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Política Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2012, 04:22 - A | A

Quinta-feira, 13 de Dezembro de 2012, 04h:22 - A | A

‘Não tenho mais o que fazer’, diz Presidente Dilma sobre royalties

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira em Moscou que, ao vetar artigos do projeto que muda as regras de divisão dos royalties do petróleo.

O Globo

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (13.12) em Moscou que, ao vetar artigos do projeto que muda as regras de divisão dos royalties do petróleo, esgotou tudo o que poderia fazer nesta questão. Sem as emendas, os estados produtores, como o Rio, sairão prejudicados. Mas Dilma disse que agora, tudo o que pode fazer, é esperar a decisão do Congresso. Na quarta-feira, a maioria dos deputados e senadores votou pelo regime de urgência na apreciação do veto da presidente Dilma Rousseff ao texto que redistribuía os recursos e causava perdas para os estados produtores. A apreciação definitiva sobre a questão poderá ocorrer já na próxima semana.

— Eu estou aqui, o Congresso está lá. Já fiz todos os pleitos, o maior deles, foi vetar. Não tenho mais o que fazer! Não tem nenhum gesto meu mais forte do que o veto. O resto seria impossível — disse Dilma.

Diante da insistência de jornalistas, sobre se ela pretendia fazer gestões junto à base aliada no Congresso para manter os vetos, ela afirmou :

— Não vou impedir que ninguém vote de acordo com sua consciência.

É uma crise para o governo? — perguntou um jornalista:

— Olha, eu acho que vocês (jornalistas) adoram a palavra crise. Tudo vocês veem crise. Não tem crise, o funcionamento da democracia é assim. Eu sou de uma época…quando era bem mais nova do que sou hoje, em que tudo no Brasil virava crise. Mas um tipo de crise com consequências mais graves: a gente ia para a cadeia.

Dilma insistiu que o Brasil é um país democrático e que as pessoas precisam conviver com as diferenças

— Nada disso pode resultar em crise. Este é o funcionamento normal da democracia num país avançado — disse.

A presidente voltou a defender que o dinheiro dos royalties sejam utilizados para investimentos na educação.

— Que nós tenhamos um compromisso com a educação no Brasil. O recurso do petróleo é um recurso finito. Tudo o que nós ganharmos do petróleo temos que deixar para a riqueza mais permanente, que é a educação que cada um carrega.

Brasil tenta remover embargo russo às importações de carne

Sob um frio de 12 graus negativos, a presidente Dilma Rousseff iniciou na tarde desta quinta-feira sua primeira visita oficial à Rússia com uma pendência persistente na relação dos dois países para resolver: o embargo dos russos às importações de carne de três grandes estados produtores – Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso – que se arrasta desde junho de 2011, por questões sanitárias. Carne é o principal produto de exportação do Brasil para a Rússia.

O primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, iniciou seu encontro com Dilma dando as boas vindas e dizendo que estava pronto a resolver “problemas”:

— O relacionamento entre Brasil e Rússia está no auge. Temos vários bons projetos. Mas isso não significa que está tudo resolvido. Temos problemas para resolver e o governo da Rússia está aberto para resolver todas estas questões — garantiu o primeiro-ministro.

Medvedev vai ao Brasil em fevereiro e Dilma aproveitou para convidá-lo a esticar a visita e ficar para assistir o carnaval. Por enquanto, foi o único acordo anunciado: Medvedev aceitou o convite para o carnaval. Mas Dilma afirmou :

— O primeiro-ministro Medvedev me disse que teremos um resultado positivo. Não me comunicou qual a decisão final, mas considera que os produtores brasileiros tomaram todas as medidas e teremos um resultado positivo no final.

Já Antonio Patriota, ministro das Relações Exteriores, afirmou apenas :

— Estamos conversando…estamos conversando.

O embargo da carne aos 3 estados não é o único problema comercial com os russos. Moscou não quer carne com ractopamina, um aditivo alimentar que alguns produtores brasileiros também usam. E vai exigir dos brasileiros um certificado.

Carne é o principal produto das venda brasileiras para Rússia: mais de US$ 1,5 bilhões dos US$ 4,2 que o Brasil exportou para o país no ano passado. Inúmeras reuniões técnicas foram feitas, muitas delas seguidas de falsos anúncios, do lado brasileiro, de que o assunto estaria prestes a ser resolvido. E nada. Em março, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, saiu de uma reunião com a ministra da Agricultura russa, Yelena Skiynnik, afirmando que “o embargo está chegando ao fim”.

Há duas semanas, o secretário de Defesa Agropecuára, Ênio Marques, chegou a anunciar o fim do embargo depois de um encontro com o chefe do serviço sanitário russo, Sergey Dankver. E disse que a retomada das exportações dependia apenas de um comunicado oficial do serviço sanitário. Mas o comunicado nunca saiu, nem mesmo ontem, horas antes da chegada de Dilma e depois de mais uma reunião técnica em Moscou.

Embraer: de olho no vasto mercado russo

No plano comercial, o governo tem uma ambição bem maior: vender mais e diversificar a troca com os russos, que hoje está restrita à venda de commodities. A Rússia teve o maior crescimento econômico entre os países do G-8 (grupo de países ricos, na sua maioria), em 2011: 4.3%. E sua classe média está se expandindo. Na linha de frente da estratégia de diversificação está a Embraer, que acaba de abrir escritório em Moscou, e vai conseguir certificação para tentar vender seu jato regional E-190 (com capacidade para 100 lugares). Só para obter esta certificação, negociou-se 3 anos com os russos.

Mas a Embraer terá que brigar por espaço no mercado regional russo com o grupo Sukhoi, que por sua vez luta para vender seus caças ao Brasil e derrubar as pretensões dos franceses de vender os caças Rafale. Este também vai ser um tema do encontro entre Dilma e o presidente russo Vladimir Putin, na sexta-feira, dia do aniversário da presidente brasileira.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, vai discutir com os russos outro negócio lucrativo: compra de material bélico. Do lado político, Dilma e Putin vão discutir a guerra civil na Síria, a questão entre Israel e a Palestina, além da situação no Norte da África, em particular, as turbulências no Egito. Além de Amorim, integram a comitiva da presidente os ministros Antonio Patriota, das Relações Exteriores, Aloizio Mercadante, da Educação, Fernando Pimentel, da Indústria e Comércio, além da presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, e o assessor especial de relações internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.


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