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Política Sexta-feira, 27 de Julho de 2018, 14:06 - A | A

Sexta-feira, 27 de Julho de 2018, 14h:06 - A | A

Acompanhe:

Militares depõem sobre esquema de grampos telefônicos ilegais em MT

Lucione Nazareth/VG Notícias

VG Notícias

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O juiz da 11ª Vara Criminal Militar de Cuiabá, Murilo de Moura Mesquita, irá ouvir nesta sexta-feira (27.07), os cinco militares acusados de integrarem o esquema ilegal de grampos telefônicos em Mato Grosso, popular “barriga de aluguel”.

De acordo com os autos, os réus são os coronéis da Polícia Militar: Evandro Alexandre Ferraz Lesco, Ronelson Jorge de Barros e Zaqueu Barbosa; o tenente-coronel Januário Antonio Edwiges Batista, e o cabo da PM, Gerson Luiz Corrêa Junior.

O processo estava suspenso por conta do pedido de suspeição formulado pela defesa do cabo Gerson Corrêa contra os juízes militares e coronéis Valdemir Benedito Barbosa e Luiz Cláudio Monteiro da Silva.

O magistrado deve analisar inicialmente um pedido da defesa do coronel Zaqueu Barbosa que requer que o mesmo não seja ouvido hoje e o seu depoimento seja remarcado para outra data. Conforme a defesa, o militar está acometido com uma hérnia inguinal e cisto de cordão espermático a direita, não tendo condições de saúde adequada para prestar o depoimento.

O magistrado, ao analisar o pedido de Zaqueu na tarde de hoje, apontou que a redeesignação do depoimento não será acolhida, porque as alegações dele são frágeis pelo fato de que o coronel ficará sentando e isso não afetará na sua saúde. Além disso, alegou que ele mesmo optou em não fazer cirurgia para participar da audiência desta sexta.

O juiz ainda analisou outro pedido de Zaqueu, mas desta vez para suspender o andamento da ação. Sobre esse pedido, o juiz negou, sob alegação que o processo não irá atrapalhar nos processos investigatorios em andamento no STJ, no qual tem como réus pessoas com forum privilegiado.

O primeiro a depor será o coronel Zaqueu.

Atualizada às 14h32min - O militar começa depoimento negando participação no esquema. "Não tendo nada a dever resolvi estar aqui, mas não tenho condições de participar desta audiência. Sei o que eu fiz e o que fiz foi por respaldo no ordenamento militar", declarou Zaqueu.

Ele explicou que o Núcleo de Inteligência foi iniciado para apurar conduta imprópria de militares, e que já existia uma estrutura desta investigação e que somente foi colocado aparelhagem para dar suporte ao Núcleo.

"Eu não criei nada, eu só estruturei. Já existia o Núcleo".

Segundo ele, coronel Celso, do Rio de Janeiro doou uma placa em 2013 para fazer o sistema de grampos. Zaqueu pediu para Lesco uma pessoa que analisasse a placa de escutas cedida a ele, e que esse serviço de análise da placa foi feito pelo cabo Gerson em 2014 - época que o militar atuava no sistema guardião do Gaeco.

Conforme ele, após isso a assessoria jurídica da PM lhe concedeu autorização para trabalhar com o sistema nas investigações de condutas ilegais de policiais em Mato Grosso. "Depois disso fui em Cáceres solicitar para operar o sistema nas investigações de policiais na comarca de Cáceres", explicou Zaqueu.

O coronel disse não saber aonde eram realizados relatórios do sistema de interceptações. "Eu nunca estive no lugar aonde foi instalado a placa das interceptações. Na época, o próprio comando da PM não queria que esse sistema ficasse em local sobre o conhecimento de militares. Por isso foi montado fora da instituição", relatou.

Barbosa declarou que o cabo Gerson era a única pessoa com expertise para operar o sistema devido seu conhecimento no sistema interceptações no Gaeco.
No depoimento, o militar revelou que Gerson esteve lotado no Gaeco enquanto realizou trabalho de interceptações para o Núcleo.

