O governador Mauro Mendes (DEM) externou em entrevista ao a sua satisfação por escolher Bus Rapid Transit (BRT) no lugar do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT). O modal escolhido por decisão técnica, segundo o gestor, deve por fim a um imbróglio que existe desde 2012, período em que as obras foram paralisadas e posteriormente judicializadas.
Mauro enfrentou diversos “entraves”, seja judicial, burocrático e político, para cumprir sua promessa de campanha de que apresentaria uma solução ao “filho da corrupção” - um dos nomes - que usou para definir o VLT.
O “fim do capítulo vergonhoso” ou “enterro de um dos maiores símbolos da corrupção” aconteceu para o governador, como dizem os amantes de novelas, no último capítulo, ou na linguagem dos amantes do futebol, aos 99 do segundo tempo, isso porque, caso Mauro decida pela disputa eleitoral nas eleições de 2022, a cobrança não passaria em branco no dia 2 de outubro do próximo ano, data que os mato-grossenses vão às urnas para escolher novos representantes.
“Eu dei a melhor solução preservando o interesse público preservando aquilo que tecnicamente é melhor para Cuiabá e Várzea Grande, nós vamos ter um modal mais flexível, um modal que tenha as mesmas qualidades técnicas funcionais, para o dia a dia, para o cidadão, vai custar menos na sua implantação e menos para o cidadão pagar”, defendeu o governador ao .
A viabilização da mudança passou por diversos obstáculos ainda em 2020, entre elas, constou a solicitação de autorização do Ministério e Desenvolvimento Regional e do Conselho Curador do FGTS para alteração do objeto e a propositura de Ação em face do Consórcio e empresas que integram para condená-las a indenização dos danos causados ao Estado e também pedido de liminar para obrigá-las a retirar os trens, mediante oferecimento de garantias pelas empresas.
Em maio de 2021, o Conselho Deliberativo Metropolitano da Região do Vale do Rio Cuiabá – (CODEM/VRC) aprovou, por 13 votos, a substituição do VLT pelo BRT. Entre os votos favoráveis estava o do prefeito de Várzea Grande, Kalil Baracat (MDB), relator do processo.
Outra solução buscada pelo governador foi procurar a Caixa Econômica Federal para conseguir a liberação do empréstimo do VLT para usar na modalidade BRT. Porém, com o pedido “engavetado” desde o início do ano pela Caixa, Mauro quitou integralmente a dívida no valor de R$ 572 milhões. “Nós já pagamos neste mês a Caixa Econômica e agora não há mais nenhuma dívida”, comemorou o gestor.
Acreditar na solução apresentada por Mendes ficou ainda mais evidente após as audiências públicas e com a abertura da licitação, no dia 13 de dezembro, para contratar a empresa, que irá implantar o BRT. Segundo o gestor, a abertura das propostas está marcada para o dia 27 de janeiro de 2022, na sede da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT).
“O BRT teve o edital de licitação publicado e em breve poderemos dar a ordem de serviço para as obras. Chegamos ao desfecho desse imbróglio, após tantos anos de espera da sociedade”, declarou Mendes.
Ainda em 2021, ano do desfecho burocrático, Mauro enfrentou críticas políticas da Câmara de Cuiabá, que reclamava o direito de opinar sobre a troca do modal. Em maio deste ano, os vereadores aprovaram um projeto que convocaria plebiscito para escolha entre VLT e BRT. A resposta veio somente em setembro, quando o Pleno do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE/MT) não conheceu pedido formulado pela Câmara Municipal e extinguiu o processo.
Leia também: Governo garante pagamento do auxílio-gás até 31 de dezembro; calendário será divulgado
Mauro também comentou as tentativas para judicializar a mudança na Justiça Federal e nos últimos dias por alguns Sindicatos. “Todo mundo que prometeu uma guerra jurídica levou uma saraivada jurídica. O Governo está muito consciente do seu papel, daquilo que está fazendo, e falar contra isso é desrespeitar até o próprio interesse público.”
Também não atrapalha a viabilização do BRT a ação que o Estado ingressou na Justiça para que a concessionária responsável pelo VLT indenize a população em mais de R$ 1,2 bilhão - por não ter finalizado a obra -. A ação que segue paralelamente ao processo de licitação não interrompe os andamentos do certame, em razão da rescisão de contrato - já transitada e julgada. “Estamos dando fim a esse capítulo vergonhoso e enterrando esse que é um dos maiores símbolos da corrupção no nosso Estado”, destacou o gestor.
BRT - A obra está orçada em R$ 480.500.531,82, valor que compreende a elaboração dos projetos básicos e executivos de engenharia, de desapropriação, obtenção de licenças, outorgas, aprovações e execução das obras de implantação do corredor do BRT. No valor estão inclusas as construções de 46 estações, de um terminal na região do Coxipó e outro no CPA, e a reconstrução do Terminal André Maggi, em Várzea Grande.
Relembre:
Com licitação para obras do BRT em andamento, Cuiabá apresenta acórdão do TCU e quer suspender atos
TRE nega plebiscito para decidir entre VLT e BRT: "Câmara de Cuiabá não é competente"
União diz que em nenhum momento Ministério manifestou preferência pelo BRT ou VLT em Cuiabá e VG
Mendes chama VLT de "filho da corrupção": "Nasceu de uma falsificação de um laudo" diz
Mauro irá quitar R$ 570 milhões do financiamento do VLT para ‘tocar” processo licitatório do BRT
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).