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Política Terça-feira, 28 de Agosto de 2012, 11:30 - A | A

Terça-feira, 28 de Agosto de 2012, 11h:30 - A | A

CPI DO CACHOEIRA

“Não sabia do envolvimento do Carlos Cachoeira com a Delta, nunca o vi antes” diz Pagot

Luiz Antônio Pagot depõe neste terça-feira (28.08), na Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, em relação a Delta com o Dnit.

por Lucione Nazareth/VG Notícias

O ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot está prestando na manhã de hoje (28.08) esclarecimentos do caso Cachoeira, na Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, em relação a Delta com o Dnit.

A Delta era uma das principais Construtoras de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e também é acusada de envolvimento com o esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira.

Durante a sessão, Pagot negou que conhecia o contraventor Carlinhos Cachoeira, e que não sabia do seu envolvimento com a empresa Delta Construções. Segundo ele, passou a conhecer e saber das ligações somente por meio de reportagens que saíram na imprensa envolvendo o bicheiro. “Não sabia do envolvimento do senhor Carlos Cachoeira com a Delta, nunca o vi antes e muito menos me encontrei com ele, conheci ele apenas durante as reportagens na imprensa”, revelou o ex-diretor.

Pagot disse ainda, que ficou muito estarrecido com seu afastamento e depois com a sua exoneração do Dnit, episódio que destacou como um dos mais amargos em sua vida, sendo que havia entrado para o Departamento Nacional a convite do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2007.

O ex-diretor afirmou que teria sido derrubado do Dnit após denúncias publicadas na imprensa que foram criadas por Cachoeira e representantes da Delta, que queriam sua saída, já que ele não dava vida boa para nenhuma empresa.“Eu acredito que era pela atuação que eu vinha tendo no Dnit. Eu não dava vida boa para nenhuma empresa, nenhuma empreiteira ou prestadora de serviço. Eu era muito exigente”, afirmou.

Em relação a Delta, Pagot disse que o Dnit verificou em 2010 problemas em obras e contratos com a construtora, processos que foram levantados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela rede de controle do sistema que o governo federal colocou em funcionamento em que atuam em conjunto o TCU, CGU, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.

Em meio aos esclarecimentos aos parlamentares, Pagot disse que participou de jantares na casa do senador cassado, Demóstentes Torres. Em um destes jantares, o ex-senador goiano estava acompanhado de diretores da Delta –Fernando Cavendish, Cláudio Abreu e o representante Xavier, que não soube dizer o sobrenome. No dia em questão, o senador questionou se haveria dinheiro para pagar as obras da Delta e que gostaria de ter uma obra “com o carimbo dele”.

“Para a minha surpresa, no jantar, estava além dele (Demóstenes), os diretores da Delta. Estava o Fernando Cavendish, o Cláudio Abreu, o Xavier e um outro diretor que não me lembro", relatou Pagot.

Ele disse que naquela oportunidade Demóstenes relatou a ele que tinha “dívidas” com a Delta, já que a construtora teria dado dinheiro para a campanha dele ao Senado.

"Em uma sala reservada, ele (Demóstenes) me disse o seguinte: eu tenho dívidas com a empresa Delta, que tem me apoiado nas campanhas e eu preciso de alguma obra com o meu carimbo. Eu disse a ele que lamentava que não podia atendê-lo, que não tinha proximidade nenhuma com o diretor geral do Dnit para pedir: ‘reserve uma obra para Delta", disse Pagot, negando com isso um favorecimento à empresa.

Em relação às campanhas eleitorais Pagot afirmou que contribuiu para a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff em 2010. Naquele ano ele recebeu a visita do tesoureiro da campanha de Dilma, José De Filippi (PT-SP), que pediu ajuda. Na ocasião o então diretor conseguiu que "meia dúzia" de empresas contribui-se para campanha mais de forma legal.

Quem também procurou Pagot buscando ajuda na campanha foi à atual ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, teria pedido pessoalmente para ele que a ajudasse na campanha eleitoral ao governo de Santa Catarina em 2010. Na oportunidade ele teria negada a ajuda para Ideli.

“Disse a ela que não podia indicar (doadores de campanha) e que não faria. E a senadora, acredito, ficou contrariada”, citou Pagot.

Entenda o caso - Pagot assumiu o cargo de diretor-geral do Dnit em 2007 e foi afastado em 2011, após denúncias de irregularidades que forçaram também a saída do então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e abriram uma crise política entre o PR e a presidente Dilma Rousseff.

Escutas telefônicas da Polícia Federal revelaram articulações do contraventor Carlinhos Cachoeira contra Pagot, por ter contrariado interesses da construtora Delta. No dia 10 de maio de 2011, segundo gravações da PF, Cachoeira disse ao então representante da Delta no Centro-Oeste, Claudio Abreu, que “plantou” as informações contra Pagot na imprensa. “Enfiei tudo no r... do Pagot”, diz Cachoeira na gravação.

 

Atualizado ás 13:50

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