Ele disse desconhecer o número exato de quantos relatórios sobre as escutas. "O Gerson tinha senha do meu e-mail e utilizando ele o Gerson enviou vários relatórios para Juízo da Comarca de Cáceres", contou.

Ele negou ter cometido qualquer crime de falsidade de documentos sob alegação de que não assinou nenhum relatório de interceptações telefônicas. "Dos documentos que constam nos autos só assinei este relatório de inteligência. Não assinei esses relatórios de interceptações até porque não tinha expertise para isso", contou, negando também ter assinado pedidos para as operadoras de telefonias.

Ele disse que cabo Gerson sempre "gozou" da credibilidade dentro do Gaeco pelo seu profissionalismo e que tudo ficará esclarecido. "Se houve erro foi material. Não teve desvio de conduta. O Gerson e todos as pessoas que estão aqui neste processo sempre tiveram conduta ilibada. E eu nunca pedi para ninguém e nem recebi pedido para inserir número de telefones para fazer escuta ilegal. A pessoa sabia que se pedisse para mim seria negado na hora".

O coronel explicou que ele não tinha "prática" ou "expertise" suficiente para identificar a "barriga de aluguel". "Eu não sei quem é o responsável, mas eu não sou. O que pode ter ocorrido foi um erro. Quem pode explicar esses números inseridos aí na denúncia é quem fez os relatórios", disse o militar afirmando que as pessoas que ouviram os áudios, no caso de cabo Gerson, podem explicar os autores e solicitantes dos pedidos de grampos telefônicos.

E acrescentou: "Nunca pedi para inserir número nenhum. Eu só tomei ciência disso quando o doutor Mauro Zaque veio falar comigo. Eu conversei com ele, sendo que na época, eu disse que entrei de cabeça erguida e iria sair de cabeça erguida".

Ele ainda afirmou que pediu para Mauro Zaque abrir procedimento para investigar os fatos dos grampos, mas afirmou que não participou de nada. "Nunca foi do meu conhecimento quem foi grampeado nestas escutas".

Zaqueu contou que desde que entrou na Polícia Militar sempre prendeu policiais militares em desvio de conduta. "Sempre cumpri meu papel, mas nunca prevariquei".

O coronel revelou que o cabo Gerson já custeava a sala usada para guardar e operar as escutas telefônicas, pelo valor de R$ 1,5 mil, para estudar juntamente com amigos. "Ele disse que já tinha essa sala alugada e usamos ela".

Zaqueu disse que tem pouco conhecimento em informática e que inclusive todos os seus e-mails funcionais eram abertos pela sua secretária.

Sobre o coronel Lesco, o coronel afirmou que o mesmo jamais solicitou qualquer pedido ilícito a ele e que a única coisa que Lesco fez foi designar cabo Gerson para testar a placa do sistema de interceptações telefônicas.

No depoimento, o militar questionou a veracidade do carimbo que autenticaria os pedidos das escutas. "Estão fazendo um processo em cima de uma denúncia que chegou como um pó mágico, do nada e começam a investigar. Nunca fizeram nenhuma perícia, nada para comprovar que eu, cabo Gerson ou quaisquer outros meninos que estão aí participou ou fizeram isso. Meu nome está sendo jogado na lama por causa de ato como este. As pessoas jogam nosso nome na lama. Hoje desconfio até da cueca que estou vestido", desabafou.

No desabafo ele relatou que juízes e membros do Ministério Público estão vivos por causa dele e de outros militares, que estão arrolados na denúncia do grampolandia.

Zaqueu declarou que jamais Gerson desobedeceu qualquer comando dele e que o cabo sempre teve uma conduta ilibada dentro da PM, e que jamais ficou sabendo que o governador Pedro Taques pediu algo para Gerson.

Ele acusou que muitas coisas que estão no processo relacionado à Operação Querubim (no qual tinha como investigado Muvuca e a ex-amante de Paulo Taques) muitas coisa apenas para "dar volume" ao processo e que nada tem haver com os fatos.

