidade, João Lopes a fez telefonar a Pinheiro e contar que o marido tinha conhecimento do caso. E que, daquele momento em diante, Pinheiro deveria evitar ir a Chapada dos Guimarães “para não desmoralizá-lo”.

No mesmo depoimento, prestado um dia após o crime, João Lopes disse que estava “completamente arrependido do crime que praticou”. Disse ainda que era pré-candidato a deputado estadual e que com o crime tinha “perdido todas as possibilidades e oportunidades na vida pública”. Ele já havia sido vereador por Chapada.

Em outro depoimento, João Lopes disse que quando soube da traição da esposa, pensou em matar a ela e também o deputado. Mas que “teve tempo bastante para refletir sobre as consequências do seu fato, razão porque procurou perdoar a sua esposa mas pedindo a ela que telefonasse ao deputado Pinheiro para lembrá-lo de que o interrogado era ciente de tudo e que ele, o deputado, procurasse evitá-lo; (...) e que somente no dia do fato retornou o Deputado Pinheiro a Chapada dos Guimarães e em virtude de seu estado emocional acabou por cometer o crime; que o seu ato foi inteiramente praticado por essa questão de moral”. Esta foi a linha de sua defesa, que pedia sua absolvição.

Carta ao presidente

Maria Helena de Freitas Pinheiro, viúva de Emanuel Pinheiro Primo, escreveu cartas ao presidente da República e ao ministro da Justiça, Armando Falcão, cobrando providências sobre o assassinato. Ela queria que a esposa do réu também respondesse como coautora do assassinato e apontava que o crime tinha viés político e não passional. 

“Dirijo-me diretamente a V. Excia porque sei que nos meios políticos de Mato Grosso a omissão é total e o desejo é grande que se dê a esse crime um caráter passional. Pois com isso destruiria aquela imagem que meu marido sempre soube transmitir de homem leal e cônscio de seus deveres”, escreveu a viúva ao ministro Armando Falcão.

Maria Helena lembra quando, na Convenção Nacional da Arena, o marido dela foi o escolhido para falar em nome de todas as lideranças. “Reconheceram todos em meu marido qualidade para que pudesse expressar o pensamento de todos que ali se encontravam. Vê, V. Excia, que além de um ser humano era uma pessoa digna de confiança e consideração. E não merecia que alguns Judas o traísse e inúmeros Pilatos lavassem as mãos”.

Ela continua: “Sem tomar conhecimento do verdadeiro complô armado contra ele, o meu marido, ingenuamente, mas com a consciência tranquila, dirigiu-se para Chapada dos Guimarães sozinho e desarmado, pois nada tinha a temer. E lá, depois de uma reunião, foi alvejado traiçoeiramente, sem que pudesse esboçar o menor gesto de defesa. E o criminoso veio tranquilamente dirigindo seu carro, acompanhado por dois soldados. Ele sabia que teria a cobertura desejada e, que não sabe, prometida? Pois só isso justificaria tal atitude”. A viúva levantava a suspeita de que o assassino teria cometido o crime por mando de outros e que serviria de testa de ferro. “O que existe Excia é uma cobertura que não se sabe de onde está vindo, impedindo que tudo se esclareça e os verdadeiros culpados sejam punidos”.

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