O coronel declarou no depoimento que não tinha qualquer desafeto na época dos supostos grampos. "Não tinha ninguém que eu não gostava que pudesse dizer que poderia pedir para grampear".

Ao final ele reafirmou: "Como que posso prevaricar se eu não tinha ferramenta para analisar se aquele telefone realmente é daquela pessoa. Além disso, eu não tinha tempo hábil para fazer isso".

Ele encerrou chorando e dizendo que está vendendo tudo; casa e carro para pagar despesas médicas e outros. "A única coisa que tenho é meu nome".

Atualizada 18h06min - O coronel Evandro Alexandre Lesco deve começar a depor em dez minutos...

Atualizada às 19h: Começa ser ouvido neste momento o coronel Evandro Lesco. Ele começa o depoimento afirmando que as acusações imputadas contra ele não são verdadeiras. 

"Não comandei qualquer operação. Não fiz parte do canal técnico desta operação. Eu apenas apresentei o cabo Gerson Correa ao coronel Zaqueu. Apenas isso que participei", declarou o militar afirmando que na época era diretor de inteligência no Gaeco.

Conforme ele, Zaqueu pediu para que Lesco apresentasse Gerson para que o mesmo atuasse posteriormente em investigações contra policiais militares em desvio de conduta.

O coronel disse desconhecer a atuação do Núcleo de Inteligência e que não participou de qualquer grupo de WhatsApp que falava sobre os grampos, muitos menos teve conhecimento soube onde Gerson atuou nas interceptações telefônicas.

Lesco declarou que desconhece que nota fiscal no valor de R$ 26 mil para aquisição de um sistema de interceptações. "Não custei nada. Eu fiquei sabendo deste nota pela mídia. Eu apenas fiz um empréstimo de R$ 24 mil para projeto de tecnologia da informação. O porque a nota saiu no meu nome não sei. Os dados meus foram colocados no cheque porque sou oficial e por este motivo alguém conseguiu e colocou na nota", argumentou o coronel.

Ele ainda revelou que fez outros empréstimos pessoais para Gerson, mas que desconhece a real finalidade do dinheiro.

Sobre o equipamento e a sala usada para guardar o equipamento, Evandro declarou que desconhece e que jamais soube onde era o local. "Eu fiquei sabendo que ele estava trabalhando em projeto de tecnologia da informação e não do Sentinela".
O coronel relatou também desconhecer as "barrigas de aluguel" - grampos ilegais -, feitos por Gerson ou qualquer outro militar.

O militar afirmou que Gerson não pagou a ele os empréstimos, débito no valor de R$ 26.400,00. "Ele ainda não me pagou".
Sobre as interceptações, o coronel declarou que jamais Gerson revelou qualquer escuta ilegal ou erro na realização de grampos seja no Gaeco ou no Núcleo de Inteligência.

"Essas questões dos grampos fiquei sabendo apenas quando foi divulgado pela imprensa. Antes eu não sabia", disse.

Ele negou ter trabalhado na campanha de Pedro Taques. No depoimento, Lesco contou: "não era minha atribuição cuidar de interceptações, e nunca houve ordem para atuar nisso".Ele afirmou que ficou surpreso com a prisão do cabo Gerson. "Eu desconhecia qualquer conduta que o desabonasse. Jamais fiquei sabendo que ele estava fazendo algo de ilícito", contou.

Ele contou que participou de vários operações destacando a prisão de Celio Alves. "Na época eu acabei levando um tiro no braço porque o Celio reagiu a prisão".

Conforme ele, os relatórios técnicos dos grampos passam por vários setores e não seria possível que Gerson ficasse responsável por fazer todo o trâmite dos processos de interceptações.O militar disse que se soubesse que o dinheiro emprestado a Gerson era ilícito não teria emprestado, ainda mais com cheque em seu nome. "Jamais teria contribuído de qualquer maneira com algo ilícito", afirmou.

Ao encerrar o depoimento ele declarou: "Nunca me sugeriram de participar de algo ilícito. E tudo que fiz neste caso foi por determinação pra ordem superior".
O próximo a prestar depoimento e o coronel Ronelson Barros.

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